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Quando a salvação nos gestos rompe (apenas) com rituais espirituais 

No coração da mensagem de Ana Beatriz Barbosa, um chamado urgente à ética da ação, apoiado por pensadores como Comte-Sponville e Martin Buber, desafia os atalhos religiosos e celebra o exemplo.

Mhario Lincoln
Por: Mhario Lincoln Fonte: Editoria-Geral do Facetubes
09/05/2025 às 11h45 Atualizada em 09/05/2025 às 12h07
Quando a salvação nos gestos rompe (apenas) com rituais espirituais 
arte: Ginai/MHL

A escritora Ana Beatriz Barbosa tem uma clareza rara ao expor ideias que desafiam convenções, mas sem ferir sensibilidades. Em um curto, porém potente vídeo, ela critica a utilização da religião como instrumento de ilusão, argumentando que "a verdadeira espiritualidade se revela nas atitudes e não nos rituais". O ponto central de sua fala gira em torno da responsabilidade individual: a salvação não é algo adquirido por fórmulas prontas ou repetições sagradas, mas conquistada na prática do bem cotidiano.

 

Ela defende que a espiritualidade não se mede pelo número de orações, presença em cultos ou repetições litúrgicas, mas pelo modo como a pessoa age no mundo. Um indivíduo pode nunca entrar numa igreja e ainda assim ser profundamente ético, compassivo e solidário — o que, para ela, revela uma espiritualidade autêntica. Isso é corroborado por Comte-Sponville, que afirma que a moral independe da fé religiosa.

 

A autora destaca ainda que o comportamento é o verdadeiro termômetro da espiritualidade, não a crença declarada. Ela sugere que pessoas que ocultam fracassos e compartilham apenas vitórias projetam uma imagem irreal, muitas vezes usada para autoridade injustificada. Segundo Ana Beatriz, a humildade em reconhecer falhas é o que legitima quem ensina. Quem só compartilha vitórias ou finge perfeição tende a dificultar a identificação com o público e a tornar o aprendizado algo idealizado e distante.

 

Martin Buber, pensador austríaco, também entra nesta conversa ao propor que o sagrado se manifesta na relação genuína entre os seres humanos — o que ele chama de relação "Eu-Tu" — muito mais do que em dogmas ou sistemas religiosos fechados. Buber reforça a ideia de que o divino se faz presente no diálogo, na escuta, na presença total do outro. Ana Beatriz acredita que misturar religião pode ser perigoso, pois transforma o sagrado numa ferramenta de manipulação emocional. Quando se promete salvação automática a quem apenas segue certas regras, o ser humano se desresponsabiliza pelas consequências de seus atos. Ana Beatriz alerta que essa promessa pode hipnotizar desejos profundos, minando o esforço individual pela transformação ética. A ideia é defender uma fé que inspire ação, não passividade.

 

Ana Beatriz, portanto, se junta a um coro respeitável de vozes que defendem uma espiritualidade ativa, ética e consciente. Sua crítica à manipulação religiosa — quando esta é usada como sedativo de consciências ou desculpa para não agir — é um convite ao despertar moral. Em vez de seguir fórmulas mágicas para alcançar uma suposta salvação, ela propõe que nos perguntemos: "O que Ele faria?", referindo-se a Jesus Cristo.

 

Não no sentido religioso, mas como símbolo de ação humanitária. No mundo hiperconectado do Facetubes, onde discursos polarizados muitas vezes ocupam o palco principal, o convite de Ana Beatriz é revigorante: menos espetáculo, mais exemplo. Não se trata de condenar religiões — longe disso —, mas de deslocar o foco do ritual para o gesto, do dogma para a empatia. Uma ética que se constrói não na promessa de recompensas eternas, mas na urgência de fazer o certo aqui e agora.

 

É nesse cruzamento entre pensamento crítico, espiritualidade prática e ética da ação que a mensagem da professora Ana Beatriz se encaixa. E talvez, nesse encontro, resida uma das chaves mais atuais para compreendermos o que significa ser verdadeiramente humano.

 

VÍDEO-BÔNUS

(O texto acima foi redigido com base nas palavras deste vídeo, com a prof. Ana Beatriz Barbosa, tornadas públicas pelas redes sociais. O Facetubes não visa lucro com suas postagens. Apenas colocar a ideias para discussões lógicas. Portanto, está aberta, abaixo, a seção de comentários sobre o texto e o vídeo.)

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alcina maria silva azevedoHá 2 dias Campinas- SPAna Beatriz Barbosa aborda um tema interessante, e que vem a calhar com os momentos que vivemos atualmente. Eu concordo com tudo o que ela disse. A salvação está no comportamento ético de cada um de nós e, não em dogmas e fórmulas criadas para adormecer a razão. É tão fácil falar com Deus, sem que seja necessário tantas normas. Estarmos bem com a nossa forma de ser, sem ter receio de dizer o que pensamos,é ser sincero e feliz.Ajudar o próximo é o maior exemplo que Jesus Cristo nos deu.
Keila MartaHá 3 dias São LuísInteressante, eu compreendo que as religiões fazem parte da evolução das pessoas, e todos de diferentes formas estão caminhando numa mesma direção, que é Deus, de acordo com o nosso nível espiritual temos a necessidade ou não de símbolos e rituais como expressão da fé. Nesse sentido creio que não há certo ou errado, é o que cada pessoa nesse ou naquele momento se sente mais confortável espiritualmente até alcançar uma maior compreensão e aí tudo muda.
Socorro Guterres Há 3 dias Natal/ RNÓtimas reflexões da professora Ana Beatriz!
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