Editoria-Geral do Facetubes.
A gratidão é muitas vezes comparada à base de relacionamentos saudáveis, pois estimula laços duradouros e libera substâncias ligadas ao bem-estar emocional, como a dopamina.
Esse sentimento é reforçada por pesquisas da Universidade de Harvard, que relacionam o ato de agradecer a maiores índices de felicidade e maior conexão entre as pessoas.
Apesar disso, há quem não valorize o que recebe e demonstre ingratidão em frases que, segundo especialistas, geralmente se manifestam por um senso exagerado de cobrança e baixa autoestima.
É comum, por exemplo, quando alguém diz “Por que só existo quando você precisa de mim?”, evidenciando que não percebe as ajudas e afetos recebidos antes. Há também quem utilize a expressão “Você me deve uma”, demonstrando uma mentalidade de troca que minaria qualquer relação genuína.
Algumas pessoas reforçam esse padrão ao declarar “Eu estive ao seu lado quando você não tinha ninguém”, como se o cuidado fosse apenas um investimento para cobrar favores depois. Outras tentam atrair atenção para si ao soltar “Você nunca me agradece quando faço algo por você”, mostrando que a ação foi movida mais pelo desejo de validação do que por afeto sincero.
Também aparecem reclamações como “Sempre me sinto infeliz e não sei o porquê”, sinalizando a incapacidade de reconhecer as próprias conquistas e o que há de positivo ao redor. E, por fim, a postura de isenção total de responsabilidade se revela em falas como “Por que você sempre me faz sentir assim?”, quando a pessoa transfere seus problemas para o outro em vez de investigar o que realmente está acontecendo no próprio interior.
Esse comportamento encontra paralelo na reflexão do filósofo romano Sêneca, que dizia que devemos receber os benefícios com alegria e preservá-los na mente, pois a gratidão é não só sinal de nobreza, mas também de autoconhecimento.
Quando as relações se fundamentam em trocas forçadas e culpa, perdem a espontaneidade e cultivam ressentimento. A ausência de empatia enfraquece os vínculos e dificulta a construção de um estado genuíno de felicidade, que, segundo o psicólogo Martin Seligman, brota também de atos gratuitos de bondade e reconhecimento.
Em síntese, a ingratidão é um caminho solitário, pois impede que as pessoas percebam o valor tanto de quem as cerca quanto de si mesmas, um ciclo que só se rompe ao exercitar o olhar de apreço pelo outro e pela própria vida.
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Referências: Harvard Health Publishing (2021). Giving Thanks Can Make You Happier. Harvard Medical School.
Seligman, M. E. P. (2011). Flourish: A Visionary New Understanding of Happiness and Well-Being. Free Press.
Sêneca (c. 62 d.C.). Sobre os Benefícios (De Beneficiis).