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Do coronel Carlos Furtado (AMCLAM): "São Luís: a Ilha que Canta a História"

Carlos Furtado é convidado da APB.

13/09/2024 às 10h26
Por: Mhario Lincoln Fonte: Carlos Furtado
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Cel Furtado com a esposa.
Cel Furtado com a esposa.

 

Carlos Furtado  

No dia 8 de setembro, São Luís do Maranhão celebrou mais um aniversário, e a cidade se veste de festa. A data marca a fundação da ilha pelos franceses há 412 anos, mas o espírito de São Luís transcende suas origens históricas. A cidade é um complexo mosaico cultural, cujas camadas de história e diversidade enriquecem seu vibrante tecido.
Localizada entre as baías de São Marcos e São José de Ribamar, São Luís parece ser feita de histórias, mais do que de terra e mar. Suas ruas são corredores de memórias que testemunharam a chegada dos franceses, a invasão dos holandeses e a colonização portuguesa. Cada passo dado pelas calçadas de paralelepípedo é como virar uma página de um livro antigo, revelando capítulos fascinantes da cidade.
Andar pelo Centro Histórico de São Luís é uma verdadeira viagem no tempo. As casas revestidas de azulejos portugueses, com seus padrões intrincados, refletem o sol da tarde e lançam sombras que narram histórias do passado. Os casarões coloniais, alguns restaurados e outros em ruínas, mostram um passado glorioso e um presente que insiste em vibrar. Em cada esquina, um artista ou artesão continua o trabalho de seus antecessores, mantendo vivas tradições seculares.
Cada logradouro — rua, avenida, praça, igreja — é um microcosmo da cidade, onde se pode sentir a pulsação de São Luís. Os sons das conversas animadas e dos bate-papos; o aroma inconfundível da comida, que resulta da contribuição dos povos indígenas, africanos e portugueses, mescla sabores e cria uma gastronomia própria. Aqui, a história não está confinada aos livros; ela vive e respira em cada movimento, em cada sorriso.
Ao cair da noite, quando a cidade se acalma, é possível ouvir o sussurro das histórias e lendas que pairam sobre os telhados. A brisa que passa entre as ruas parece cantar um hino de celebração. E não se trata apenas da canção que Inácio Cunha (1906-1968), importante escritor e jornalista maranhense, compôs com a música de Carlos Costa em 1928, celebrando a cidade. Essa é uma história para aqueles que se interessarem em entender por que aquele hino foi substituído.
No aniversário de São Luís, a cidade não apenas comemora seu passado, mas também celebra sua capacidade de abraçar o futuro, mantendo sua essência enquanto se adapta às mudanças. Uma cidade que olha para trás com orgulho e para frente com esperança, sempre carregando a marca de um legado que é tão profundo quanto o próprio mar que a abraça.
São Luís é mais do que uma data no calendário: é uma sinfonia de histórias e experiências que continua a tocar, mesmo enquanto se transforma. A ilha que canta a história revive mais um ano, cheia de promessas e sonhos, enquanto seu coração pulsa forte e vivo, celebrando sua rica tapeçaria de passado e presente.
Nosso torrão natal que amamos, lugar de nascimento dos ludovicenses, é onde temos enterrados nossos "umbigos". Após o nosso grito de estreia, São Luís é que recebeu nossos primeiros passos em seu solo cheio de encantos. É por isso que poetas, no aniversário da cidade, expressam seus sentimentos dedicando versos que capturam a essência e o espírito deste lugar sagrado.
São Luís também recebe homenagens em forma de poemas, canções, pinturas e peças científicas. A obra "O Poeta Nacional", de Raimundo Clarindo Santiago, poeta, jornalista e orador, resplandece o orgulho por São Luís e de onde retiro os seguintes excertos: “Explicam geólogos que, segundo todas as probabilidades, a Ilha do Maranhão se formou lentamente, através das aluviões trazidas pela água e depositadas camada sobre camada. ...As águas trouxeram para São Luís crianças que, com o tempo, fizeram a glória do nosso estado. ... Das quatro figuras máximas, pedras angulares do edifício da Athenas Brasileira — Gonçalves Dias, João Lisboa, Gomes de Souza e Odorico Mendes —, somente o último é ludovicense”.
Mas o título de Atenas Brasileira foi conferido à cidade em razão do seu destaque no campo da cultura e das artes no Brasil, como um importante centro cultural e intelectual e uma vida acadêmica e literária bastante ativa que orgulha os poetas ainda mais. 
A cidade ficou conhecida por seu ambiente efervescente na literatura — tanto poesia quanto prosa — e demais atividades culturais, destacando-se como um polo cultural, comparável à Atenas da Antiguidade em razão de sua contribuição para o cenário intelectual e artístico, refletindo o prestígio e a importância que São Luís tinha no contexto cultural e literário do Brasil naquele período.
Com o passar do tempo, diversos compositores e cantores também dedicaram verdadeiras obras-primas à cidade. Alcione, em 1978, com o baião "Todos Cantam Sua Terra", exaltou as belezas naturais e culturais de São Luís. César Nascimento, em 1989, com o reggae "Ilha Magnética", destacou a beleza e riqueza cultural. Carlinhos Veloz, em 1992, com "Ilha Bela", ofereceu uma vibrante homenagem à cidade e à cultura afro-brasileira.
No entanto é a "Canção de Louvação a São Luís", de Bandeira Tribuzi, composta em 1977, que reflete com mais precisão a alma da cidade, é uma verdadeira ode a uma cidade que nunca deixa de se reinventar. A canção exalta as belezas e os encantos de São Luís, falando do passado, presente e futuro, e foi adotada oficialmente como o hino da cidade: "Ó minha cidade, deixa-me viver / Que eu quero aprender tua poesia / Sol e maresia, / lendas e mistérios / Luar das serestas / e o azul de teus dias. / 
Quero ouvir à noite / tambores do Congo / Gemendo e cantando / dores e saudades / A evocar martírios, / lágrimas e açoites / Que floriram claros / sóis da liberdade /.
Quero ler nas ruas, / fontes, cantarias / Torres e mirantes, / igrejas, sobrados / Nas lentas ladeiras / que sobem angústias / Sonhos do futuro, / glórias do passado /".
São Luís não é apenas um lugar, é uma experiência, um sentimento que transcende o tempo.

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