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“AS CORES DO SWING”, livro de Augusto Pellegrini. Capítulo 21 – “O neo-swing – Parte 3”

Augusto Pellegrini é membro da Academia Poética Brasileira.

Mhario Lincoln
Por: Mhario Lincoln Fonte: Augusto Pellegrini
30/01/2025 às 09h27
“AS CORES DO SWING”, livro de Augusto Pellegrini. Capítulo 21 – “O neo-swing – Parte 3”
Augusto Pellergini

Augusto Pellegrini

Musicalmente, neo-swing é uma mistura maluca que coloca no mesmo recipiente o jazz, o swing, o blues, o rock-a-billy, o rock e os diversos ritmos da dance music, e tudo é geralmente executado com intenso vigor, unindo metais estridentes a um som “high-tech” e mantendo uma frequência de beat alucinante. O swing revival contém os mesmos ingredientes, mas pode também transportar o público para uma atmosfera manhosa regada a muito blues.


Em vez do palco estático, que fora a tônica do passado com as orquestras lideradas pelos grandes bandleaders, estas bandas do século vinte e um se exibem ao vivo de uma forma absolutamente dinâmica, com base num som sampleado ou não. A apresentação das bandas é geralmente apoiada por imagens em telões estrategicamente distribuídos pela casa, complementado por um som surrounding e por delirantes efeitos luminosos.


As bandas de neo-swing e de swing revival começaram a se multiplicar, com muito swing e muito happening, uma festa para os olhos e para os ouvidos – The Big Bad Voodoo Daddy, The Cherry Poppin’ Daddies, The Royal Crown Revue, The Squirrel Nut Zippers, Lavay Smith & Her Red Hot Skillet Lickers, The Brian Setzer Orchestra e Ingrid Lucia & The Flying Neutrinos – muitas batizadas com nomes estranhos ou que podem dar margem a uma dupla interpretação. Estas bandas fazem um grande sucesso com a sua mensagem ao mesmo tempo vintage e moderna, frenética e atualizada, com um line-up voltado para as big bands e com um andamento geralmente mais empolgante do que o das orquestras de swing do passado.


Estas orquestras têm se notabilizado por excursões feitas ao redor do mundo, e têm muito material registrado desde o início da febre revival, que aconteceu no final dos anos 1980. Todas estas bandas possuem um intenso apelo visual, de modo que é muito mais gratificante assistir aos seus shows ao vivo ou em vídeos do que simplesmente ouvir suas gravações sonoras. 


A maioria delas faz referência a estilos e ritmos que surgiram bem depois do swing e que incrementaram a pulsação da música americana – rock-a-billy, rock, punk, hip-hop, jump-blues, ska – e também manifestações mais antigas como o blues, a country music, o mambo, a salsa e o calypso. Com exceção das músicas já consagradas pelo cancioneiro americano, as letras são de uma maneira geral ligeiramente impróprias.
Uma das características destas bandas é e presença de um cantor performático, a exemplo do que acontece nas bandas de rock, conduzindo os músicos como um maestro, com sua movimentação de palco, seus efeitos de dança e suas caras e bocas.


A banda Big Bad Voodoo Daddy, comandada por Scott Morris (cantor e guitarrista) e Kurt Sodergren (baterista e percussionista), tem uma pegada caribenha. Gravou alguns álbums importantes como “Big Bad Voodoo Daddy”, “This Beautiful Life” e “Save My Soul”, e emplacou algumas músicas em paradas internacionais, como ”Mambo Swing”, “Go Daddy O”, “You And Me And The Bottles Makes Three Tonight”, “Why Me?” e “Mr. Pinstripe Suit”.


A banda Cherry Poppin’ Daddies é comandada pelo cantor e guitarrista Steve Perry, pelo baixista Dan Schmid, e pelo tecladista Dustin Lanker. Possui entre os seus álbuns “Ferociously Stoned”, “Rapid City Muscle Carr”, “Soul Caddy” e o mais recente “White Teeth, Black Thoughts”, e chegou às paradas com os singles “Zoot Suit Riot”, “Drunk Daddy”, “Brown Derby Jump”, “The Babooch” e a tradicionalíssima “Fly Me To The Moon”. Seu estilo é bastante swingado.


A banda The Royal Crown Revue, é comandada pelo cantor Eddie Nichols e pelo saxofonista-tenor Mando Dorame. Gravou diversos álbuns, entre os quais “Kings Of Gangster Bop”, “Mugzy’s Move” e “Passport To Australia”, sendo conhecida pelas músicas “Barflies At The Beach” (uma versão adaptada de “Sing Sing Sing”), “Hey, Pachuco”, “Inner City Swing”, “Zip Gun Bop” e por uma leitura moderna de “Something’s Gotta Give”.
A banda The Squirrel Nut Zippers, comandada pelo cantor e guitarrista James “Jimbo” Mathus e pela cantora, banjoísta e tocadora e ukelele Katharine Whalen, tem registrados os álbuns “The Inevitable” e “Hot”, e alguns singles de sucesso, como “Hell”, “Evening At Laffite’s”, “Put A Lid On It”, “Lover’s Lane” e “The Suits Are Picking Up The Bill”. A banda tem uma pegada que remete ao som do jazz tradicional dos anos 1920, e toca com bastante humor e competência.


Lavay Smith é uma cantora de jazz e blues que formou a banda Red Hot Skillet Lickers e ingressou no swing revival com dois álbuns que emplacaram nas paradas, “One Hour Mama” e “Everybody’s Talkin’ ‘Bout Miss Thing”, apresentando as músicas “Big Fine Daddy”, “Gee, Baby, Ain’t I Good To You?”, “Everybody’s Talkin’ ‘Bout Miss Thing” e as velhas “Blue Skies” e “Between The Devil And The Blue Sea”. O grupo praticamente não utiliza recursos eletrônicos, sendo mais voltado para o jazz convencional e para o blues, e a voz de Lavay possui a marca das grandes cantoras de swing.

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JAIMEHá 2 semanas BSB/DFComo sempre presidente, Augusto Pelegrini e o senhor, só engrandecem a nossa cultura, com magníficos escritos.
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