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Escritora e poeta Joema Carvalho fala do livro “A Bula dos Sete Pecados”, em três momentos especiais

Joema Carvalho é membro da Academia Poética Brasileira, seccional do Paraná

Mhario Lincoln
Por: Mhario Lincoln Fonte: Joema Carvalho/Mhario Lincoln
12/03/2025 às 08h50 Atualizada em 12/03/2025 às 10h29
Escritora e poeta Joema Carvalho fala do livro “A Bula dos Sete Pecados”, em três momentos especiais
A saga da lagarta com chapéu de dedal

 

1 - A Bula dos Sete Pecados de Mhario Lincoln

Joema Carvalho*

 

Uma bula que “orienta o usuário sobre o uso seguro de um medicamento” através de poemas, prosas e excertos. Uma dinâmica sensação de sedução através de palavras quando elas se combinam com paixão e amor. Um “Shakespeare Apaixonado” e latente. Àquele que expressa o onde todos querem chegar em seu ápice supremo – “minha cabeça, dou-a ao cadafalso que a guilhotina corte a jugular de uma saudade desatina”....”imerso em chamas, dependente, indulgente”.......”poeta que pisou em flores para matar paixões”....”ultimamente sinto que teus braços têm gosto de fuga”....”trespassa-me a alma e seguirei a nota da luz”. “Avermelhou meu lume ...do choro de tua saudade”...”Enfoderando-se”...então...“De chá em chá”, o insucesso de quem busca uma “Bula” mágica para aquilo que não tem cura... Trânsito direto através da ponte do passado clássico, recente e atual, sob um mesmo tema....”hecatombe de todos os meus amores, meu sofrer. Nuances .... buscando a força da manopla. Homérica luta dos quixotes a procura de prazer”....”A la Bonaparte....por paixão, tornei-me enclausurado”.

Morte da noite: dengue ou dengo?

Eu & Ele, um micro que se envolve no macrocosmo, se camufla com fatores e elementos naturais e místicos. Lindo e forte!

Seguindo na ponte através do tempo, o que perdemos e o que ganhamos com o nosso processo evolutivo: “Bíblia Sagrada, La Fontaine, Stanislaw, Maiakovski, Dante, Quixote....mais fácil do que ler um livro é ir ao cinema com uma amiga”. Parece que estamos passando por outro grande passo da história - Atropelamos e perdermos conteúdos, em troca de relampejos resumidos virtuais. O local do “não visto”, onde tudo passa despercebido, fez-me acreditar na existência de Atlântida e de tantas outras civilizações, transmitidas como se fossem meras lendas.

Enfim...”o clarim de combate, destarte, deve soar na consciência de todo Homem que tem semeado a Terra, no equinócio do vai-e-vem”.

Só mais um louco....Esqueço de ti. Eva ou Adão”...um nó na ordem lógica do que foi dito, “só mais um louco” em meio a tantos esquizofrênicos e/ou psicopatas sem tratamento, soltos na sociedade. Vida longa aos loucos que se assumem e se tratam com arte!!

 

Edição especial para assinantes.

Ode a pandora” instiga outro texto a partir do texto do Mhario sobre este mito. “A que tem todos os dons de pensar” jamais manteria portas, janelas, caixas fechadas. Sempre é e será motivada pela curiosidade e criatividade, custe o que custar.

Cupidos da agonia...felizes os que ouviram, da flecha no peito, o zunido ...infelizes os que desconheceram seu cupido...e morreram vivendo uma vida, que nunca viveram”. Este trecho continua nos “Excertos Meus”: ”Não deixe ninguém discutir sua relação, cada um tem sua digital e seu coração”. Somos joias raras e não podemos depender de algo ou alguém. A vida sempre segue.

Cheio de espiritualidade e conexão com o sagrado, respeito com as suas origens, terra natal - Maranhão, família e amigos. Emocionante o “Saudade, que nada” feito para sua mãe. Antecipa em uma reflexão o contexto gerador da pandemia em que nos encontramos em “A Ficção Endiabrada na Construção do Homem/Humanidade”, texto que nos engole na sua fluidez e lucidez.

Sextou” o texto, de quem nunca para, independente do dia da semana. Incansável meta de fazer florir a beleza em palavras e a suavidade do sussurro do som da alma, expressa através do mais íntimo de quem escreve com verdade.

 

A "BULA", no Cordel:

 

Bula que “orienta

usuário sobre uso

seguro da escrita

transcende e solta o fuso

um medicamento só

que poderá dar um nó

pensamento difuso





através de poemas

prosas, excertos lidos

prende-nos com algemas

compostos de fluidos

Enfodera” de magia

atemporal agia

Libertando arguidos

 

Homérica batalha

a procura de prazer”....”

quixotes na mortalha

Bonaparte no lazer

Místico e natural

La Fontaine marginal

Camuflam o que é só ver.

