Por: Plataforma Nacional do Facetubes. Editoria-Geral
Anote aí: se alguém digitasse no Google o nome de Érico Veríssimo (e não conhecesse a sua obra), iria se deparar com vários casos “fakes”, os quais jurariam ser obra dele. Sim, porque há dezenas de textos circulando por aí com sua assinatura, embora ele jamais tenha escrito uma linha sequer dessas reflexões motivacionais ou desabafos sobre o Big Brother Brasil, por exemplo.
Na verdade, a maioria dos textos que o país acredita serem de Érico Veríssimo foram escritos por outras pessoas. Ou por ninguém. Ou por um vírus de e-mail em forma de crônica. O curioso? Essa epidemia literária ganhou proporções tão gigantescas que virou, sem exagero, o nosso próprio "1º de abril literário coletivo".
A seguir, vale divulgar os 10 textos apócrifos mais famosos atribuídos ao autor de “O Tempo e o Vento”. Prepare-se para uma jornada entre o hilário, o insólito e o tragicômico.
Anote:
1. "Quase" – A crônica mais famosa que Érico nunca escreveu
"Ainda pior que a convicção do não é a incerteza do talvez é a desilusão de um quase."
Essa poesia disfarçada de autoajuda já rodou o mundo. Foi publicada em livros internacionais com o nome de Veríssimo, viralizou em PowerPoints, recebeu palmas de intelectuais desavisados — até que, em 2005, descobriu-se que a autora era Sarah Westphal, uma estudante catarinense de 21 anos.
Luis Fernando Verissimo, sempre espirituoso, agradeceu publicamente “pela glória emprestada”.
"Existe uma pessoa certa pra você: a pessoa errada."
Crônica que confunde filosofia com horóscopo de revista teen. O autor (desconhecido até hoje) sugere que relacionamentos bons são com pessoas que bagunçam a nossa vida. Claro, tudo isso no estilo “textão com moral de novela”. Verissimo? Nem em transe escreveria isso.
3. "A Vergonha" – O manifesto anti-BBB que viralizou mais que o próprio programa
Em 2010, um texto furioso sobre o Big Brother tomou as redes como se Veríssimo tivesse lançado um míssil ético contra a Globo. Só que… ele nunca assistiu ao programa. Disse, com ironia, ser “um dos quatro brasileiros que nunca viram o BBB”.
Mas o texto já tinha rendido brigas, unfollows e até protestos em frente à emissora.
4. "Dar Não é Fazer Amor" – Crônica que parece balada universitária
"Fazer amor é lindo, mas dar é bom pra cacete."
Se você achou que Érico Veríssimo usava “cacete” nas crônicas, precisamos conversar. O texto, na verdade, é de Tati Bernardi, especialista em humor ácido e confissões emocionais. Mas circula até hoje com o sobrenome Verissimo colado como um post-it.
5. "A Impontualidade do Amor" – Solidão, Doritos e esperanças frustradas
Crônica que mistura comédia romântica e Netflix: alguém esperando um telefonema que nunca chega, enquanto come junk food e conversa com a geladeira. O toque de genialidade? A tristeza elegante do amor que não vem.
Só que foi escrita por Martha Medeiros, e não por Veríssimo.
6. "Pressão" – O brasileiro hipertenso que virou filósofo do caos
"Tomar remédio é fácil, quero ver controlar o preção."
Com trocadilhos entre “pressão” e “preço”, essa crônica mistura política, farmácia e piadas de tio do pavê. A autoria real é dividida entre vários internautas anônimos — tipo mutirão de comediantes. Veríssimo, com certeza, passou longe dessa roda de remédios e memes.
8. "Mulheres Modernas, Mulheres Empresárias" – O manual do macho confuso
Um texto listando os “comportamentos das mulheres modernas” e como os homens devem lidar com elas — como se fosse tutorial de relacionamento estilo manual de micro-ondas.
A autoria real é atribuída a Arnaldo Jabor, mas já passou por Veríssimo, Drummond e até Jesus Cristo.
O mistério das assinaturas: por que Veríssimo?
Segundo o próprio Luis Fernando Verissimo, 90% dos textos que circulam com seu nome na internet não foram escritos por ele. Numa entrevista, comentou com bom humor:
“A Internet é uma terra de ninguém. Qualquer um escreve, bota meu nome e pronto. Não dá pra impedir.”
Moral da história?
Érico Veríssimo continua sendo um dos maiores nomes da literatura brasileira — mas agora, involuntariamente, também virou o patrono da fake literature. Do céu, talvez esteja assistindo tudo isso com um misto de orgulho, confusão e risadas discretas. Afinal, como ele mesmo escreveu (esse sim, de verdade):
“A mentira é uma verdade que se esqueceu de acontecer.”
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Fontes e Referências: