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Renata Barcellos destaca hoje um tema polêmico e discutidíssimo na sociedade contemporânea

“(...) 12 sinais de que nós estamos transformando nossos filhos em escravos (...)”.

Mhario Lincoln
Por: Mhario Lincoln Fonte: Renata Barcellos
04/04/2025 às 10h27 Atualizada em 05/04/2025 às 23h34
Renata Barcellos destaca hoje um tema polêmico e discutidíssimo na sociedade contemporânea
Arte: mhl/ginAI

Adolescência? Até quando?
                                                                                 Renata Barcellos (BarcellArtes)


A cada dia, ouvimos ou dizemos: que mundo é este? Aonde isso tudo vai nos levar? E, muitas vezes, a causa desses questionamentos são os adolescentes ou como dizem “aborrescentes”. Por quê? Por se tratar de um período de rebeldia, de atritos com os responsáveis, de turbilhão de hormônios em erupção? O mundo está em constante transformação. Estamos na Geração Beta iniciada este ano de 2025. Ela sucedeu à Alfa (dos nascidos entre 2010 e 2024). Sobre essa questão, no Jornal da USP, Hugo Tourinho Filho (diretor da Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto (EEFERP) da USP) apresenta uma reflexão para conscientização do professor em como lidar com adolescentes e a urgência de novas práticas pedagógicas (disponível em https://jornal.usp.br/?p=872637)


A partir disso, hoje, a grande questão é: o que estão fazendo com as crianças e adolescente?  O que nos leva a esta breve reflexão foi a adolescência ser estendida por mais cinco anos. Em vez de terminar aos 19 (idade considerada na maioria dos países) alguns cientistas defendem ser dos 10 até os 24 anos. E a repercussão e os temas abordados pela série da Netflix britânica Adolescência (no original em inglês: Adolescence). Trata-se de um drama criminal (história de um garoto de 13 anos preso sob suspeita de assassinato) cuja estreia na Netflix foi  em 13 de março de 2025 2025, criada por Jack Thorne e Stephen Graham e dirigida por Philip Barantini. Tem recebido aclamação da crítica por sua direção, roteiro, atmosfera e atuações. E já foi assistida por mais de 66,3 milhões de pessoas, de acordo com a plataforma.  

 

A partir de observações em sala de aula, de entrevistas a psicólogos e de leituras, ficam as seguintes indagações: não estão infantilizando-os? Só depois dos 24 anos será (de fato) serão responsáveis por seus atos? Quando amadurecerão e viverão suas vidas com liberdade e independente? Não pensam em terem seu espaço, sua privacidade? Será qual a razão de estarem optando por adiarem a saída de casa, estudar por um período de tempo mais longo... ? O que esta redefinição da duração da adolescência implicará? Que fenômenos estão surgindo? Urge rever a educação (valores, caráter, ética, uso do celular...) e os efeitos nefastos sobre os filhos. A sociedade adoece. Males psicológicos (ansiedade, estresse, abusos...) e cobranças (dado ao alto custo de vida, desemprego e solidão) são muitos no mundo contemporâneo dado às práticas sociais inadmissíveis. Como está sua conexão com os seus filhos? Segundo Elaine Apostolopoulos (escritora, biomédica de formação, palestrante e mãe de dois adolescentes), é preciso “olho no olho, conhecer seu filho e estabelecer conexão com os filhos quando são crianças” (entrevista concedida ao Programa Pauta Nossa – disponível em https://www.youtube.com/watch?v=i98AedELujY 


Hoje, uma das consequências tem sido no universo profissional. Diversas são as reclamações sobre os jovens desde o que tange à vida acadêmica até a profissional. O recrutador tem se surpreendido com atitudes de muitos jovens como: não querem cumprir horário, não sabem ser contrariados, não sabem lidar com o fracasso e não são proativos, dentre muitas outras.


Chegamos a um absurdo tão grande que há casos de responsável agredindo professor porque passou são atividade para casa, meninas indo para escola com vestimenta inadequada. E mais grave ainda, estamos vivendo alguns fenômenos como Incel. O termo vem de “celibatário involuntário” (do inglês “involuntary celibates”), por descrever, a princípio, meninos que se sentem incapazes de ter um relacionamento amoroso, mesmo querendo se envolver com alguém. E, ao longo do tempo, vem desencadeando mais ódio às mulheres. Como os meninos estão sendo educados? E o  therianismo. Este trata-se de pessoas que se identificam com animais. Os therians são pessoas que sentem uma conexão com um animal específico, que pode ser espiritual, psicológica ou neurobiológica. 


