Terça, 18 de Novembro de 2025
13°C 18°C
Curitiba, PR
Publicidade

Mais um poema de Joema Carvalho, inspirado em músicas de Milton Nascimento

No aniversário de Milton Nascimento, a poeta Joema Carvalho APB/PR, presta uma homenagem através de sua poesia direta e emocionante.

27/10/2025 às 14h56 Atualizada em 27/10/2025 às 14h56
Por: Mhario Lincoln Fonte: Joema Carvalho
Compartilhe:
Joema Carvalho (arte:MHL).
Joema Carvalho (arte:MHL).

26.10.2025 - No aniversário de Milton Nascimento, um dos maiores ícones da música brasileira, a poeta Joema Carvalho prestou uma homenagem comovente que transcende versos e toca o coração da terra. Em seu poema SOLO, Joema celebra não apenas o artista, mas a essência de sua obra: a conexão profunda com a natureza, a ancestralidade e a espiritualidade. A metáfora central — “plantar é a arte de colher o sol” — revela uma visão luminosa da vida e da criação artística. Como Milton, que sempre semeou melodias carregadas de emoção e consciência, o poema sugere que cada gesto criativo é uma forma de nutrir o mundo com luz. Nos versos seguintes, Joema mergulha no solo como símbolo de identidade e origem:

“saborear a cor do solo / suas propriedades” Aqui, o solo é mais que terra — é memória, cultura e pertencimento. Cada planta, como cada pessoa, floresce melhor quando respeita suas raízes: “cada planta / se planta / no seu solo

A homenagem é um tributo à autenticidade de Milton Nascimento, cuja música sempre brotou do chão fértil das Minas Gerais, mas alcançou o mundo com a força de quem colhe o sol. Joema Carvalho transforma palavras em sementes, e seu poema é uma flor que desabrocha no coração de quem lê.

Uma celebração poética à altura de um artista que ensinou o Brasil a cantar com alma e plantar com esperança. Vide o poema, abaixo:

 

SOLO

(Inspirada pela música Cio da Terra) 

"Plantar é a arte de colher o sol"

saborear a cor do solo

suas propriedades  

cada planta

se planta 

no seu solo 

num solo

uníssono 

de sua espécie 

nos indica

onde estamos 

e nos diz muito

dali

 

saborear o seu nicho

o seu ciclo 

solo 

mel da melipona

do cálice 

se jorra

para tudo

o que é vivo

elementos fragmentados 

no silêncio 

da dinâmica etérea 

solo

em cada pétala

estigma de vida

onde estames 

unidos  

paira na inércia 

do movimento dos planetas 

e nos conecta 

num banho de barro

com a terra geradora

dos princípios 

que nos mantêm vivos

tudo está ali

na formação 

dos cacos

de rochas

em poeiras

sedimentadas  

nosso fim

o mesmo

início

solo

********

"Escrevi um poema pleiteando participar da Festa Literária de Santa Teresa-FLIST, que homenageou o Milton Nascimento e a Adélia Prado. O poema saiu fora dos padrões definidos pelo edital. Tentei ajustar, mas o poema não permitiu. Este foi o primeiro poema, a partir da música Sentinela, do álbum duplo Missa dos Quilombos, dentre os que mais gosto. Na sequência, graças a uma amiga, assisti ao documentário Milton Bituca Nascimento, que me emocionou muito. Um dos convidados que falou sobre o Milton Nascimento, disse algo mais ou menos assim, que ele era como o mistério dos cristais de Minas. Eu busco o mistério dos cristais do subsolo da crosta terrestre para escrever, junto da dinâmica dos fungos, o desconhecido. Isto me conectou com o trabalho do Milton Nascimento. SaÍ do cinema com o segundo poema pronto, inspirado pela música Cais. A música do Milton Nascimento fez parte da minha infância. Acredito que minhas células reconhecem o som dele, que não se enquadra nas teorias que classificam a música, porém, reconhecida por grandes mestres universais". Joema Carvalho, APB-PR.


EM FORMAÇÃO 

(Inspirado pela música Travessia)*

cada qual 
com seu canto

no canto
uma história 
por traz de tudo

um caminho
uma escolha
feita de montanhas

pedras que se deixam mover
fluidas como o rio de baixo

que se desgastam 
no atrito
do toque da chuva 
do assopro do vento
no desprendimento 
da rocha mãe 

pedras que se movem
se confundem com liquens
deixam de ser exatas
transformam-se
com o que lhes falta

no ciclo da vida
tocam nas trocas
mudam de função 

deixam de ser 
sendo
algo novo
em formação 

*********

(*) Posições legais sobre "homenagens poéticas" (LEI DOS DIREITOS AUTORAIS - 9610/1998).

A) - ideias não são protegidas, mas a expressão (o texto original) é protegida (repositorio.fgv.br). Escrever uma nova poesia inspirada nas ideias, temas ou estilo de outro poeta é permitido, desde que não reproduza "trechos substanciais".

B) Exceções relevantes da LDA (Art. 46 e 47). Citação para estudo, crítica ou polêmica: permite citar passagens específicas, dentro dos limites do necessário, com nome do autor e fonte (repositorio.fgv.br). Pequenos trechos em obras novas: é permitido usar pequenos trechos, desde que "não sejam o foco principal da nova obra. Não prejudiquem a exploração do original nem causem prejuízo injustificado ao autor.*

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Raimunda Pinheiro de Souza FrazãoHá 3 semanas São José de Ribamar Parabéns Milton Parabéns Joema!
Joema CarvalhoHá 2 meses CuritibaOlá Marlene!! Adorei!! Porém, o que escrevo é muito mais naturalista.. É ciência natural escrita de forma literária/Poética. Grande abraço!
Joema CarvalhoHá 2 meses CuritibaA sua leitura sobre o meu poema é linda. Agradeço professor Márcio.
Prof. Marcio VinniHá 2 meses Sociólogo/SP"tudo está ali, na formação dos cacos de rochas, em poeiras sedimentadas". Esse verso evoca Joema, a noção de que nossa identidade não são formadas de maneira linear, mas sim por fragmentos acumulados ao longo do tempo — tal como cacos de rochas que, ao se sedimentarem, dão origem a novas estruturas. Cada lembrança, trauma ou alegria, mesmo quando pequeno ou aparentemente insignificante, se transforma em “poeira sedimentada” dentro da psique, compondo as camadas que sustentam quem somos. AMEI.
Marlene de BrittoHá 2 meses Curitiba PRH´=a momentos em que penso: JOEMA É SURREAL. Mas ela é surreal, sim.
Mostrar mais comentários
ENSAIOS 01 - PR
Sobre o município
Matérias e ensaios sobre Literatura, Arte e Música.
Ver notícias
Curitiba, PR
15°
Tempo nublado

Mín. 13° Máx. 18°

15° Sensação
2.57km/h Vento
90% Umidade
100% (15.22mm) Chance de chuva
05h20 Nascer do sol
06h44 Pôr do sol
Qua 24° 11°
Qui 24° 12°
Sex 27° 13°
Sáb 24° 15°
Dom 20° 13°
Atualizado às 00h01
Publicidade
Economia
Dólar
R$ 5,32 -0,12%
Euro
R$ 6,16 -0,05%
Peso Argentino
R$ 0,00 +0,00%
Bitcoin
R$ 506,266,83 -2,04%
Ibovespa
156,992,94 pts -0.47%
Publicidade
Lenium - Criar site de notícias