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A literatura de cordel ocupa um papel vital na formação da identidade cultural e literária do Brasil. Com raízes no Nordeste, mas com força para dialogar com todas as regiões do país, o cordel é uma expressão artística que une poesia, narrativa oral e ilustração xilográfica, revelando o cotidiano, a história e os valores do povo brasileiro de maneira autêntica e acessível.
Mais do que um gênero popular, o cordel é uma ferramenta poderosa de educação e conscientização social. Ele transmite saberes, preserva memórias e desperta o gosto pela leitura através de uma linguagem simples, ritmada e rica em imagens. Sua força reside na capacidade de emocionar e ensinar ao mesmo tempo, o que o torna essencial na formação de leitores e cidadãos.
O cordel é, portanto, parte indissociável da literatura brasileira, com uma contribuição histórica e estética que vai muito além das fronteiras do Nordeste. É voz do povo em forma de arte.
Com base nisso, a deputada estadual Dra. Marta Gonçalves apresentou o Projeto de Lei 155/2025, propondo diretrizes de incentivo à literatura de cordel nas escolas públicas e privadas do Ceará. A medida busca inserir o cordel e o repente como elementos curriculares, valorizando manifestações artísticas e culturais tipicamente nordestinas.
A parlamentar defende que estudar o cordel nas escolas representa mais do que o contato com a poesia; é uma vivência do cotidiano com significados únicos, capazes de fortalecer a identidade cultural dos estudantes. O projeto tem como finalidade despertar o interesse pela cultura popular, promovendo o conhecimento sobre tradições literárias brasileiras que, muitas vezes, não ocupam espaço na educação formal.
Marta Gonçalves afirma que essa proposta é particularmente importante para o povo cearense, onde a literatura de cordel tem raízes profundas. Para ela, a iniciativa promove não apenas o aprendizado, mas também o orgulho regional e o respeito à diversidade cultural. A inclusão do cordel nas salas de aula se configura como um ato de resistência cultural e de construção de pertencimento.
A proposta legislativa já começa a gerar repercussão nos meios educacionais e culturais do estado. A expectativa é que, se aprovada, a lei fomente um ambiente educacional mais inclusivo, plural e conectado às raízes do povo nordestino.
Já apoiando essa iniciativa está também o poeta e cordelista (com mais de uma centena de trabalhos do gênero), Pedro Sampaio, natural de Caucaia-CE, vice-presidente da Academia Cearense de Literatura de Cordel (ACLC) e vice-presidente regional da Academia Poética Brasileira, (APB), no Ceará; ele, sempre emocionado com ações como a da deputada cearense.
Segundo ele, "a literatura de cordel não é apenas um patrimônio do Nordeste, mas do Brasil inteiro. O cordel educa, emociona, encanta. Levar essa arte para as escolas é oferecer aos alunos uma experiência sensitiva e pedagógica que poucos gêneros literários proporcionam. Todo brasileiro precisa vivenciar o cordel para entender o que é falar com o coração em verso rimado. É um encontro com a alma da nossa gente". Para Sampaio, a iniciativa é um passo essencial para transformar a educação em um reflexo legítimo da cultura do povo.
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