
Editoria Geral | Plataforma Nacional do Facetubes.
A 33ª Avaliação Nacional de Vinhos consolidou, em números, a maturidade do vinho brasileiro. Foram 533 amostras inscritas — recorde histórico — filtradas por 90 enólogos em prova às cegas até chegar aos 16 rótulos mais representativos da safra 2025. A taxa de corte foi rigorosa: apenas 3,0% das amostras atingiram o grupo final. Na noite de 25 de outubro, em Bento Gonçalves, cerca de 800 pessoas acompanharam a apresentação dos selecionados, com comentaristas de oito países, sinal de projeção externa do setor.
Os resultados exibem um mapa produtivo em expansão. Do total, 13 rótulos (81,25%) são do Rio Grande do Sul e três (18,75%) vieram de novas fronteiras — São Paulo e Distrito Federal. Brasília, sozinha, emplacou duas amostras entre as 16, desempenho equivalente a 12,5% do quadro final, repetindo e ampliando o protagonismo iniciado em 2023. A diversidade também aparece no copo: são 15 variedades de uva em 16 vinhos, praticamente uma casta por rótulo (0,94), abrangendo de Sauvignon Blanc e Moscato Giallo a Cabernet Franc, Marselan e Touriga Nacional.
A distribuição por estilo mostra um mercado múltiplo e com bom apelo comercial. Os tintos somam 9 dos 16 finalistas (56,25%), incluindo dois “jovens”; os brancos respondem por 4 rótulos (25%); os espumantes-base por 2 (12,5%); e os rosés por 1 (6,25%). Essa composição tende a favorecer margens médias do segmento tinto — tradicionalmente com tíquete maior — sem perder tração em categorias de giro rápido, como brancos aromáticos e base para espumante.
A qualidade medida em pontuação confirma consistência. As medianas de seleção oscilaram entre 90 e 95 pontos, com média de 92,25. Metade dos finalistas (8) alcançou 93 pontos ou mais; três chegaram a 94; e um atingiu 95 — o blend Touriga Nacional/Tannat/Petit Verdot/Tempranillo/Merlot/Cabernet Sauvignon da Miolo. O Distrito Federal cravou duas medianas de 94 (Marselan da Villa Triacca e o corte Cabernet Franc/Syrah/Marselan da Ercoara), desempenho que sustenta precificação mais ambiciosa e posicionamento fora do eixo tradicional.
Esses números sugerem efeitos econômicos claros. O volume de 533 amostras implica pipeline produtivo capaz de abastecer o mercado doméstico com múltiplos lançamentos ao longo de 2025, ampliando portfólio e competição. A presença de oito nacionalidades na mesa de comentaristas amplia alcance promocional e favorece prospecção de nichos de exportação, especialmente para tintos de corte e varietais de identidade brasileira, como o Marselan. A entrada de novas praças — 18,75% dos finalistas — diversifica a origem, dilui riscos climáticos regionais e ativa cadeias de suprimento locais em insumos, serviços enoturísticos e logística.
No varejo, a fotografia da safra favorece estratégias de segmentação por estilo. Com 56,25% de tintos entre os destaques e média de 92,25 pontos, há espaço para política de preços diferenciada nos rótulos de 93+ pontos, faixa que representa 50% do painel final e costuma liderar margem unitária. A robustez técnica — 90 enólogos e prova padronizada — reforça a narrativa de qualidade auditável, atributo que converte em valor na gôndola e nas cartas de vinho.
Em síntese, a safra 2025 chega com escala recorde, corte seletivo de 3,0%, diversidade varietal de 15 castas, presença de novas regiões com 18,75% dos destaques e média de 92,25 pontos, combinando fatores que sustentam preço, rotação e expansão geográfica do vinho brasileiro ao longo do próximo ciclo comercial.
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