Fernanda Figueiredo
Mujica e seu fusca ficaram eternizados. A vida pacata, quase franciscana que o ex-Presidente do Uruguai, Pepe Mujica, insistia em levar - para o espanto geral da humanidade - não acostumada à vivenciar tamanho desprendimento, fez história.
Para alguns era um estilo exótico de viver. Mujica conquistou admiradores pelo mundo exatamente por isso. Não era um presidente só de discurso. Desejava um mundo fraterno, feliz, começando pela própria prática de vida.
Era avesso aos tapetes vermelhos em que pisam os poderosos, Presidentes, Reis e Rainhas. Por certo, seu tapete era de grama verdinha. E foi assim. No seu sítio nos arredores de Montevidéu, onde recebia jornalistas, presidentes, admiradores de vários países. Sem conforto. Todos intrigados com aquela personalidade, de voz mansa e de grande inquietação.
E o fusca representa essa eterna grandeza do seu proprietário. E se o fusca de Mujica falasse? Falaria dos sonhos e utopias, das veias, valas abertas da América Latina. E, também, da essência do ser humano, da capacidade de extrair enormes lições de vida. Rejeitou milhões pelo fusca de 1987, cor niágara.
Deixa um legado de admiração, de humanidade, de transformação. De se pensar no próximo, nos mais humildes, em diminuir a desigualdade.
Entra para a história como um dos grandes, assim como, o Papa Francisco. Ele se despiu da vaidade. E chegava perto da essência das flores, da natureza, tirou forças daquele sítio, semeou amor, humildade. Foi perseguido, torturado, pela Ditadura. Não se abateu, fez da sua dor um exemplo de vida. Muitos se inspiram agora no Pepe Mujica, no seu estilo de vida, como força propulsora e transformadora da sociedade.Quanta dignidade!
Viva Pepe!