O que é therianismo? 
O termo therian deriva de "therianthropy"
Para os therians, a conexão com o animal é parte central de sua identidade
Essa comunidade está crescendo no Brasil e nas redes sociais
Os therians compartilham vídeos incorporando o comportamento de animais.


De acordo com o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, estamos vivendo uma época na qual as relações sociais são frágeis, fugazes e maleáveis. Como os líquidos, nada é feita para durar; estamos nos tornando escravos voluntários e criando filhos também nesta condição. Em uma matéria ao Portal Raízes (publicada 31/03/2025), o estudioso aponta 12 sinais de que nós estamos transformando nossos filhos em escravos ao invés de pessoas livres. Vejamos quais são:


1. Falta de tempo livre.
2. Pressão acadêmica excessiva.
3. Ausência de brincadeiras criativas.
4. Ênfase excessiva em recompensas externas.
5. Restrição da liberdade de expressão.
6. Falta de autonomia.
7. Dependência excessiva da tecnologia.
8. Ausência de pensamento crítico.
9. Expectativas irrealistas de perfeição.
10. Falta de responsabilidade pessoal.
11. Falta de empatia e compaixão.
12. Supervalorização do consumismo.


Após a leitura desses doze sinais, analise sua realidade. O que tem sido feito na formação do adolescente? Quem está em sala de aula e nos consultórios estão alarmados por presenciarem o adoecimento da humanidade. Vale a pena assistir à entrevista do psiquiatra e psicanalista Mário Eduardo Costa Pereira, professor da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), da Unicamp no qual relata “contradições do mundo contemporâneo” (disponível em https://www.youtube.com/watch?v=kT_xj0dySNo).


Outra consequência desses sinais é a necessidade de “performar” 24 horas. Conforme Isaías Pessoti, o mundo moderno “se configura como ansiógeno, pois estamos angustiados a toda hora”. Isso acarreta a ansiedade, depressão… Nessa perspectiva, Kierkegaard (1813-1855), filósofo existencialista dinamarquês, ratifica que quanto mais possibilidades temos, maiores serão as nossas angústias potenciais. Essa “fragilidade” é o ponto explorado pelo marketing no qual alerta Luís Felipe Pondé (filósofo brasileiro): a vida de sucesso e performance leva a cobrança de ter de “bater meta em várias áreas, tem que performar o tempo inteiro e o marketing diz que é possível, uma espécie de otimismo como virtude cívica”.
Outro efeito das relações contemporâneas é a algofobia (medo generalizado da dor), Para Byung-Chul Han (filósofo, ensaísta sul-coreano e professor da Universidade de Berlim), há uma crescente solidão, isolamento e ilusão diante do celular e uma deslegitimação como humanos, uma vez que “uma vida sem dor não é humana” , conforme salienta Chul Han.


Afinal, quem  o ser humano? Já, em 1967, o cineasta e ativista francês Guy Debord vislumbrou como a configuração de um novo modo de vida nos países ocidentais: a da “sociedade do espetáculo”.  As aparências passaram a constituir tudo com algum “valor”. Para isso, cada um deve lutar por se sobressair em um mercado das aparências cada vez mais competitivo. E o mau uso (orientação) das redes sociais levam muitos adolescentes a isso: “Quem sou eu nos olhos dos outros? E o que preciso fazer para ser querido?” segundo o psiquiatra e psicanalista Mário Eduardo Costa Pereira.  


Dessa forma, urge assistirmos e debatermos as questões suscitadas pela série da Netflix ADOLESCÊNCIA independente de sermos pais, educadores ou médicos. Todos devem compreender o que está ocorrendo no mundo, a fim de aprender a bem conectar-se com estas novas gerações. Diálogo é primordial. Por um mundo consciente e de SERES HUMANOS. Para finalizar, fica a dica: leia a matéria disponível sobre a série também aqui no portal com o seguinte questionamento: “ADOLESCÊNCIA: faz mal ou faz bem aos jovens e famílias que a assistem?

 

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JaimeHá 2 semanas BSB/DFIncomensurável valor de publicação. Todo pai e mãe, deveria ler, o artigo acima. PARABÉNS ao senhor presidente a sua valiosíssima fonte.
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