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Cultura Bandeira Tribuzi

EXCLUSIVO: primeira entrevista virtual com Bandeira Tribuzi, após 44 anos de sua morte

EXCLUSIVO: em anexo, o poeta Rossini Correa declama poema de Francisco Tribuzi, filho de Bandeira Tribuzi.

13/11/2024 às 05h09 Atualizada em 13/11/2024 às 11h43
Por: Mhario Lincoln Fonte: Redação do Facetubes/Bandeira Tribuzi
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Bandeira Tribuzi e São Luís-MA
Bandeira Tribuzi e São Luís-MA

 

Acervo Pesquisado:

Wikipédia, Portais UFMA, Wikiwand, Escritas.org., Recanto das Letras, Priódicos Ufs.br, Bandeiratribuzi.ufma.com, Imirante, PTwikipédia, Artigos publicados na imprensa maranhense.

 

"Não quero meus versos

numa antologia.

Quero-os rolando

caminhos e dias

na boca do povo:

rosa da esperança

vermelha e florida".

Bandeira Tribuzi

 

 

A equipe de pesquisa do Facetubes, que reúne acadêmicos de biblioteconomia, pesquisou por toda a semana passada para trazer ao público leitor, algo inédito. Uma 'entrevista virtual' com Bandeira Tribuzi, militante, humanista, erudito, jornalista, professor, economista, filósofo, músico e compositor, mas, acima de tudo, figura central da poética maranhense moderna, cuja data de nascimento 02.02.1927 (morte, em 08.09.1977),  serviu como base para a criação do "Dia Municipal do Poeta", na cidade de São Luís do Maranhão, através da Lei No.6.394/18, de autoria do vereador Marcial Lima.

 

Toda a equipe se debruçou sobre informações disponíveis na internet, envolvendo a concatenação de dados históricos e citações do poeta tornadas públicas, para formular as perguntas e respostas que pudessem refletir o pensamento tribuziano e sua obra.

 

A ENTREVISTA 

(exclusivo)

 

FACETUBES: Como você percebeu a recepção do Modernismo em São Luís ao retornar de Portugal em 1946?

TRIBUZZI: Ao retornar, percebi que, embora a 'Semana de Arte Moderna de 1922' tivesse sido um marco no país, em São Luís, esse movimento ainda não era plenamente reconhecido. Foi um momento de renovação e desafio, onde senti a necessidade de contribuir para essa vanguarda cultural na minha terra natal. Desta forma, iniciei esse movimento em terras maranhenses, em 1948,  com a publicação do livro de poesia 'Alguma Existência’, além de, ao lado do ex-presidente José Sarney, José Bento e outros escritores, fundarmos a revista modernista ‘A Ilha’.

 

arte: MHL.

Facetubes: Em sua visão, qual é o papel da poesia na expressão da alma humana?

TRIBUZI: Acredito que é a cidade e, por extensão, o mundo em que vivemos. É daí que captamos os principais reflexos da alma humana, onde a poesia atua como um cimento, unindo e dando forma à nossa experiência, às palavras ditas e não ditas. A poesia é a manifestação mais pura da alma, capaz de transcender a morte.

 

Facetubes: Quais foram suas principais influências literárias ao moldar sua voz poética?

TRIBUZI: Minha obra é resultado de uma vasta leitura e experiências de vida, incluindo os anos em Portugal, onde estudei e absorvi as nuances da literatura europeia, sem esquecer a riqueza do modernismo brasileiro e a poesia de Manuel Bandeira, que foi especialmente significativa para mim.

  

 

Facetubes: Como sua militância política influenciou sua obra poética?

TRIBUZI: Minha experiência com a militância não apenas influenciou minha escrita, mas reafirmou meu compromisso com a verdade e a justiça social. A poesia foi meu veículo para expressar descontentamento, esperança e a luta por um mundo mais justo, refletindo a complexidade da condição humana.

 

 

Facetubes: Como você vê a relação entre sua poesia e a música?

TRIBUZI: A música e a poesia são inseparáveis na minha criação artística. Elas se complementam, com a música ampliando o alcance emocional e expressivo dos poemas. Trabalhos como "Louvação a São Luís" demonstram essa sinergia, onde cada palavra é potencializada pela melodia.

  

 

Facetubes: Qual foi sua inspiração para compor o hino "Louvação a São Luís"?

TRIBUZI: Foi pelo profundo amor e conexão com minha cidade. O maestro que leu a letra me disse que, tornada música, seria um hino para capturar a essência e a beleza de São Luís, celebrando sua história, sua gente e seu patrimônio cultural.

