Nauza Luza Martins é membro da ACADEMIA POÉTICA BRASILEIRA
Brasília, 29/11/2024
Em meados de 2023 comentei com Mhario Lincoln que eu gostaria que ele fizesse uma entrevista com Dinorá Couto Cançado uma mulher que muito admiro aqui em Brasília/DF. Ele me incumbiu da tarefa já que resido aqui e fazemos parte de algumas Entidades culturais e Academias Literárias do DF, nacionais e até internacionais. Honrada com esta oportunidade cá estou para apresentá-la a vocês nobres leitores da Plataforma Internacional Facetubes. Dinorá é a personificação do empoderamento feminino. Sua incansável dedicação à cultura, educação e inclusão tem transformado vidas e inspirado gerações.
Como disse Malala Yousafzai, “um livro e uma caneta são as armas mais poderosas”, e Dinorá Couto Cansado que é Professora de formação, mesmo aposentada continua usando essas ferramentas para abrir portas e construir um futuro mais justo e igualitário para todos em seu entorno tanto na Academia Inclusiva de Autores Brasiliense – AIAB quanto na BiblioBraille, ambas fundadas e presididas por ela.
Dinorá é uma verdadeira pioneira na luta pela acessibilidade cultural no DF. Seu trabalho na inclusão de pessoas com deficiência visual no cenário literário está transformando a forma como percebemos e vivenciamos a arte. Sua contribuição na área da inclusão cultural é um exemplo a ser seguido. Ao facilitar o acesso de pessoas com deficiência visual à literatura, ela está enriquecendo não apenas a vida dessas pessoas, mas também a de toda a sociedade.
Sua capacidade de conectar pessoas e promover a cooperação entre diferentes setores da sociedade para a inclusão de pessoas com deficiência visual no cenário literário é uma fonte de inspiração para todos nós. Sua dedicação em tornar a literatura acessível a todos demonstra um profundo compromisso com a igualdade e a inclusão.
A seguir Dinorá responde algumas perguntas que lhe fiz com o objetivo de lhe dar voz para se mostrar a nós como com suas próprias palavras:
1- Como você definiria DINORÁ COUTO CANÇADO, enquanto pessoa humana?
DCC- Sou uma pessoa que abraça o tripé cultura, educação e inclusão em meu voluntariado numa Biblioteca Braille, que tive o privilégio de fundar, junto de pessoas com deficiência visual. Dinâmica, provocadora, insistente, acredito na leitura como poderosa ferramenta de transformação social e de resgate de vidas. Promotora de mudanças pela leitura, escrita e criação de projetos nesta linha. Tenho 71 anos e ainda acolho uma criança brincalhona dentro de mim que se diverte com as letras, brinca com as palavras, tira para dançar os projetos próprios e os de quem tiver. Dizem que sou “um ser daqueles que deixam boas marcas, que fazem história, que ajudam a vida ser mais leve, alegre e melhor”.
2 –Pode nos falar sobre a Biblioteca Braille Dorina Nowill, a AIAB, o PIEI e o Fórum Brasília – Capital das Leituras que realizou em 2024 sua 18ª edição?
DCC- 2a. Sobre a Biblioteca Braille Dorina Nowill
Uma Biblioteca Pública Braille, exemplo mundial de inclusão social. Um movimento cultural, inclusivo e educacional, desde 1995, a 1ª e única Biblioteca Pública Braille do DF. Unir gente-leitora com os livros foi sua motivação. O cotidiano de quem não tem a visão e encontra, nos livros, motivo e razão para se sentir parte da vida.
2b. Sobre a AIAB – Academia Inclusiva de Autores Brasilienses
Um coletivo de pessoas que visa a inclusão e estímulo às pessoas com deficiência visual na literatura mundial. Credenciada como Ponto de Cultura pelo MinC. Única, diferenciada e inovadora, tem a diretoria básica e a futurista, cujo requisito para posse é ter espírito inclusivo. Compõe-se de membros pioneiros, titulares, beneméritos, honorários e correspondentes, empossados em eventos inclusivos, sendo que os titulares participam em duplas: um escritor vidente e uma pessoa com deficiência visual. Tenho a honra de contar com tua contribuição como membro titular ocupando a cadeira 42.
