(*) Mhario Lincoln
A literatura de cordel, tradicional do Nordeste brasileiro, ganha novo fôlego com a internet e a atuação de autoras contemporâneas, que incorporam temáticas atuais. (Mhl).
A literatura de cordel, tradicionalmente associada às feiras nordestinas e aos folhetos pendurados em barbantes, vive um renascimento vibrante no Brasil contemporâneo. Impulsionado pela internet e pela atuação de autoras, o cordel tem se reinventado, abordando temas atuais e alcançando novos públicos.
Historicamente, o cordel foi uma forma popular de transmitir notícias e histórias, especialmente em áreas remotas do Nordeste. Com o tempo, o gênero enfrentou um declínio, mas a chegada da internet proporcionou uma nova plataforma para sua difusão. Poetas como Goteh Pereira (esteve na Bienal do Cordel, em Fortaleza), Esmeralda Costa e Raimunda Frazão, dentre grandes poetas do gênero, utilizaram as redes sociais para compartilhar seus versos, alcançando milhões de visualizações e revitalizando o interesse pelo cordel.
Além disso, outras autoras contemporâneas têm desempenhado um papel crucial nessa revitalização. Jarid Arraes, por exemplo, publicou mais de 70 títulos em estilo cordel, incluindo "Heroínas Negras Brasileiras em 15 Cordéis", que destaca figuras femininas negras da história do Brasil. Auritha Tabajara, reconhecida como a primeira cordelista indígena do país, utiliza o gênero para narrar as histórias e tradições de seu povo. Izabel Nascimento, por sua vez, fundou o movimento "#cordelsemmachismo", promovendo a igualdade de gênero dentro do universo cordelista.
Essas iniciativas não apenas desafiam as normas tradicionais do cordel, mas também ampliam seu alcance e relevância. Ao incorporar temas contemporâneos e utilizar plataformas digitais, como a Plataforma Nacional do Facetubes (98. Lugar entre as 100 brasileiras de grande destaque (www.facetubes.com.br), o cordel se estabelece como uma forma de expressão cultural viva e dinâmica, refletindo as complexidades da sociedade brasileira atual.
O renascimento da literatura de cordel no Brasil é, portanto, um testemunho da resiliência e adaptabilidade da cultura popular, que continua a evoluir e a inspirar novas gerações de leitores e escritores.
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