 

Facetubes: De que maneira suas experiências no exílio português e depois em diferentes cidades brasileiras enriqueceram sua escrita?

TRIBUZI: Essas experiências me deram uma perspectiva global e ao mesmo tempo um profundo apreço pelas minhas raízes. A diversidade cultural e as injustiças que testemunhei moldaram minha sensibilidade poética, impulsionando-me a explorar temas de identidade com as coisas que me cercam. Aprendi muito com a nova linguagem poética de Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro e José Régio.

  

Facetubes: Como você conciliou seu interesse pela economia com sua paixão pela poesia?

TRIBUZI: Vejo a economia e a poesia como duas faces da mesma moeda: ambas buscam entender e dar forma ao mundo. Meus estudos e trabalhos em economia me permitiram explorar a estrutura material da sociedade, enquanto a poesia me deu chances de expressar dimensões mais intangíveis e emocionais.

 

Facetubes: Qual legado você espera deixar com sua obra?

TRIBUZI: Espero que minha obra continue a inspirar questionamentos, como fizemos na época do modernismo. E  promovam impactos geradores de ideias e discussões poéticas, de maneira a produzir uma poesia coesa com a realidade em que vivemos.

 

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Alguma Existência

Bandeira Tribuzi 

 

A alegria do teu olhar

esquece tudo quando fere

A cor morena da tua face

esquece a concreta amargura

 

O lírio tímido que tens na mão

castiga a vida estúpida

Teus seios ásperos fendem o ar

de uma carícia incrédula

 

As pernas ágeis

 bailam

Depois gostam

da terra e descem.

 

O vento estagna

O tempo pára

para te olhar

ó virgem fértil.

 

(Conforme o original).

 

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Principais obras do autor: 

Alguma existência (1947)

Rosa da Esperança (1950)

Safra (1960)

Sonetos (1962)

Pele & Osso (1970)

Poesias Completas (1979)

Poesia Reunida Antologia poética póstuma] São Luís: SECMA; Rio de Janeiro: Alhambra,1986

Referências

 «Bandeira Tribuzi» (em francês). data.bnf.fr. Consultado em 6 de janeiro de 2020

 BANDEIRA TRIBUZI - Poesia Reunida. São Luís: Alhamba. 1986. 262 páginas

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Vídeo-Bônus

Rossini Corrêa declama Francisco Tribuzi

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EDOMIR MARTINS DE OLIVEIRAHá 10 meses São LuísImpressionante como o Editor Mhario Lincoln faz levantar do túmulo grandes nome que até então dormem o sono eterno. Para fazer tal trabalho vai ao encontro do entrevistado e daí surge uma entrevista maravilhosa e moderna e participativa. Muito obrigado Mhario.
Maurício de Souza MarquesHá 10 meses São Paulo SPTribuzi revisto, anos depois de sua morte. Lindo. Maravilhoso trabalho. Li em uma crônica de Josiane Agre que, os profissionais de sucesso possuem como uma das característica mais marcantes a capacidade de superar expectativas. Para estes profissionais, cumprir as metas estabelecidas não é o suficiente. É preciso ir além, entregar melhores resultados, demonstrar performances profissionais cada vez melhores, ou seja, surpreender positivamente... E cê faz assim!
Jurandi Pereira Archer, jornalista e crítico literário. Resido nos arredores de Londres-InglaterraHá 10 meses Nasci em Caxias no Maranhão.Mhario Lincoln, trazer para o moderno e publicar coisas altamente criativas que fogem da normalidade, garante uma coisa. A equipe que integra essa sua plataforma é digna de aplausos. Com certeza passa pelas mãos hábeis e criativas suas também, (herdadas de Flor de Lys), que dirige, como um editor de grande experiência literária e jornalística, essa função. O jornalismo literário talvez seja o mais difícil porque não se encontra nas grandes páginas. Meus parabéns mesmo!
Francisco TribuziHá 10 meses São Luís - MAEmocionado! Que trabalho Brilhante sobre Bandeira Tribuzi! Belíssimo! Estão todos de Parabéns! Francisco Tribuzi e Toda família Tribuziana estão emocionado com esse brilhante trabalho!!!
Laércio AlmeidaHá 10 meses São Luís MaranhãoMhario, assim v c supera todas as espectativas. Um trabalho muito bom. Assim se faz cultura. Papai foi quem me mostrou a matéria. O mestre Almeida está mais firme do que nunca. Te manda um caloroso abraço. 24h.
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