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Pedagogia humanizada: culturas periféricas e arte contra a evasão

A Plataforma Nacional do Facetubes tem convênio com a ASSESSORIA DE IMPRENSA UNIASSELVI.

Mhario Lincoln
Por: Mhario Lincoln Fonte: Ariane Azambuja Salgado
23/04/2025 às 20h00
Pedagogia humanizada: culturas periféricas e arte contra a evasão
Ariane Azambuja Salgado.

EDUCAÇÃO

 

Por Ariane Azambuja Salgado

(Docente de Pedagogia na UNIASSELVI, Dra. em Comunicação e Semiótica e Me. em Patrimônio e Museologia)

 

O conhecimento da própria realidade é a força que anima o ser humano a criar – essa proposição foi amplamente discutida por Paulo Freire, em um livro com um título inspirador: Educação como Prática da Liberdade. Complementa a afirmativa, em caminho inverso e complementar, a ideia de que é a capacidade humana de criar que nos permite interferir e transformar a realidade posta. 

 

Quem, hoje, está satisfeito com a realidade em que vive? Quem está contente com os preços dos alimentos e com a dificuldade de pagar o aluguel ou comprar uma casa? Quem está feliz em saber que os problemas ambientais não são mais uma promessa para o futuro, mas algo concreto que já vemos e sentimos? Quem se diz entusiasmado com a hostilidade na comunicação entre as pessoas, seja na internet, seja nas ruas? 

 

É certo que ninguém teria a coragem de, sem cinismo, afirmar alegria em conviver com esses problemas. Entretanto, é pelo reconhecimento e pela aproximação desses enroscos que constituem a nossa realidade que poderemos pensar em soluções, saídas ou brechas para o surgimento de algo novo. E, se isso lhe parece algo meramente retórico, talvez lhe falte a capacidade de entrever o que a educação pode produzir a longo prazo. 

 

Aprender arte na escola é uma dessas oportunidades importantes de aproximação à própria realidade e, por isso, também um modo de transformar o mundo por meio da criação. Mas não se trata de qualquer aprendizado em arte. É preciso que, reconhecendo a importância de artistas de lugares distantes, como Leonardo Da Vinci ou Vincent Van Gogh, o professor ou a professora também busque apresentar referências artísticas de perto, do nosso país, de nossas cidades e, mais radicalmente, do próprio bairro da escola.  

 

Uma escola que integra o estudante à realidade do entorno está trabalhando contra a evasão escolar, pois diminui a distância entre o dentro e o fora da instituição. 

 

Todo professor precisa saber que é nas periferias (as concretas e as simbólicas) que o novo surge. É nos espaços menos controlados e vigiados que as melhores e mais interessantes invenções são formuladas e ganham corpo, rua e público. A periferia é onde as culturas mais se misturam, porque, nos lugares em “que ninguém está olhando”, o controle está mais ausente e a noção de centro, é mais opaca. 

 

Os artistas Os Gêmeos, criados no bairro do Cambuci, em São Paulo (SP), contam que, durante a infância e a adolescência, vivenciaram a chegada da cultura hip-hop à cidade. Essa cultura, nascida nas periferias de Nova Iorque, encontrou eco nas margens urbanas brasileiras. Nesse contexto, o Brasil se tornou, simbolicamente, a periferia da periferia. Hoje, Os Gêmeos interferem na paisagem urbana de inúmeras cidades Brasil afora, levando para os muros as marcas dessa trajetória cultural, vivida nos limites de um bairro. 

 

Vale, assim, nos perguntarmos: o que o bairro da escola tem a oferecer em termos de cultura e arte? O que essas expressões oferecem aos estudantes em termos de aprendizado sobre a própria realidade? As respostas são tão variadas quanto os bairros de nossas cidades. 

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Keila MartaHá 1 semana São LuísValiosa essa matéria. Quando a escola busca ir além do conteúdo didático principalmente no ensino de artes esse se torna mais rico, e abre perspectivas quando os artistas locais são apresentados aos aluno, e rompe com os velhos modelos de ensino que só falavam de algumas realidades de alguns poucos estados da nossa federação, e isso criava um abismo entre sonhos e realidade.
Amanda Amorim Há 2 semanas São Luís/MaMatéria fantástica explanando a educação e nos chamando para estarmos atentos ao que ao nosso redor tem de potência.
EDOMIR MARTINS DE OLIVEIRAHá 3 semanas São LuísPaulo Freire e um analista de proa. A materia está excelente.
Joizacawpy Há 3 semanas São luís Muito boa matéria, e sim é preciso conhecer a realidade local para impulsionar a criação e alcançar tantas outras que fazem parte do universo cultural que se reflete no ambiente educacional. A transformação virá a partir do movimento, ou seja criar para valorizar aquilo que é seu, dessa forma o sentimento de pertencimento funciona como base para o conhecimento.
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