No começo deste mês de abril de 2025 faleceu um dos maiores nomes da música brasileira e deixou a Paraíba, seu estado e o Brasil, tristes. Faleceu aos 95 anos, em João Pessoa, na Paraíba o grande compositor Antônio Barros, da dupla Antônio Barros e Cecéu! Ambos, ícones da música brasileira.
A nossa música está de luto. O cantor e compositor paraibano Antônio Barros nos deixou neste domingo, 06 de abril de 2025, aos 95 anos. Com Cecéu, parceira de vida e de música, compôs vários sucessos que ganharam o mundo nas vozes de Elba Ramalho, Fagner, Luiz Gonzaga, Gilberto Gil, Ney Matogrosso, entre outros artistas. Foram mais de 700 músicas.
De acordo com dados do Ecad, as músicas mais regravadas do compositor Antônio Barros são:
1 - Procurando tu
2 - É proibido cochilar
3 - Oia eu aqui de novo
4 - Sou o estopim
5 - Homem com h (estrondoso sucesso na voz de Ney Matogrosso)
6 - Brincadeira na fogueira
7 - Naquele são João
8 - Vamos lá pra ver
9 - É madrugada e Mulher comprometida
10 - Já faz tempo não lhe vejo
Uma das músicas mais conhecidas, depois de "Homem com H", gravada por Ney Matogrosso, "Bincadeira na Fogueira":
Destaque para o Trio Nordestino que mais gravou músicas de Antônio Barros e Cecéu. Os dois não lembram exatamente quantas, mas passam das 103 músicas.
O poeta e amigo do casal Pedro Sampaio também tem história com Antonio Barros e Cecéu. No aniversário dele de 93 anos, fez uma surpresa na condição de fã ao escrever o Cordel de Aniversário. Foi um sucesso. Todos se emocionaram com as 93 estrofes que compõe essa obra, dignificando assim, mais uma vez a criatividade do poeta Pedro Sampaio, membro-efetivo da Academia Poética Brasileira, em cuja Cadeira, é nomeada Luiz Gonzaga do Nascimento.
Agora, com esse desenlace triste, o Pedro Sampaio enviou a seguinte mensagem para Cecéu: “Meu abraço de solidariedade e pesar a Estrela da música brasileira querida Cecéu e sua Filha Maíra que se dedicaram de 26 de janeiro desde o internamento do Esposo e Pai, Cantor e Compositor Antonio Barros, as duas, sempre de mãos dadas, 24 horas por dia com amor e dedicação plena nos cuidados com ele".
Depois que escrevi o Cordel A NORDESTINIDADE E MUSICALIDADE DE ANTONIO BARROS & CECÉU em 93 estrofes alusivo ao aniversário de 93 anos dele, estreitamos um laço muito afetivo de amizade e com isso nos falávamos sempre.
Diante desse fato, só tenho a orar pedindo que meu amigo querido descanse em paz. Ele será sempre um grande ídolo e será impossível deixar de falar: “Eu perdi quem eu não queria perder / Mas perdi para o Céu poder ganhar”. (Vídeo em anexo)
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Quanto a obra citada, Pedro Sampaio convidou o poeta e jornalista Mhario Lincoln para escrever o prefácio de A NORDESTINIDADE E MUSICALIDADE DE ANTONIO BARROS & CECÉU. Abaixo, transcrevemos esse trabalho.
Antes, vale reproduzir uma frase dita por Cecéu, sua companheira por muitos anos: "(...) acho que quase todo mundo da música nordestina, regional, e da MPB, bebeu dessa fonte. Foi uma coisa vitoriosa, porque tiramos esse rótulo. Não existe música nordestina, existe música. Música é universal". Disse Cecéu quando Antônio Barros fez 90 anos.
Abaixo, o prefácio de Mhario Lincoln:
O QUE DÁ DOIS PARAIBANOS E UM CEARENSE? Emoção, Orgulho e muita música!
*Mhario Lincoln
A musicalidade nordestina é coisa de outro mundo. E quem sabe disso muito bem são os compositores Antônio Barros & Cecéu. Eles conseguem traduzir a emoção, a garra, a coragem, o amor despretensioso, até mesmo a simpatia do nordestino em suas letras de músicas simples, mas que preenchem todas as lacunas de como fazer uma grande composição que abala o coração de todos os brasileiros, de norte a sul do Brasil.
Por isso, outro nordestino arretado chamado Pedro Sampaio decidiu prestar uma homenagem a esses dois heróis das composições nordestinas com um Cordel de mais de 90 septilhas, numa forma originalíssima de fazer poesia, fincando, assim, no coração de todos, esse trovão cordeliano, como se Pedro construísse um momento gigante, do tamanho do Cristo Redentor do Rio, com as figuras de Antônio Barros & Cecéu, e o colocasse bem na entrada da divisa entre outras regiões brasileiras e o Nordeste.
Juntando tudo, dois paraibanos e um cearense, não poderia dar outra, se não, um imenso buquê de rosas e uma água de cheiro para banhar essa parte do Brasil que alimenta suas saudades, seus amores, suas vitórias e suas diversões ao redor de uma grande fogueira de São João ou com o baião, xote ou viola.
Assim, Antônio Barros & Cecéu com suas músicas iluminadas, foram responsáveis pela união de muitos, pela saudade de muitos, pela felicidade de muitos que ouviram suas composições musicais, hoje, transformadas em hino do Cordel, pelas mãos brilhantes do costureiro das tradições nordestinas, poeta Pedro Sampaio, que tem uma forte relação com a cultura nordestina defendendo a música e as tradições culturais da região.
Além disso, Pedro Sampaio sempre valoriza a arte. Ele é um soldado poeta e como tal, sempre procurou preservar, através da Literatura autêntica de Cordel, a memória da cultura da região, como, neste caso, as produções imortais de Antônio Barros & Cecéu, através de quase 100 septilhas, forma originalíssima de entregar-se à poesia-raiz.
Essa bela homenagem reconhece, em definitivo, na área do Cordel, a importância de Antônio Barros & Cecéu na música nordestina e no cenário nacional. E eu, assino embaixo.
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*Mhario Lincoln dos Santos Jornalista, Poeta e Escritor. Presidente da Academia Poética Brasileira. (A.P.B). editor-sênior da Plataforma Nacional do Facetubes. Personagem Central do Cordel "ÊTA NORDESTINO COSTURADO NA RAIZ" e Embaixador da Paz.