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Da professora Renata Barcellos: “2025: Ensino e Geração Beta”

Renata Barcellos é colunista espontanea da Plataforma Nacional do Facetubes.

Mhario Lincoln
Por: Mhario Lincoln Fonte: Renata Barcellos
18/02/2025 às 20h20
Da professora Renata Barcellos: “2025: Ensino e Geração Beta”
Prof. Renata Barcellos

 

Renata Barcellos (BarcellArtes) 

Mais um ano letivo para quem está envolvido com instituições de ensino: da Educação Básica a Superior. Mas este é um daqueles especiais com o início de uma nova geração:. Desde 2 de janeiro, todas as crianças nascidas entre 2025 a 2039 farão parte do grupo demográfico denominado Geração Beta.  Segundo pesquisadores, esta crescerá em um ambiente totalmente digitalizado e dominado pela inteligência artificial. E como lidar com essas novas características se os profissionais da área da educação (coordenadores, diretores, professores, inspetores, merendeiras...) são de gerações anteriores? Uma das discussões recorrentes em 2024 foi o uso da IA em sala de aula. E isso tem desestabilizado professores no que tange as práticas pedagógicas e as avaliações a serem aplicadas. Lamentavelmente, sala de aula está se tornando missão impossível!!!

As gerações anteriores foram:

* Geração Alpha (2010-2024): primeira geração do século XXI, crescendo com IA e tecnologia ubíqua.

* Geração Z (1997-2009): nativos digitais que nunca conheceram um mundo sem internet.

* Millennials ou Geração Y (1981-1996): testemunhas da virada do milênio e da revolução digital.

* Geração X (1965-1980): primeira geração que cresceu com computadores pessoais.

* Baby Boomers (1946-1964): nasceram durante o crescimento económico pós-guerra.

* Geração Silenciosa (1928-1945): Eles cresceram na reconstrução do pós-guerra.

* Geração Grande (1901-1927): Eles viveram a Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial.

Dessa forma, ao longo da história, constatamos como a cada momento há características diversas. Entretanto, a formação dos profissionais de educação não acompanha a evolução. Muitos são contra o uso de tecnologia na educação. Os espaços físicos ainda sem adaptação não só quanto aos recursos tecnológicos (internet, laboratório de informática...) como também à acessibilidade das pessoas com deficiências diversas.

 

Como pesquisadora de Literaturas, âncora do Programa Pauta Nossa (Mundial News RJ), fundadora do BarcellArtes e membro de diversas academias, constantemente, viajamos pelas regiões do país. E, devido a isso, podemos assegurar que temos BRASIS pela diversidade gigantesca deste território (só da parte dos povos originários - há de acordo com o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –IBGE-, cerca de 305 etnias indígenas). 

 

Com base na nossa realidade cultural e linguística, infelizmente, as instituições de ensino não contemplam a diversidade nas aulas das diferentes disciplinas ministradas. A nação tem uma extensão territorial enorme. Quando saímos do “nosso mundo” nos deparamos com muitos mundos distintos. Pelo interior do país ainda pobreza excessiva além da falta de escola, posto de saúde, sinal para TV, internet... Onde ficam os direitos humanos (ao menos, o mínimo para se viver dignamente)? E os espaços de lazer (praças e quadras de esporte) e de cultura (bibliotecas e casas de cultura...)? E o incentivo à leitura? Aulas de artesanato, culinária, Artes plásticas... Os secretários de cultura e de esporte precisam pôr em prática atividades diversas nessas áreas. É preciso dar vida aos povoados, bairros... Incentivar as crianças e os jovens a pensarem no seu futuro, investirem na sua formação. Aos adultos, se for preciso recomeçar, por que não? Voltem a estudar, se capacitem na sua área ou mudem se assim desejar. Estão em relacionamento abusivo, denunciem (disquem 100 para denúncias de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes; 190 para denunciar situações de violência contra as mulheres e 191 para denunciar casos de violência sexual de crianças e adolescentes nas estradas brasileiras) e se reinventem. Sejam FÊNIX!!! Atenção às mudanças de comportamento das crianças e adolescentes!!!

 

Fato lamentável, mais um ano inicia e muitos profissionais manterão práticas hoje “inadequadas” pelas mudanças do perfil do alunado. Conteúdos e sequências pedagógicas precisam ser remodelados, ajustados à atualidade. Contudo, vale ressaltar que as licenciaturas ainda não preparam devidamente os futuros profissionais. O próprio professor pesquisador faz parte de outra geração e não orienta para o lidar com o alunado de hoje. Não vive a dura realidade da Educação Básica (independente de ser pública ou privada) responsável por inúmeras licenças. No Brasil, em 2017, mais de 285 mil vínculos de professores registraram pelo menos um afastamento devido a acidentes de trabalho ou doença. Os números equivalem a um afastamento a cada 2 minutos.

 

Dessa forma, é preciso debater as causas do absenteísmo docente até na Educação Superior. Triste realidade!!! As ausências estão associadas à violência escolar,  à  depressão, à ansiedade e a problemas respiratórios recentes. A multiplicidade de tarefas, as condições de trabalho e a desvalorização da profissão têm impactado a vida de muitos profissionais de ensino, produzindo dinâmicas de adoecimento e afastamento das salas de aula. Só quem está em sala de aula sabe as agruras que passa. Pior quando ainda há o assédio moral. Sem paz dentro e fora de sala. Como ter boa saúde mental assim? Viver em campo minado. Sempre sofrendo algum tipo de abuso.                                  

 

Urge nos conscientizarmos de que o processo de aprendizagem exige estudo, reflexão... É uma construção solitária também. Há um momento no qual o silêncio faz-se necessário. Principalmente, para a escrita. Redigir é um processo solitário. É um mergulho no nosso mais profundo interior. Momento de estabelecermos relações entre as diversas áreas do conhecimento. Muitas vezes, as ideias só surgem no ato da escrita e em um momento só seu.

 

As crianças, jovens e adultos precisam acreditar no seu potencial e no poder de transformação do conhecimento. Olharem a sua volta e perceberem o que pode fazer para melhorar onde mora, estuda, trabalha... Proponham projetos, façam parcerias... Contribuam para uma sociedade acessível e sustentável de fato. Todos temos alguma habilidade. Podemos ajudar sem ser necessariamente com o financeiro. Podemos realizar algum tipo de trabalho.                                                                                                                      

 

Passamos por tantos vilarejos e vemos tantas crianças e jovens sem acesso à escola, sem ter uma atividade... E as indagações: são leitores? Qual será o futuro deles? Quais Brasis estamos construindo com as três últimas gerações? Estamos formando cidadãos solidários? As gerações Z, Alfa e Beta cuidarão dos idosos, do meio ambiente? São muitas as questões que afloram na nossa mente quando se põe pé na estrada e se desbrava os Brasis. Pôr o pé na estrada e na sala de aula é preciso para conhecermos a dura realidade na qual estamos inseridos. Só quem vivencia tem autoridade para emitir considerações. Que a Geração Beta cresça com sede de conhecimento e resiliente para lutar por um mundo onde haja justiça, solidariedade, respeito, acessibilidade para as pessoas com deficiência... Que sejam antes de tudo HUMANOS !!!

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Adriano de Alvarenga Azevedo Há 3 semanas Rio de Janeiro Agora fixou na minha mente as datas das gerações. Revolução digital e fico imaginando oque vem na próxima geração e outros adventos...
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