Cel. Carlos Furtado, convidado da Academia Poética Brasileira.
A chama se apaga como um vento frio, silenciando a melodia que antes preenchia os dias. O mundo, que antes dançava em cores vibrantes, agora se veste de um cinza opaco, e cada passo ecoa em um vazio que parece interminável.
A lembrança da voz que se calou ressoa em cada canto, um fantasma doce-amargo que nos visita em momentos de quietude. O riso, antes tão presente, agora é uma estrela distante, brilhando em um céu que já não podemos tocar.
A saudade se instala como um inquilino permanente em nosso peito, apertando o coração em momentos inesperados. As lágrimas, que vertemos em ondas de nostalgia, são um rio que lava a alma, mas não apaga a marca indelével da ausência.
A rotina, antes tão familiar, agora nos confronta com a falta da presença que a preenchia. A cadeira vazia à mesa, o silêncio no lugar da conversa, o espaço no abraço que já não se completa.
A dor da perda é um labirinto escuro, onde nos perdemos em meio a perguntas que não encontram respostas. A revolta, a tristeza e a incredulidade se misturam em um turbilhão de sentimentos que nos consomem.
Mas, em meio à escuridão, uma luz tênue começa a despontar. Aos poucos, a aceitação nos estende a mão, guiando-nos por caminhos de resiliência e esperança. As lembranças se transformam em um bálsamo, aquecendo o coração com a certeza de que o amor que permeou nossa existência jamais se extinguirá.
A ausência física se transmuta em presença eterna, habitando cada fibra do nosso ser. E, embora a saudade continue a nos visitar, aprendemos a conviver com ela, transformando a tristeza em memória viva, e a perda em um tributo à beleza da vida que foi vivida ao lado de quem tanto amamos.
Que continuem a ser estrelas brilhantes no firmamento celestial, tal como foram aqui na Terra.
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Este texto é dedicado ao meu tio Dário, falecido em 08/04; ao meu irmão Fernando, em 21/04; ao amigo Maj. PMMA André Felipe, em 30/04; e ao senhor José Gonçalves (avô do meu genro Thiago), em 1º/05.