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"Reprovação da e/ou na Educação". Por Renata Barcellos (BarcellArtes), convidada da APB

A pergunta pulsante é: os responsáveis não acompanham o desempenho escolar das crianças e adolescentes? Não os estimulam a manter ou a melhorar o seu rendimento? Não os esclarecem que devem estudar para serem os melhores? (RB).

09/12/2023 10h00 Atualizada há 9 meses
Por: Mhario Lincoln Fonte: Renata Barcelos
Arte: MHL
Arte: MHL

Renata Barcelos

Ano letivo terminando, nós professores estamos às voltas com correções e cálculos para verificar se cada aluno atingiu a nota mínima. Isso mesmo “MÍNIMA”, porque não há mais quase interesse em manter as médias ou melhorá-las. Professor, hora de fazer mágica?


Hoje, o que interessa é “passar de ano”. Mas isso será o suficiente? Em um mundo cada vez mais competitivo, estará o aluno esquecendo de que passará por processos seletivos e deverá comprovar seus conhecimentos?Sabemos que, dependendo da instituição de ensino, há uma “pressão” para a aprovação. Infelizmente, somos reduzidos a números.

E se esses forem altos de reprovação, a instituição é mal-vista. Isso Implica uma série de questões como espaço físico para turma de repetentes … Infelizmente, tudo é pensado pela lógica da Matemática. Por exemplo, número de alunos repetentes x sala de aula x número de alunos ingressantes … Como sanar esta questão: espaço x aprendizagem?


Muitas vezes, são realizados pré- cocs, a fim de verificar os possíveis reprovados. E, quando chega o Coc oficial, “milagrosamente”, os alunos são aprovados e você que “reprovou” fica na “berlinda”: ajustar a nota para aprovação ou deixar o aluno em dependência e ter mais trabalho no ano seguinte? Que dilema!!!


Outra questão são os alunos com TEA (Transtorno do Espectro do Autismo)? Há os que se valem da decisão institucional de “APROVAÇÃO” e não se empenham. Pouco ou nada produzem porque, no final, serão aprovados. Isso é justo? Não se esforçam a se superarem? Acomodam-se? É preciso que o professor tenha formação e conhecimento para saber lidar com as diferentes especificidades. Seguem algumas leituras necessárias: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm e https://www.scielo.br/j/rbedu/a/PPfgrTp5g4bCWvpYLTYdbMK. 


A psicóloga Izabel Cristina Silva Moura diz que “Os alunos com TEA (transtorno do Espectro do Autismo) são atendidos pelo PEI (Plano Educacional Individualizado) que deverá nortear as avaliações acadêmicas e as decisões sobre aprovação ou não (Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva MEC, 2008)”.


Outro fato desolador para nós professores, é, muitas vezes, o aluno não ser engajado, comprometido com a construção do conhecimento. Quando chega ao 4° bimestre, se já atingiu a média mínima para aprovação, não realiza as atividades propostas em nome do “já passei”. Para que “me matar” se já passei? Esse é o pensamento reinante hoje. Lamentável!!!


Esquece como se constrói conhecimento: Lendo, pesquisando para refletir sobre a temática. Mas, atualmente, estudar restringe-se a recorrer ao YouTube e ao Chat GPT. O trabalho sai pronto. Não se tem o cuidado de verificar o produto. Simplesmente, entregam-no.


A pergunta pulsante é: os responsáveis não acompanham o desempenho escolar das crianças e adolescentes? Não os estimulam a manter ou a melhorar o seu rendimento? Não os esclarecem que devem estudar para serem os melhores?


Concluindo mais um ano letivo, muitos de nós professores estamos frustrados, desestimulados com tudo relatado anteriormente. Além disso, muitas vezes, gestares que não valorizam seus docentes comprometidos. Preferem que os alunos sejam aprovados sem o mínimo de competência e habilidade do que retê-los para uma nova oportunidade de construção de conhecimento. Responsáveis acusando os professores pela reprovação como se fossem culpados pelo desempenho insuficiente. Salas de aula lotadas cada vez mais e sem recursos. Falta de formação profissional quanto às diferentes deficiências e ao ensino das literaturas afro-brasileiras.


Para que ocorra a construção do conhecimento, é necessário um ambiente harmonioso. Mas… muitos são tóxicos por assédio moral, violência física e psicologia dos discentes… Nós professores almejamos ver nossos alunos alçarem voos. Para isso, é preciso um trabalho conjunto dos gestares, docentes, discentes e responsáveis. Que o ano 2024 venha repleto de consciência, paz e desejo de construir conhecimento efetivo.

 

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A autora.
Renata Barcellos Barcellos tem graduação em Letras/Francês, pela Universidade Federal Fluminense (1996), mestrado em Letras  (2003), doutorado em ESTUDOS DE LINGUAGEM pela pela mesma Universidade (2008) e Pós-doutorado em Língua Portuguesa pela UFRJ (2015).
Renata é autora das obras “Gramática contextualizada”,  “Itens do Novo Enem”, “Barcellos em prosa e verso” e “Barcellos e Viana: um encontro”. Também é coautora de Antologias poéticas e de diversos artigos sobre o ensino da Língua Portuguesa, além de ser também colunista do Portal Sem Fronteiras (BarcellArtes) e do Pauta Nossa (Agenda Cultural ) e da Plataforma do Facetubes.
22 comentários
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Linda BarrosHá 9 meses São Luis/MALendo, pesquisando para refletir sobre a temática. Uma frase linda, que não significa nada para muitos estudantes, ou até pode significar: mais estudo. Então, a grande maioria nem levam em consideração. Fato!
Pe HeitorHá 9 meses Bragança Paulista SPAleluia! Que nosso Senhor Jesus Cristo contiue intercedendo sobre professores, alunos e diretores para que se mude a forma como se encina no Brasil que se arrasta na contramão da modernidade. estamos atrasados anos luz de países, como a Argentina que passa por um tumulto desgraçado. Aleluia! que Deus perdoe essas pessoas que usam essa forma de ensinar como massa de manobra.
Uma prova do recomeço, gente. Dalila TrevesHá 9 meses Porto Alegre RSO secretário Estadual da Educação, Faisal Karam, comemorou a melhora na aprendizagem do Rio Grande do Sul em todas as etapas e relembrou que os estudantes da rede estadual gaúcha tiveram o melhor desempenho do país no último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Entre os motivos para a melhora, Karam cita a reorganização da rede desenhada pelo governo do Estado, que está identificando escolas com mais dificuldade em reter e aprovar alunos, e o esforço de professores.
Lucas ShererHá 9 meses PelotasBah! Esse povo só gosta de papo e de aparecer! Mas e as soluções? As modernizações? Chega de papo furado e escrevam um manifesto para mudar esse tipo de coisa.
Cássio santosHá 9 meses AlagoasParabéns, professora. Esquece como se constrói conhecimento: Lendo, pesquisando para refletir sobre a temática. Mas, atualmente, estudar restringe-se a recorrer ao YouTube e ao Chat GPT. O trabalho sai pronto. Não se tem o cuidado de verificar o produto. Simplesmente, entregam-no. O que se deve fazer. Não é só condenar. Mas se adaptar a uma coisa que é real e o futuro já chegou e a grade curricular brasileira continua se arrastando. Por que?
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Sobre Renata Barcellos
Entrevistas, textos acadêmicos e ensaios da profesora carioca Renata Barcellos.
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