"A mulher das letras do Maranhão é força cultural inquebrantável, tecendo com palavras a identidade e a história de um Estado que se orgulha de ter nascido para a arte e para os grandes feitos". (JS).
Com essa expressão que ressalta o poder e a importância das autoras maranhenses, o livro de José Ribamar Seguins (IHGM), "Mulheres no Comando", elenca uma série de nomes maranhenses que se destacam na tradição literária de um território reconhecido, há muito, como “Atenas Brasileira”. Essa constatação marcante de que o Maranhão não apenas se revela “berço de heróis”, mas também “celeiro de talentos femininos” — prova de forma indelével que as mulheres maranhenses sempre despontaram como protagonistas da escrita, mesmo que a geração moderna não pesquise seus nomes, nem dê muita importância que elas merecem.
Claro que as primeiras vozes femininas incluem Maria Firmina dos Reis, cujo destaque passa pelos romances Úrsula e Gupeva, além do livro de poesias “Canto à Beira-mar”. Porém, outras autoras fundamentais precisam de maior destaque, efetivamente: Maria Azevedo Matos, Ana de Oliveira Santos, Mariana Luz , Laura Rosa , Bladina Santos, Maria Luiza Lobo, Áurea Matos, Leonete Oliveira, Luiza Nunes, Concita Ferraz e Flor de Liz Vieira Nina. Essas presenças, obrigatoriamente, deveriam pertercer à memória afetiva de todos que estudam a literatura maranhense.
Especialmente a professora normalista Laura Rosa, poetisa, contista, conferencista, inspetora e diretora maranhense, pioneira da intelectualidade do Maranhão. Em 1943, tornou-se a primeira mulher a ocupar uma cadeira (n° 26) na Academia Maranhense de Letras, alguns anos antes de Raquel de Queiroz, a primeira mulher a ser eleita para a Academia Brasileira de Letras.
Laura Rosa, em sua carreira literária escreveu excelentes contos, crônicas e poesias que foram reverenciados em diversos jornais do Brasil. Em relação a carreira docente, atuou de forma marcante, dedicada e competente em diferentes escolas, contribuindo para a educação de várias gerações. Reconhecida, à época, e tendo tido uma carreira relevante, a professora maranhense exerceu protagonismo na história do Maranhão, destacando os aspectos ligados à sua trajetória pessoal, social e profissional.
"O Maranhão foi o primeiro estado brasileiro a aceitar o concurso de mulheres para sua Academia de Letras, lá nos idos de 1945", ratifica José Ribamar Seguins em seu livro "Mulheres no Comando".
Isso porque, como já foi lembrado no parágrafo anterior, só décadas depois, em 1978, a ABL rompia o silêncio elegendo pela primeira vez uma mulher — Rachel de Queiroz — para seus quadros. Até onde se tem registro oficial, não há outra Academia estadual que tenha admitido mulheres antes mesmo da AML, nesse período, o que reforça ainda mais a precedência histórica e o pioneirismo dele no contexto maranhense.
Assim, fica clara a relevância dessa escritora que deveria ser cultuada todo 11 de Março – o Dia da Mulher Maranhense, com mais ênfase. Aliás, quem sempre está divulgando as obras imortais da professora Laura Rosa é o escritor e membro AML, José Neres, (uma das publicações está em: https://regiaotocantina.com.br/2022/07/20/laura-rosa-nossa-violeta-do-campo/ ), inclusive, perpetua a imagem de Laura Rosa através de várias palestras, documentários e textos, fato elogiável diante de certa mudez da juventude maranhense. O esforço hercúleo do professor José Neres e de algumas outros nomes literários locais têm, de certa forma, ressuscitado a importância de Laura Rosa para o contexto, o que deixa a memória dessa ilustre maranhense viva entre aqueles que se interessam pela história verdadeira da Literatura do Maranhão. Aliás, quarenta anos após a morte de Laura Rosa a Professora Doutora Diomar das Graças Motta já havia organizado parte da produção literária da escritora, na obra Poesias Reunidas de Laura Rosa, a qual integrou as Edições da Academia Maranhense de Letras AML.
Então, fica aqui o apelo: que seus feitos e suas obras continuem ecoando de forma mais significativa e servindo de inspiração para que as novas gerações, saibam que muito antes de outras mulheres obterem reconhecimentos nacionais, Laura Rosa, uma das primeiras mulheres das letras do Maranhão já havia conquistado o seu espaço — com firmeza, talento e a força da palavra.
EM TEMPO: nascida no dia 1º de outubro de 1884 em São Luís, na Rua da Crioulas, centro da cidade, Laura Rosa iniciou sua carreira no magistério público na Escola Mista do segundo distrito da Cidade de Caxias, em fevereiro de 1912. Seis anos depois foi removida para o 5º ano e tornou-se Diretora do Grupo Escolar João Lisboa. Transferida para São Luís, lecionou e exerceu o cargo de diretora no Grupo Escolar Nina Rodrigues, Grupo Escolar Antônio Lobo, Jardim de Infância Decroly e Curso de Aplicação da Escola Normal. Implantou e dirigiu a Seção Técnica da Diretoria Geral da Instrução Pública, tendo sido nomeada em 1940 Inspetora de ensino e aposentada como tal, em 1944.
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(Texto da Editoria de Arte e Cultura da Plataforma Nacional do Facetubes, com base na obra “Mulheres no Comando”, do imortal (IHGM) José Ribamar Seguins.)