Quarta, 16 de Julho de 2025
Publicidade

Poema de Cassas desfila em grande estilo no universo da magia junina nos terreiros encantados do Maranhão

Luis Augusto Cassas é convidado da Academia Poética Brasileira e da Plataforma Nacional do Facetubes.

Mhario Lincoln
Por: Mhario Lincoln Fonte: Editoria de Artes do Facetubes/Luis Augusto Cassas
22/06/2025 às 08h38 Atualizada em 22/06/2025 às 14h27
Poema de Cassas desfila em grande estilo no universo da magia junina nos terreiros encantados do Maranhão
Luis Augusto Cassas. (Fotos: Meirelles Jr./Arte: MHL)

Editoria de Literatura e Arte da Plataforma Nacional do Facetubes

 

O  BOI, RIQUEZA VERBAL DO POETA LUIS AUGUSTO CASSAS, DESFILA NA PLATAFORMA NACIONAL DO FACETUBES, CELEBRANDO A ÉPOCA JUNINA EM QUE O BUMBA-BOI CANTA NOS TERREIROS DO MARANHÃO E DO BRASIL. EH BOI!

 

A antropologia mítica da temática do bumba-boi, rica festa popular que embala os folguedos do mês de junho, expressão elementar da alma do povo, principalmente no Norte e Nordeste,  incluindo São Luis do Maranhão, minha terra natal – recebe agora a infusão lírica, banhada na efusão da espiritualidade crística, alçando o personagem central e o nosso povo, a novas alturas e configurações.

 

Trata-se do poema O Boi, do poeta Luis Augusto Cassas(*), ludovicense que incorporou em sua poética,  além da ampla diversificação de conteúdos que hoje  ultrapassa trinta títulos, a celebração da memória popular de sua terra, trazendo o dna dos seus costumes, paisagens, a poesia interior, de sua terra e sua gente.

"mas quando o boi dança e requebra/ expulsa a dor e a miséria". (Luis Augusto Cassas).

 

Se a influência do bumba-boi floresce no teatro dos festejos amazonenses, incorporando a mitologia egípcia, enriquecendo seu calendário em novos mitos e ritos, também universais, o Maranhão,nosso torrão, mergulha na mística cristã, afinando céu e terra, divino e sagrado, como se pode observar  no bailado verbal de O BOI, do poeta Luis Augusto Cassas. Ei-lo,em sua riqueza transcendente: “contra o bezerro de ouro/ ergue-se o boi nosso tesouro/ é o berro do céu no chão/ é o reino do pobre em ação/ é cristo em ressurreição/ é a estrela do maranhão”.

 

"na índia e no maranhão/ o boi é um animal sagrado".  (Luis Augusto Cassas).

 

O compositor Josias Sobrinho compôs bela melodia, para o poema de Cassas. Que a canção, poesia e música, saiam cantando para todos, para alegria do Maranhão, nestes tempos de alegria,dança e cantoria. Eh boi!



O BOI

Luis Augusto Cassas(*)

 

na índia e no maranhão

o boi é um animal sagrado

não  fere o povo os costados

nem come o bife ou a língua

comer-lhe a carne é pecado

aqui a fome é quem vinga

 

mas quando o boi dança e requebra

expulsa a dor e a miséria

e o esquelético novilho

transmuta-se em mártir e guia

o povo baba e se ajoelha

lambendo com dengo a cria

 

contra o bezerro de ouro

ergue-se o boi nosso tesouro

é o berro do céu no chão

é o reino do pobre em ação

é cristo em ressurreição

é a estrela do maranhão

 

*****

 

Poeta Luis Augusto Cassas.

O   AUTOR E SUA OBRA

(*) Luís Augusto Cassas nasceu em 1953, em São Luís do Maranhão e reside em São Paulo.

Buscador e não-buscador, sua jornada lírica tem sido progressivamente restaurar com os materiais da vida, trazidos à poesia, a circulação do bem, do belo, da verdade, da justiça, construindo de maneira integradora a essência do nome de Deus, Iod+ He+ Vav + He, na travessia da consciência do humano. 

