
Foi com imenso prazer que escrevi o prefácio desse belo livro do músico, compositor, arranjador, poeta e escritor ZECA TOCANTINS, umn dos grandes nomes da arte e da literatura brasileira. Com uma produção imensa, Zeca tem sido um dos baluartes no sentido de incentivar a nova geração de músicos e poetas a buscarem seus lugares no universo do entretenimento. Hoje, em primeira mão, e autorizado pelo autor, transcrevo o prefácio que fiz e que me deu muita emoção. Inclusive agradecendo o carinho e a atenção de Zeca Tocantins ao meu trabalho profissional, ao longo desses anos. Obrigado, amigo. O mais legal de tudo é que ele já autorizou a Plataforma Nacional do Facetubes a publicar as crônicas que estão nesse livro. É de imperdível leitura. Logo estará nas melhores livrarias do país e nas Redes Sociais. então, amigo Zeca, seja muito bem-vindo ao universo mágico do FACETUBES. (Mhario Lincoln).
P R E F Á C I O
Uma das coisas mais difíceis para um contista é ser fiel às milhares de letrinhas asseveradas em páginas brancas e sequentes. Escrever histórias alternadas com começo, meio e fim, cheias de pitadas sentimentais extraordinárias é algo para poucos. Por isso, mais difícil ainda é incluir o leitor na ação, fato tão perseguido nos filmes tridimensionais.
Para Zeca Tocantins, de forma simples, numa linguagem altamente acessível a todos, essa questão de tridimensionalismo não é problema. Leia:
“Acordo cedo e encontro Dona Belinha do alto de seus oitenta anos, com um facão na mão e a fúria de uma guerreira, queria pegar uns moleques que tinham carregado sua jumenta, tentei de todas as maneiras demovê-la daquela ideia, mas Belinha estava de fato decidida a encontrar o seu animal, disse que conhecia os meninos e seguiu furiosa”.
Esse parágrafo, no conto “Neto de Dona Belinha”, nos coloca no meio da ação não só como leitor, mas como participante e torcedor, para que nada de mal aconteça. Essa é a graça da prosa de Zeca Tocantins. Insere-nos no contexto de forma a nos fazer chorar, rir e refletir como gente grande, elaborando uma teia de ideias importantes para o entretenimento factual.
“O conto só é conto se o leitor se sentir no meio da história”, disse-me certa vez o escritor, pesquisador e poeta maranhense Natinho Costa Fenix. Ele tem toda razão, pois isso aconteceu conosco, ao mergulharmos nas páginas desta bela obra, durante duas noites consecutivas.
Como o parágrafo citado, acima, há outros inúmeros que nos vivenciam e nos transformam, enquanto seres humanos. Isso porque já lemos grandes contistas, expoentes da ficção brasileira do século XX, como Josué Montello, Aníbal Machado, Rachel de Queiroz e Marques Rebelo, este, fantástico também, por passear pela fronteira entre o conto e a crônica.
Assim é Zeca Tocantins, surfando nas águas do seu rio de letras, trazendo os costumes de sua região, como um fotógrafo d’olhos, cuja diversidade de gêneros e ‘modus’, representam boa parte do que ele vivenciou nas ondas de seu tempo.
Aliás, vale dizer que Josué Montello escreveu contos muito mais regionalizados, que universais. Todavia, isso não o foi obstáculo para torná-lo universal. Assim é Zeca Tocantins. Emocionante! Tanto que lembramos de Leon Tolstói: “Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia”.
Zeca o faz de livre e espontânea vontade, num casamento lírico, navegando nas águas ratificadas no próprio nome artístico, conhecido da mesma forma, por melodias e letras extraordinárias que balouçam o imaginário popular.
Chego, então, a concluir que o autor é um cronista, contista e um contador de histórias emocionantes, reunidas neste livro, cujo alcance é mais que sentimental e resiliente, haja vista que a primeira obra do autor foi-lhe entregue em forma mimeografada: uma honra! Foi o ‘start’ para essa carreira brilhante.
Desta forma, ao apresentar esta bela e significativa obra, sinto-me no dever de afirmar que o autor, além do domínio da linguagem emotiva e vivencial, não é diferente dos contistas citados em parágrafo anterior.
Mas sim, semelhante, em suas diferenças.
Parabéns,
*Mhario Lincoln
Presidente da Academia Poética Brasileira (Curitiba-Paraná).
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