Zeca Tocantins, compositor, músico, poeta é convidado da Plataforma Nacional do Facetubes.
A dualidade das coisas se faz muito presente na nossa existência, isso de certa forma é assustador, é como se o bem e o mal, o certo e errado fossem a mesma coisa, partes do mesmo objeto. A maneira como utilizamos é que faz a diferença, peguemos um quebra-cabeça como exemplo, as peças estão lá, se colocadas corretamente irão compor o todo, pois cada peça é parte importante da composição. Mas não é tão fácil assim, nem sempre as colocamos nos lugares certos, aí começa o drama.
A vida é isso; peças certas nos lugares certos. Uma faca dentro de uma casa tem muitas utilidades, mas ela também serve para tirar a vida de uma pessoa, ou seja, o mesmo objeto gerador de vários benefícios também pode ser causador de uma tragédia. Será isso o "livre arbítrio", parte que nos cabe nessa construção?... É possível, a vida não vem de graça como pensamos, tem a contrapartida que insistimos em não enxergar. Não vemos, mas também não podemos negar que esforços bem intencionados conseguem melhorar a vida coletiva. Assumindo responsabilidades com a existência, passamos a ter compromisso com tudo que tem vida; rios, árvores, bichos...
Diante das imposições do mercado, muitos destes valores vão ficando esquecidos, os interesses vão falando mais alto, só mais tarde vamos descobrir que há um homem bom e outro ruim dentro da gente e, infelizmente, o bom está morrendo desnutrido, vai crescer aquilo que você alimentou. Mas essa ausência nem chega a causar preocupação, o mundo do ter dominou a civilização, as aparências são mais valiosas que o conteúdo. Pessoas assim terá sempre a disposição um meio propício ao seu estilo de vida e, ainda por cima, belos discursos são proferidos até por grandes canalhas.
Essa inclinação causa desequilíbrio no planeta, uma ferida na humanidade, o resultado são os bens concentrados nas mãos de poucos e a grande maioria padecendo os horrores da fome, da falta de oportunidades, de políticas que lhes conduzam pelos caminhos da liberdade, é impossível se falar de liberdade com estômago vazio. O ser humano é uma moeda valiosa, mas está deixando de alimentar seu lado mais precioso, seduzido por tudo aquilo que o dinheiro pode comprar. (Z T).