Aos trinta anos, travou conhecimento com a obra de Carl Jung, I Ching, taoísmo, que lhe ampliaram a compreensão da vida e do mundo. À busca do transcendente, desenvolveu uma ampla experimentação, assim como a incorporação e a dissolução de códigos, com os quais vestiu seu azul.

A partir de 1981, data de sua estreia, publicou trinta  livros de poemas. A saber: República dos Becos; A Paixão Segundo Alcântara e novos Poemas; Rosebud; O Retorno da Aura; Liturgia da Paixão, Ópera Barroca; O Shopping de Deus & a Alma do Negócio; Titanic – Boulogne: A Canção de Ana e Antônio; Bhagavad-Brita: A Canção do Beco; Deus Mix: Salmos Energético de Açaí c/ Guaraná e Cassis; O Vampiro da Praia Grande; Em Nome do Filho: Advento de Aquário; Tao à Milanesa; Evangelho dos Peixes para a Ceia de Aquário; Poemas para Iluminar o Trópico de Câncer; A Mulher que Matou Ana Paula Usher; O Filho Pródigo ; Bacuri-Sushi: A Estética do Calor; A Ceia Sagrada de Míriam; O Livro, compreendendo: Livro I – O Sentido (Relatos da Fumaça do Incenso), Livro II – O Paraíso Reencontrado; enfeixados em A Poesia Sou Eu; Poesia Reunida, dois volumes encadernados (Imago Editora, RJ, 2012).

São obras mais recentes A Pequena Voz Interior & Outros Comícios do Vento; Maria, a Fortaleza Sutil que Vence toda Força; Paralelo 17;  Quatrocentona: Código de Posturas e Imposturas Líricas de São Luis do Maranhão; Uma Bota para Netuno; Cotidiano, o Sagrado; República dos Becos e Novos Poemas, Meio Amargo; Os Polifenóis do Sol:  Rua das Hortas & Tempos de Meias Moradas e Trilha de Rosas a um Amor sem Nome. Os livros Titanic-Boulogne: A Canção de Ana e Antônio e O Retorno da Aura, tiveram novas edições recentes pela Editora 2x4, de Santa Catarina, que o vem editando.

A poesia, como afirma, tem sido o seu bunker, templo, cinema, psicoterapia.

 

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
José CunhaHá 3 semanas São Luís MaranhãoCassas, esse é um épico lírico. Parabéns. Viva o São João.
Maria Herbênia Feitosa, professoraHá 3 semanas São Luis do MaranhãoLuis Augusto Cassas. Tenho República dos Becos como a minha bíblia. Está velhinho o livro, já prendi algumas páginas com durex. Mas está sempre ao lado de minha cama. Amo. Amo. Amo tudo o que ali está publicado. Amo você.
Luis Fernando SobrinhoHá 3 semanas São Luís MaGrande Cassas. Grandes versos que lidam com a verdade maranhense.
Alberto Bertoldi, analista e poeta. Há 3 semanas Santo Antônio da Platina/PRPrezao poeta Luis Augusto. A metáfora social: "a carcaça magra do animal, ao dançar, é transfigurada em “mártir e guia”, e o povo – tomado pela catarse coletiva – ajoelha-se e lambe a própria cria", combina festa popular e crítica política: o boi, inicialmente símbolo de carência (“esquelético novilho”), vira ídolo redentor, revelando como a alegria ritual pode mascarar dor e miséria. Além da gradação (“dança/expulsa/transmuta-se/o povo baba…”) há um vai-e-vem entre êxtase e escassez.
Alberto Bertoldi, analista e poeta.Há 3 semanas Santo Antônio da Platina/PRNo Brasil, dois poetas usam o boi com tensão parecida. Ferreira Gullar, em versos de “Vai o animal no campo; ele é o campo… árvore que muge, retalho da paisagem em caminho” funde boi e paisagem para discutir fome, trabalho e resistência. Outro é Patativa do Assaré, no cordel “O Boi Zebu e as Formigas”, transforma o boi num poderoso mas vulnerável “mandão do pudê” que acaba cercado pelas formigas-povo, metáfora evidente de luta social. Cassas, vc merece aplausos por tocar nisso.
Mostrar mais comentários
Mostrar mais comentários
Lenium - Criar site de notícias