Quinta, 17 de Julho de 2025
7°C 23°C
Curitiba, PR
Publicidade

Texto escolhido de hoje: "Eliane Potiguara: a voz da mulher indígena do Brasil". UFRJ

Nossa equipe vasculha os sites de literatura acadêmica e escolhe um texto de significância para publicação. Um lembrete: o Facetubes não tem fins lucrativos.

Mhario Lincoln
Por: Mhario Lincoln Fonte: Original dePor Marcia Ehmann/Carol Correia – Fonte: www.ufrj.br
22/04/2023 às 19h43 Atualizada em 22/04/2023 às 19h56
Texto escolhido de hoje:
Eliane é considerada a primeira escritora indígena a publicar um livro no Brasil. Foto: Ana Marina Coutinho (Coordcom/UFRJ)

Por Marcia Ehmann/Carol Correia – Fonte: www.ufrj.br

 

Doutora honoris causa desde o fim de 2021, a educadora é considerada a primeira escritora indígena a publicar um livro no país

A segunda personagem da série Nossas Honoris, em homenagem ao Dia Internacional das Mulheres, é Eliane Potiguara: professora, poeta, empreendedora social, contadora de histórias, mãe, avó. Defensora dos direitos humanos, a escritora é embaixadora da paz pela Organização das Nações Unidas (ONU). Além de fundadora do Grupo Mulher-Educação Indígena (Grumin) e membro do Enlace Continental de Mujeres Indígenas de las Americas (Ecmia), a intelectual é graduada em Letras e licenciada em Educação pela UFRJ.

 

Eliane foi a primeira mulher indígena a publicar um livro no Brasil, o clássico A terra é a mãe do índio, em 1975. Posteriormente publicou mais 5 obras, entre poesias, ficção e um manual de alfabetização para o povo indígena, além de participar de uma série de ontologias poéticas. Seu poema “Identidade indígena” é um marco da literatura brasileira.

 

Nós, povos indígenas,

Queremos brilhar no cenário da História 

Resgatar nossa memória 

E ver os frutos de nosso país, sendo divididos 

Radicalmente 

Entre milhares de aldeados e “desplazados” 

Como nós

 

Em 1990, Eliane Potiguara foi a primeira mulher indígena a obter uma petição no 47º Congresso dos Índios Norte-Americanos, no Novo México, para ser apresentada à ONU. Por isso, participou por muitos anos da elaboração da Declaração Universal dos Direitos Indígenas, em Genebra.

 

No fim de 1992, a obra A terra é a mãe do índio foi premiada pelo Pen Club da Inglaterra, no mesmo momento em que Eliane e o jornalista Caco Barcellos eram citados na lista dos marcados para morrer, anunciados no Jornal Nacional, da TV Globo, por terem denunciado esquemas duvidosos e violação dos direitos humanos e indígenas.

 

Em 1995, na China, no Tribunal das Histórias Não Contadas e Direitos Humanos das Mulheres/Conferência da ONU, Eliane Potiguara narrou a história de sua família, que emigrou das terras paraibanas nos anos 1920 por ação violenta dos colonizadores, e as consequências físicas e morais dessa violência à dignidade histórica de seu bisavô, Chico Solón de Souza, avós e descendentes. Contou, ainda, o terror físico, moral e psicológico pelo qual passou ao buscar a verdade, além de sofrer abuso sexual, violência psicológica e humilhação por ser levada pela Polícia Federal, por estar defendendo os povos indígenas, seus parentes, do racismo e da exploração.

 

A condecoração da UFRJ é motivada pelo fato de a escritora evocar memórias e experiências como indígena, trazendo sua ancestralidade, sua cultura e seus protestos para a literatura brasileira. Ela é considerada combatente pelos direitos humanos, representante das reivindicações dos povos indígenas em instâncias nacionais e internacionais − lutadora por direitos das mulheres na prática fundadora de um feminismo indígena.

 

“Pensar a poesia em Eliane Potiguara é reconhecer a construção da diferença, pois se trata de uma poesia em que a identidade literária se constrói à luz das tradições, como quer a voz da enunciação indígena”, afirma Graça Graúna, crítica literária, também potiguara.

 

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Raimunda Pinheiro de Souza FrazãoHá 2 anos São José de Ribamar Parabéns Eliane Potiguara @ Continui defendendo aos causas dos Índios!
Esmeralda CostaHá 2 anos Campos Sales-CE Uma história de luta e superação na busca da paz para is povos indígenas.
JAIME Há 2 anos BSB/DFMagnífico texto!!!
Mostrar mais comentários
Lenium - Criar site de notícias