3b. Sobre o Fórum Brasília, Capital da Leituras
Um projeto em sua 18ª edição e com cem projetos mapeados, com visibilidade a inciativas culturais bem-sucedidas no DF, com o foco em leituras. Tornou-se um projeto de pesquisa contínua, com produtos publicados. Em Fórum anual os autores apresentam-se com jurados na plateia para analisar cada projeto: a apresentação, a criatividade e os resultados obtidos. Uma página vai para dossiê físico e um vídeo para o blog aiabbrasilia.blogspot.com
4b. Sobre o PIEI - Prêmio Internacional de Espírito Inclusivo
Um projeto que visa o reconhecimento de pessoas inclusivas que convivem em duplas, durante alguns meses. Dirigido aos acadêmicos, onde autores videntes atuam como facilitadores de pessoas com deficiência visual. Cada dupla cria a sua produção e os jurados definem os primeiros lugares e menções honrosas. Todas as duplas são certificadas em evento de celebração. Vale ressaltar que você e seu par foram os vencedores do PIEI 2022.
3 - Que caminhos percorreu até chegar na pessoa reconhecida internacionalmente que é hoje?
DCC- Além do voluntariado, uma caminhada intensa. Atuei como pedagoga no Jornal Correio Braziliense, quando fiz minha 1ª viagem internacional, a Cuba, levando meus projetos. Atuei, também, como instrutora de Educação Fiscal. Viajo, sempre, com motivações culturais, deixando marcas em Portugal, França, Alemanha, Áustria, Itália, República Tcheca, México, Estados Unidos, Colômbia e tantos outros. E, por 3 vezes, fiz parte de delegação brasileira pelo Ministério Cultura, à FIL – Feira do Livro de Guadalajara; ao MIC BR em Belém do Pará e ao MIC SUL, em Santiago do Chile. Algumas entrevistas, como no Brazilian Times, me deram visibilidade, mas foi a partir do Prêmio ODM 2005, que meu sonho de conhecer a ONU foi concretizado anos depois.
Com meus livros publicados e mania de batizá-los em minhas viagens culturais, meus produtos eram deixados além-fronteiras. Como a Academia Inclusiva tem membros fora do país, as ações além-fronteiras espalham-se. Meu poema “O dia do grito” em 1º lugar em concurso da Rede sem Fronteiras, que está em 28 países, onde, como membro oficial, indiretamente estou.
4 - Você já publicou alguma obra? Títulos?
DCC- Autora de 7 livros infantis intitulados: Paçoca de avô; Travessuras; A pipa que tomou banho; Lango e Tixa: papo que espicha; E eu sou isto, vovó? Uai, pai, que bicho é esse? Vovó Gaiá e seus filhinhos. Organizei 3 coletâneas: Brasília, capital das leituras: 60 projetos mapeados; Revelando Autores em Braille; Revolucionando Bibliotecas. E poemas, contos, crônicas em mais de 50 antologias nacionais/internacionais.
5 - Quais os principais títulos, prêmios e comendas que recebeu?
DCC- Recorde Mundial Oficial, Ranking Brasil/Recorde Brasileiro, Destaque “50 jeitos brasileiros de mudar o mundo”, Cidadã Honorária de Brasília, Os Melhores Programas de Incentivo à Leitura junto a Crianças e Jovens de todo o Brasil.
Cidadania na Periferia, Pontos de Leitura, Cultura Viva, Direitos Humanos, Culturas Populares, Brasil Criativo, Ser Humano Brasil, Ser Humano Brasília, Prêmio Diamonds of Art and Education, Mérito Inclusivo, Mãos da Cidadania, Cidadão de Ouro, Viva Leitura, Demonstre seu amor por Brasília, ODM2005, Leia Comigo, Mérito Espírito Candango.
6 - Você é conhecida como uma pessoa incansável no processo de inclusão cultural. O que ainda deseja alcançar? Quais seus projetos para 2025?
DCC- Gostaria de ter mais 20 anos de vida saudável e produtiva para continuar presidindo a Academia Inclusiva, publicar mais um livro infantil, continuar atuando na Diretoria de Cultura e Projetos da AJEB DF – Associação de Jornalistas e Escritoras, viajar, participar de Feiras, Bienais e eventos brasilienses, celebrar semanas nacionais e fortalecer os mais de 20 projetos culturais que já criei.
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Nota do editor
Esta matéria concorre ao Prêmio Expertise da Plataforma do Facetubes para aquelas que ultrapassarem a marca de 4 mil acessos, até 27 de março de 2025. A sugestão é compartilhar com o máximo de amigos e amigas. Os vencedores terão direito a Certificado de Participação e mais outros prêmios. O Concurso é válido, apenas, entre os membros da ACADEMIA POÉTICA BRASILEIRA. A partir de hoje até 27.03.25 as matériaspoderão ser enviadas através do Grupo de WhatsApp específico da APB.