Carlos Furtado
Hoje, 22 de outubro de 2025, fazem exatos cinco meses que minha amada mãe partiu ao encontro do meu pai no Paraíso.
Ele, que a antecedera trinta e cinco dias antes — no dia 17 de abril —, parecia esperá-la como quem aguarda o reencontro de uma vida inteira.
Conversando com um médico amigo da família, ao recordar meu pai, me disse: “Teu pai era aquele homem que tinha a vida nos olhos.”
E tinha mesmo. Havia nele uma firmeza serena, uma dignidade rara — dessas que não se rendem ao tempo nem à dor.
Enfrentou a própria partida como quem compreende que a morte é apenas uma mudança de casa.
Mamãe, em sua doçura, foi ao seu encontro com a mesma paz com que viveu.
Singela, pura e inteiramente dedicada, encerrou sua missão terrena com o gesto mais sublime do amor: o de continuar caminhando ao lado dele, mesmo além da vida.
Foram sessenta e cinco anos de comunhão, cumplicidade e ternura — uma história escrita a duas mãos, agora repousando nas páginas eternas do Criador.
Cumpro hoje meu dever de cristão, elevando o pensamento em prece para que suas almas descansem em paz.
Enquanto isso, aqui na terra, a saudade conversa comigo todos os dias — e, em silêncio, agradeço por ter sido filho de dois seres que transformaram a vida em lição, e o amor, em eternidade.

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