(Joema Carvalho)

 

EM TEMPO:

Joema Carvalho e Mhario Lincoln.

Relendo os poemas do Mhario Lincoln

 

Joema Carvalho

 

A Poética não é tanto um tratado de arte, quanto uma investigação filosófica sobre o fazer poético e a inserção prática das artes na boa formação dos homens. O propósito da Poética é o de definir a natureza e função da poesia (aspecto filosófico) ainda que apresente algumas instruções aos poetas (aspecto artístico). Há que se observar que para Aristóteles, filósofo grego, a poesia tem algo de filosófico, a poesia é mais filosófica que a história, por exemplo, pois enquanto esta se atém ao factível e particular, a poesia pode se direcionar ao universal1.

Um poema é síntese concentrada. Dificilmente, irá existir uma mesma leitura a respeito de um mesmo poema, feita por pessoas diferentes ou pelas mesmas pessoas em momentos diferentes. Dificilmente, o leitor irá acertar o que o autor pretendia com o que escreveu.

O ato da escrita é desapego. Um poema é um texto para ser lido e relido, com risco de um mesmo leitor, ter diferentes leituras sobre um mesmo poema. A liberdade poética deve ser verdadeira para quem escreve e para quem lê.

Foi publicado no Facetubes um texto meu sobre o livro do "A Bula dos Sete Pecados", do Mhario Lincoln2. No final de 2021, no Maranhão, o Mhario, presidente da APB, recebeu várias homenagens em função do seu trabalho. Dentre elas, na LIVE coordenada pelos professores Dino, Neres e Linda3, com a publicação e análise de alguns dos poemas dele.

Quando li os poemas nesta homenagem vieram muitas imagens, algo surreal. Quando escrevi o meu texto sobre o Livro “A Bula dos Sete Pecados”, estas imagens não foram tão evidentes, tive outras percepções. Uma leitura ou algumas leituras nunca são suficientes.

A liberdade poética permite que o trem da memória passe pela nossa porta e que nos faça questionar como estamos no nosso próprio caminho, quem somos neste tempo: “Todos os dias/ Passa o trem da memória/Pela minha porta”... “Perdido na última estação/Onde permanece inerte/Há muito, meu último coração”.

Uma prosopopeia que coloca vida em uma sandália perdida, mais humana que o próprio autor (!!), descalça, tentando resolver as paixões ainda latentes: “Você viu uma sandália perdida por aí?/ Insiste em ficar sozinha/ Ao invés de agasalhar os pés de um/ Poeta que pisou em flores/ Para matar paixões".

O Big Bang, como aqueles furacões pelos quais passamos em momentos de transição, uma despedida de uma relação e, depois a doçura da maçã, trazendo um novo amor: “.... veio o Big Bang/ e transformou/ em poeira/ a alma que amava”... “Depois veio a maçã/ e transformou/ em paixão/ o amor que revoava”.

O POEMA ÉPICO DE MHARIO LINCOLN: "A lagarta com Chapéu de Dedal"

O paraíso é um circo de ervilhas! Planta trepadeira da família das leguminosas, "Pisum satium" que quando transformada em uma flexão verbal, “ervilhar”, transforma-se em fazer ou falar bobagens, não dizer coisas sérias. Ou, o paraíso não é sério, nunca foi. A imagem de um paraíso feito de um circo de ervilhas é fantástica! O poema permite tudo, o jogo das palavras, os sentidos soltos que se costuram ou não aos olhos de quem lê. Como escritora, para mim é preciosa a leitura do outro.

Seguem imagens em um realismo fantástico através de um mundo paranormal, sendo o autor, um vendedor de mingau. Lagartas com chapéu de dedal. "Amnésias tremens" de um pierrô.... E a cavalaria não chegou.

Do jardim, local onde habitualmente ocorrem lagartas, passamos para alamedas antigas de carnaval com pierrôs e voltamos para períodos anteriores, no meio de cavalarias, logo na próxima frase, o texto nos leva para um safari na África, através do sorriso palrador de dona hiena. De acordo com a “Medicina da Hiena”, não importa a aparência das coisas e sim a essência. A hiena é um animal mamífero e carnívoro, que vive em bando. Nos ensina a importância de viver em coletividade, assim como a necessidade da comunicação honesta e aberta, a ter cautela com o que é dito para não ferir, deixa claro que a intenção não é gerar dor. Este poema segue para a lua e de lá, passa em uma panificadora onde se alimenta. Mas, não é tempo de murici (Byrsonima crassifolia, Malpighiaceae), árvore de fruta amarela, encontrada em todo território brasileiro e na América Central. Se não é tempo de murici, o autor é atemporal, está planta produz praticamente, o ano inteiro. Volta para casa e para talvez, para o mesmo jardim da lagarta, onde pendura o coração no varal. Parece que ancora os pés. O que faz pensar em como seria o cio do Einstein. Os pés voam, junto das palavras. A liberdade poética é a máxima. O compromisso é apenas com o texto. E a lagarta me levou para a infância, quando eu brincava no jardim de pegar lagartas do manacá-de-cheiro, nos dedos na minha mãe e da minha avó, dedais, a virtude dos trabalhos manuais e da culinária a quatro mãos.

