QUINTA COM POESIA
Membros e convidados da Academia Poética Brasileira
POEMA DO ADEUS
04.11.2021
Antonio Oliveira
Deus só me deixou vivo (...)
que é pouco (...)
e se não bastasse (...) por
natureza tenho a ingratidão
(...) tudo isso é muito (...)
além de fazer mal aos outros (...)
em mim muito mais
ainda (...). Principalmente
àqueles que me fizeram o bem (...).
A Ti, por exemplo, (...)
de tudo e todos o senhor (...)
pecar a todo instante (...) e
ter a certeza disso (...) como
posso querer o paraíso (...)
atormentado por tudo isso (...).
Quero dizer que
não inventei o pecado (...).
Quando nasci já havia em mim
sido plantado (...) não sou
responsável pelos erros dos
outros (...).
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TAUTOGRAMA D
Luciah Lopez
Dias densos...
Diante das dúvidas, dizes do desespero
Desses desejos dilacerantes
dessas desistências ( deliberadamente doentias).
Dias...
Dependência dos demais desejos
dorme ( desinfeliz!)
desviado desapego desce desavisado ___desmorona!
Densidão...
Daquele desatinado destino, descabelado, desejoso
desacreditado
dormente
desfalecido,
despido de amor dorme!
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SÓ MAIS UMA VEZ
Francisco Baia
Amei,
Amaste,
Briguei,
Brigaste,
Reatei,
Reataste,
Te poetizei,
Aceitaste,
Te dei a mão,
Apertaste,
Te abracei,
Me abraçaste,
Beijei,
Beijaste,
Deitei,
Deitaste,
Foi bom disseste,
Banhei,
Banhaste,
Sair,
Saíste,
Adeus falaste,
Não entendi,
Estarrecido fiquei,
Quem sabe quem dia talvez?
Pois, por hoje , FOI SÓ MAIS
UMA VEZ, externaste.
Chorei.
Francisco Baia.
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Daniel Mauricio
Um poema de Amor
Não foi amor
A primeira vista.
Saudosa minh'alma
De tuas carícias,
Quando te reencontrou
Deu até um pulinho
Feito pardal no beiral
Sozinho,
Que festeja a chegada
Do seu predestinado par.
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Francisco Tribuzi
Quando me perco dos teus olhos
O chão parece um abismo
Feito de nuvens e ventos
(Tempo sem memória)
Onde só a solidão me alcança
No vazio das horas mortas
Quando me perco dos teus olhos
Os barcos sumindo horizontes
Na imensidão do mar dentro do breu da noite,
Arrastam, na ventania
Entre espumas de sal e silencio.
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O POETA E O FILÓSOFO
Rogério Rocha
É preciso lembrar que:
O filósofo desce com o saco de lixo
O poeta tem pensamentos fixos
O filósofo toma sol na beira da praia
O poeta compra pão na esquina
O filósofo se embebeda na farra
O poeta fala mal de seus pares
O filósofo tem falhas de memória
O poeta esconde uma vida medonha
O filósofo acorda com mau hálito
O poeta tem forte dor de barriga
O filósofo já deserdou a família
O poeta também escreve porcarias
Vamos combinar que:
O poeta tem dias de ódio e cegueira
O filósofo compra bananas na feira
O poeta erra o cálculo matemático
O filósofo curte memes bombásticos
O poeta pega ônibus para o trabalho
O filósofo penteia seu filho pequeno
O poeta esquece a descarga da privada
O filósofo, no sofá, cochila, ronca e baba
O poeta discute com o vizinho drogado
O filósofo tem um filho melhor que ele
O poeta ‘faz panela’ com outros poetas
O filósofo atropela um pombo desatento
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Amor alado.
Autora: Alcina Maria Silva Azevedo.
Voa, voa, meu amor alado
E traga esse homem
Que é um doce pecado
E está bem longe de mim.
Leve pra ele
Todo meu desejo
Me entrego em seus braços
E esqueço do pejo.
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SOCORRO GUTERRES
Veredas
Diadorim:
Sol e Lua,
Alma nua,
Amor, enfim.
Riobaldo:
Ser tão fechado,
Ensimesmado
Entre Deus e o Diabo,
Pensando em Diadorim.
Vida aflita,
Ainda que bonita,
Que grita por Satanás.
Mas quem responde
É a aragem do solo sagrado
Que não se pode abarcar.
E como Diadorim,
É também neblina sem fim,
No viver de Riobaldo.
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Amor impossível
Elvandro Burity
Quero alcançá-la...
Num abraço bem forte
apertá-la em meus braços...
Quero que tudo desapareça...
Que somente nós dois existamos.
Nossos lábios se tocando...
E eu, demais, te querendo...
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