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Literatura Brasileira no ENEM: as sete obras que formam mentes críticas e abrem as portas do vestibular

À titulo de sugestão, apenas./Editoria de Arte e Cultura da Plataforma Nacional do Facetubes

Mhario Lincoln
Por: Mhario Lincoln Fonte: Editoria de Arte e Cultura da Plataforma Nacional do Facetubes
01/05/2025 às 21h01 Atualizada em 01/05/2025 às 21h06
Literatura Brasileira no ENEM: as sete obras que formam mentes críticas e abrem as portas do vestibular
Ilustração: Ginai/mhl


Editoria de Arte e Cultura da Plataforma Nacional do Facetubes

 

Neste 1º de maio, enquanto o país celebra o Dia da Literatura Brasileira em memória ao nascimento de José de Alencar, a escola e o vestibular também prestam suas homenagens de uma forma singular: cobrando, discutindo e resgatando as obras que moldaram a identidade nacional. Mais do que simples leituras obrigatórias, os livros exigidos pelo ENEM e por diversos vestibulares são, na verdade, convites para que os estudantes mergulhem na complexidade da alma brasileira — da seca nordestina à psicologia urbana, da lenda à ironia.

 

Entre os títulos mais recorrentes está Iracema, de José de Alencar, espécie de pedra fundamental do indianismo no século XIX, que funde mitologia, poesia e nacionalismo em uma só narrativa. “Iracema não é apenas uma personagem; é um símbolo do Brasil sonhado, onde o indígena e o europeu se entrelaçam para formar uma nova nação”, afirma o professor Maurício Soares, especialista em literatura e redação.

 

Da fundação mítica à brutalidade social, os vestibulares também exploram O Cortiço, de Aluísio Azevedo, com sua crueza naturalista e crítica direta às condições de vida no Rio de Janeiro do final do século XIX. Um retrato sem retoques da promiscuidade e das desigualdades encravadas nos cortiços, que continua ressoando nas periferias atuais.

 

Vidas Secas, de Graciliano Ramos, revisita a dor nordestina sob o viés moderno, mas com ecos de um Brasil atemporal, onde a seca não é apenas climática, mas existencial. Fabiano, Sinhá Vitória e a cadela Baleia simbolizam uma resistência muda, porém eloquente, diante da miséria e do abandono.

 

A densidade psicológica aparece em obras como A Hora da Estrela, de Clarice Lispector, e Dom Casmurro, de Machado de Assis. Clarice explora com lirismo a alienação de Macabéa, personagem que carrega o peso de uma vida invisível, abafada pelo silêncio social. Já Bento Santiago, o narrador ciumento de Dom Casmurro, nos arrasta para dentro de sua mente, onde a dúvida sobre Capitu é mais uma armadilha emocional do que um mistério literário. “O ENEM valoriza justamente essa complexidade de pontos de vista e a crítica à narrativa linear”, observa Thiago Braga, autor e professor de português.

 

Na mesma linha de ironia sofisticada, Memórias Póstumas de Brás Cubas coloca o defunto como narrador de sua própria existência — um morto que desnuda, com sarcasmo, a elite carioca do século XIX e os vícios de uma sociedade em transição. O livro de Machado de Assis continua sendo, talvez, o maior espelho do Brasil em sua eterna busca por identidade e ética.

 

E entre as obras mais singulares está Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, que mescla poesia e teatro, lirismo e denúncia. Com versos metrificados e uma narrativa seca, Cabral compõe um auto nordestino moderno, onde a morte e a migração são companheiras inseparáveis do destino de Severino, o retirante que carrega no nome e na alma a severidade do seu povo.

 

Para o professor Maurício Soares, a escolha dessas obras não é casual: “Elas articulam estética, crítica social e identidade cultural. Entender essas narrativas é compreender o Brasil em suas contradições, dores e esperanças. Quem lê bem, escreve melhor — e quem escreve bem, pensa com mais clareza.”

 

Neste Dia da Literatura Brasileira, o convite vai além da comemoração simbólica. É um chamado à leitura como ferramenta de transformação e resistência. Que cada página lida desses clássicos não seja apenas uma resposta certa na prova, mas um degrau a mais rumo à consciência crítica, à empatia e ao verdadeiro entendimento do país em que vivemos.

 

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Keila MartaHá 1 semana São LuísInteressante como essas obras de grande representatividade na nossa literatura estão sempre sendo exploradas nas provas que dão acesso ao ensino superior. Com certeza essas escolhas combinam com o momento e de certa forma a temática de cada uma se complementam. Muito boa matéria! Show!
Raimunda Pinheiro de Souza FrazãoHá 1 semana São José de Ribamar Gistei da coleção escolhida! Li todos eles ainda muito jovem. Faziam parte da coleção de minha tia Ângela.
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