Meu paraíso,/ é um Circo de Ervilhas./ Mundo, só meu, paranormal,/ lagartas com chapéu de dedal,/Amnésias tremens de um pierrô.... E a cavalaria não chegou; pena,/ sorriso palrador de dona hiena.... / sem ver a lua virar pão-de-queijo. Faliu a padaria,/ ...não é tempo de gente, é tempo de murici./ Mas ele deixou o coração pendurado no varal,... / nem imagino como Einstein ficaria no cio./ A lamparina morre, quando for, eu, acordar".

Entrei nas imagens como se fossem uma imaginação ativa. Seres inanimados criam formas, tem características emocionais e atuam, como se fossem resolver o impasse do poema.

Muitas vezes, o tempo de hoje, não permite visualizar as imagens do que é dito. Não temos mais o breu e a lamparina que condicionaram tantas fábulas, lendas e mitos. Uma pesquisa do google resolve tudo.

Os poemas estão aí. Ao contrário do que se esperava, além dos livros impressos, que não param de serem vendidos, há opções disponíveis e ofertadas em rede para quem quiser tirar os pés do chão e respirar.

Meu querido editor, Mhario Lincoln, continue com o seu múltiplo trabalho, nos proporcionando um mundo mais real, menos sintético, feito de magia e realizações que brotam de sentimentos.

Depois que o avião se tornou bélico, perdeu o sentido. Era para tocar a lua e as estrelas, levar flores e asas no coração e na alma humana, para transcender as guerras internas e externas.

****

Joema Carvalho, Poeta, Escritora, Membro da Academia Poética Brasileira, Engenheira Florestal, colunista da Plataforma do Facetubes, (www.facetubes.com.br).

 

VÍDEO BÔNUS

Performance da escritora e poeta Linda Barros em cima do poema épico de Mhario Lincoln: "A Lagarta com Chapéu de Dedal".

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Consultas:

1MEDEIROS, A. M., 2018. Sabedoria Política. Disponível em: https://www.sabedoriapolitica.com.br/products/a-poetica/). Acesso em: 07/01/2022.

2CARVLAHO, J. Joema Carvalho analisa o livro "A Bula dos Sete Pecados". Disponível em: https://www.facetubes.com.br/noticia/853/joema-carvalho-analisa-o-livro-qa-bula-dos-sete-pecadosq. Acesso em: 07/01/2022.

3 MHARIO, L. Mhario Lincoln participa de LIVE coordenada pelos professores Dino Cavalcante, José Neres e Linda Barros. Disponível em: (https://www.facetubes.com.br/galeria/281/mhario-lincoln-participa-de-live-coordenada-pelos-professores-dino-neres-e-linda). Acesso em: 07/01/2022.

 

 

 

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Raimunda Pinheiro de Souza FrazãoHá 3 dias São José de Ribamar Parabéns Mhario Lincoln! Parabéns Joema! Parabéns Linda Barros!
Joema CarvalhoHá 2 anos CURITIBAFoi uma honra escrever sobre A Bula dos Sete Pecados. Fiz com muito carinho e admiração. O Mhario Lincoln se oferta de forma plena a literatura brasileira. Merece muito! Agradeço os comentários! Grande abraço a todos!
Alcina Maria Silva AzevedoHá 2 anos Campinas SPJOEMA CARVALHO, foi brilhante na resenha do magnífico escritor e jornalista Mhario Lincoln, em seu lindíssimo livro: A bula dos 7 pecados. Eu tive a sorte de tb ler essa riqueza literária e, recebi um banho de luz. Abraço os dois.
Judith Bogéa Bittencourt Há 2 anos São luis-MASim, somos leves sopros e os poemas traduzem o canto do silêncio como: o cheiro do sorriso, o sabor das lágrimas, a vida em essência. É o amor. Grata aos Poetas Mhario Lincoln e Joelma Carvalho que nos permitem sentir a magia da vida.
Linda BarrosHá 2 anos São Luís -MaranhãoUma das mais lindas do autor, interpretar "Lagarta com chapéu de dedal" foi desafiador, é um texto extremamente delicado e cheio de nuances poéticas, mas foi uma honra. Já A Bula dos Sete é um primor de obra. Parabéns por este artigo.
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