Mhario Lincoln é presidente da Academia Poética Brasileira
A Academia Poética Brasileira, através do Facetubes, se sente honrada com a presença de um de seus decanos poéticos, o sonetista maranhense Kleber Lago, 82, um dos maiores do país, segundo críticas nacionais.
Tenho a imensa honra, assim, de resenhar um de seus belos sonetos que fala exatamente de "poesia". Esse soneto é uma reflexão profunda e introspectiva sobre a natureza da poesia, escrito em um estilo clássico, explorando, acima de tudo, a dificuldade de definir a poesia e a emoção que ela evoca.
O poema começa com uma declaração de que o autor sente e vê a poesia em quase tudo, mas acha difícil defini-la. Isso sugere que a poesia é uma experiência subjetiva e pessoal que transcende a definição objetiva. A comparação de definir a poesia com a contagem de estrelas no céu sugere que a poesia é tão vasta e insondável quanto o universo. O importante é que Kleber acaba por expressar gratidão pela insight emotivo que a lírica lhe traz. O soneto clássico sugere a poesia como uma expressão do belo e uma extensão da divindade, tornando o autor um “palavrador”.
Nosso confrade APB/MA, Kleber Lago, lembra os trabalhos de poetas como Fernando Pessoa e Carlos Drummond de Andrade, que também exploraram a natureza da poesia e do processo criativo em seus trabalhos. Por exemplo, em “Autopsicografia”, Pessoa escreve sobre a dor que é transformada em beleza na poesia, enquanto em “Procura da Poesia”, Drummond reflete sobre o processo de encontrar e escrever poesia.
Destarte, fiquei muito feliz em receber três obras desse grande sonetista, irmão de outra poeta sensacional, a Elisa Lago, integrante da Academia Poética Brasileira, seccional MA. Abaixo, os sonetos.
A POESIA
Em quase tudo, a sinto e posso vê-la,
mas não consigo definir poesia;
e afirmo que mais fácil me seria
contar, no céu, estrela por estrela.
Bastar-me-ia apenas percebê-la
para satisfazer minha estesia
e me tornar agradecido pela
grande emoção com que ela me premia.
Vejo a poesia como uma expressão
do belo, em seus matizes mais diversos
e do que Deus me fez “palavrador”.
Não sei de fato é defini-la. Então,
tento exprimi-la como a vejo, em versos
que, em prol de amor e paz, vivo a compor.
Kleber Lago (Sonetos das Sextas)
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INDECIFRÁVEL
Quem nos criou nem sempre nos revela
mistérios que deixou em nossa mente,
lá bem fundo, trancados numa cela,
a que tem pouco acesso o consciente.
Neste mundo em que a vida nos constela,
fico a me deparar com tanta gente
afirmando que sabe tudo dela
de uma maneira quase convincente.
Eu, que também de sábio às vezes poso,
se acaso ponho o olhar dentro de mim,
mesmo que vire a alma pelo avesso,
não decifro meu EU misterioso;
mas vale a pena, pois descubro assim
o quanto de mim próprio desconheço!
Kleber Lago ( Sonetos de ontem e de
hoje para sempre)
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MULHER, EM TODOS OS SENTIDOS
(A Cláudia)
Quero-te linda, meiga, delicada,
feminina, cumprindo por prazer
missões de esposa e mãe, mas sem que nada
somente nisso venha te envolver.
Pois te quero, também, valente, ousada
em teus destinos, sem retroceder,
buscando espaços e ocupando cada
um que te caiba, como humano ser.
Quero-te superando preconceitos,
conquistando na vida os teus direitos,
sem que deixes teus sonhos reprimidos.
Quero-te forte, livre, verdadeira,
pelo orgulho de ter como parceira
uma MULHER, em todos os sentidos!
Kleber Lago ( Sonetos de ontem e de hoje para sempre).