Renata Barcelos
Ano letivo terminando, nós professores estamos às voltas com correções e cálculos para verificar se cada aluno atingiu a nota mínima. Isso mesmo “MÍNIMA”, porque não há mais quase interesse em manter as médias ou melhorá-las. Professor, hora de fazer mágica?
Hoje, o que interessa é “passar de ano”. Mas isso será o suficiente? Em um mundo cada vez mais competitivo, estará o aluno esquecendo de que passará por processos seletivos e deverá comprovar seus conhecimentos?Sabemos que, dependendo da instituição de ensino, há uma “pressão” para a aprovação. Infelizmente, somos reduzidos a números.
E se esses forem altos de reprovação, a instituição é mal-vista. Isso Implica uma série de questões como espaço físico para turma de repetentes … Infelizmente, tudo é pensado pela lógica da Matemática. Por exemplo, número de alunos repetentes x sala de aula x número de alunos ingressantes … Como sanar esta questão: espaço x aprendizagem?
Muitas vezes, são realizados pré- cocs, a fim de verificar os possíveis reprovados. E, quando chega o Coc oficial, “milagrosamente”, os alunos são aprovados e você que “reprovou” fica na “berlinda”: ajustar a nota para aprovação ou deixar o aluno em dependência e ter mais trabalho no ano seguinte? Que dilema!!!
Outra questão são os alunos com TEA (Transtorno do Espectro do Autismo)? Há os que se valem da decisão institucional de “APROVAÇÃO” e não se empenham. Pouco ou nada produzem porque, no final, serão aprovados. Isso é justo? Não se esforçam a se superarem? Acomodam-se? É preciso que o professor tenha formação e conhecimento para saber lidar com as diferentes especificidades. Seguem algumas leituras necessárias: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm e https://www.scielo.br/j/rbedu/a/PPfgrTp5g4bCWvpYLTYdbMK.
A psicóloga Izabel Cristina Silva Moura diz que “Os alunos com TEA (transtorno do Espectro do Autismo) são atendidos pelo PEI (Plano Educacional Individualizado) que deverá nortear as avaliações acadêmicas e as decisões sobre aprovação ou não (Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva MEC, 2008)”.
Outro fato desolador para nós professores, é, muitas vezes, o aluno não ser engajado, comprometido com a construção do conhecimento. Quando chega ao 4° bimestre, se já atingiu a média mínima para aprovação, não realiza as atividades propostas em nome do “já passei”. Para que “me matar” se já passei? Esse é o pensamento reinante hoje. Lamentável!!!
Esquece como se constrói conhecimento: Lendo, pesquisando para refletir sobre a temática. Mas, atualmente, estudar restringe-se a recorrer ao YouTube e ao Chat GPT. O trabalho sai pronto. Não se tem o cuidado de verificar o produto. Simplesmente, entregam-no.
A pergunta pulsante é: os responsáveis não acompanham o desempenho escolar das crianças e adolescentes? Não os estimulam a manter ou a melhorar o seu rendimento? Não os esclarecem que devem estudar para serem os melhores?
Concluindo mais um ano letivo, muitos de nós professores estamos frustrados, desestimulados com tudo relatado anteriormente. Além disso, muitas vezes, gestares que não valorizam seus docentes comprometidos. Preferem que os alunos sejam aprovados sem o mínimo de competência e habilidade do que retê-los para uma nova oportunidade de construção de conhecimento. Responsáveis acusando os professores pela reprovação como se fossem culpados pelo desempenho insuficiente. Salas de aula lotadas cada vez mais e sem recursos. Falta de formação profissional quanto às diferentes deficiências e ao ensino das literaturas afro-brasileiras.
Para que ocorra a construção do conhecimento, é necessário um ambiente harmonioso. Mas… muitos são tóxicos por assédio moral, violência física e psicologia dos discentes… Nós professores almejamos ver nossos alunos alçarem voos. Para isso, é preciso um trabalho conjunto dos gestares, docentes, discentes e responsáveis. Que o ano 2024 venha repleto de consciência, paz e desejo de construir conhecimento efetivo.
--------------------------
Mín. 17° Máx. 32°
Mín. 19° Máx. 33°
Parcialmente nubladoMín. 18° Máx. 33°
Tempo nublado