Joema Carvalho
NE: A frase "A Literatura permite o transcender", abaixo, escrita por Joema, tem como ideia principal a constatação de que a literatura pode ir além das limitações da realidade imediata, conectando o leitor a dimensões mais profundas da experiência humana, da imaginação e da reflexão. Através da literatura, é possível transcender as fronteiras do tempo, do espaço, e até mesmo das próprias limitações pessoais.
Jorge Luis Borges. Borges acreditava que a literatura tem o poder de abrir portas para outros mundos e expandir as fronteiras do conhecimento e da experiência humana. Ele dizia: "A literatura não é outra coisa senão um sonho dirigido". Já Gabriel García Márquez, em seu realismo mágico, misturador do real com o fantástico, permitiu que a literatura se tornasse um meio de transcender a realidade mundana e explorar o extraordinário dentro do ordinário. E é isso que a colunista Joema Carvalho, poeta, escritora escreve em seu texto abaixo. Parabéns. Volta sempre:
LITERATURA PARA ALÉM DO ENTENDER
Joema Carvalho
Além do entender, a literatura permite o transcender.
Uma porta fechada, pode ser uma oportunidade para fazer o rio correr por debaixo da fresta da porta. Uma barragem onde a água fica represada por um tempo e quando chega ao limite do reservatório em densidade e consistência, transborda. Ou então, se esparrama em diversos meandros. Lewis Carroll comprova essa hipótese na “filosófica” história de Alice.
O realismo fantástico, como em Macondo e os textos que descontroem o significado obvio, ou padrão das palavras, ou as utilizam de forma fora da expectativa e os excessos de uma prosa que tira os pés da realidade, interiorizam possibilidades que tocam os padrões estruturais e celulares de uma pessoa. Guimarães Rosa brinca com o jeito de escrever e a linguagem é a própria cultura, o caminho que segue as Veredas em busca d'água. Um não é uma oportunidade de se reinventar, tirar vantagem da desvantagem, como se fosse a cartola de um mágico, nas Sete Faces do Dr. Lao.
A angústia de um suspense ou de uma história de terror, onde não se sabe o que está por trás de uma porta, pode refletir a expectativa diante da nossa falta de conhecimento e insegurança sobre os mistérios que nos envolvem e a oportunidade por traz disto, ou seja, um mar inteiro a ser navegado. De repente, um espelho que expõe o nosso lado reptiliano que por conceitos de certo e errado criados e recriados ao longo do tempo e através de diferentes culturas, se mantêm escondidinho e, quando menos se espera, aflora. O que era doce torna-se salgado, uma pesto com diversas ervas, um vinho encorpado, ácido, com diversos aromas, envelhecido, com taninos do barril de carvalho e da própria fruta, complexo... que não irá agradar a todos. Os magos Clarice Lispector e Willian Shakespeare, traduzem em hieróglifos literários a essência dentro das pessoas e as convida para um mergulho dentro de várias de suas facetas dentro da dinâmica da sociedade. Assim como os símbolos de Umberto Eco que nos conduzem às bibliotecas secretas de conhecimentos antigos.
A literatura faz quebrar o mecânico que constrói um indivíduo, com base em uma fórmula de sucesso como se fosse boneco de cera ou ratinho de laboratório. De quem aplica notas, com base em um conceito e aspecto e torna alguém melhor ou pior com base nisto. Nos traz a empatia de um processo próprio e a certeza da necessidade das boas e saudáveis relações humanas, como fonte de vitalidade. Deixa claro que um livro é muito, dentro de um processo humano e humanizado. Nos faz reverenciar quem veio antes e o legado que deixou. Isabel Allende nos envolve na Casa dos Espíritos e com a pitada histórica presente em seus romances.
Mais do que compreender, a literatura deve nos proporcionar o sentir, linguagem universal que vai além dos indivíduos da mesma espécie. Nos faz ver o outro, como algo que possui a liberdade ser o que ele é. As fábulas e os contos de fadas são lindos nesta construção. A transformação do belo em bruxa e do feio em belo, a quebra do conceito e da expectativa, o grilo falante ou um mensageiro dos ambientes naturais, daquilo que não sabemos. A conexão com a cultura ancestral que se camufla com a interpretação da natureza expressa na obra de Mia Couto.
Incorporar a educação do sentir no processo inicial de um ser humano, facilita as suas habilidades, sejam lá quais forem. A literatura é uma ferramenta para ser incorporada neste processo.
A algema de cristal de um conhecimento sem sentir, é perigosa. Fernando Pessoa coloca que “Estou farto de semideuses”.
Mhario Lincoln resolve: "Chega! Vou tirar o calção/ E me entregar / Às chuvas de verão", despido do ego que grita, em sintonia com a alma, que sussurra.
Tornar-se suscetível e vulnerável ao conhecimento sensível, as realizações e aquilo que cada qual deseja é resultado da literatura lida com as quatro faces do nosso corpo: física, mental, emocional e espiritual, desmembrar o ser humano em partes, é torná-lo manco.
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Luas & Hormônios
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