Acervo Pesquisado:
Wikipédia, Portais UFMA, Wikiwand, Escritas.org., Recanto das Letras, Priódicos Ufs.br, Bandeiratribuzi.ufma.com, Imirante, PTwikipédia, Artigos publicados na imprensa maranhense.
"Não quero meus versos
numa antologia.
Quero-os rolando
caminhos e dias
na boca do povo:
rosa da esperança
vermelha e florida".
Bandeira Tribuzi
A equipe de pesquisa do Facetubes, que reúne acadêmicos de biblioteconomia, pesquisou por toda a semana passada para trazer ao público leitor, algo inédito. Uma 'entrevista virtual' com Bandeira Tribuzi, militante, humanista, erudito, jornalista, professor, economista, filósofo, músico e compositor, mas, acima de tudo, figura central da poética maranhense moderna, cuja data de nascimento 02.02.1927 (morte, em 08.09.1977), serviu como base para a criação do "Dia Municipal do Poeta", na cidade de São Luís do Maranhão, através da Lei No.6.394/18, de autoria do vereador Marcial Lima.
Toda a equipe se debruçou sobre informações disponíveis na internet, envolvendo a concatenação de dados históricos e citações do poeta tornadas públicas, para formular as perguntas e respostas que pudessem refletir o pensamento tribuziano e sua obra.
A ENTREVISTA
(exclusivo)
FACETUBES: Como você percebeu a recepção do Modernismo em São Luís ao retornar de Portugal em 1946?
TRIBUZZI: Ao retornar, percebi que, embora a 'Semana de Arte Moderna de 1922' tivesse sido um marco no país, em São Luís, esse movimento ainda não era plenamente reconhecido. Foi um momento de renovação e desafio, onde senti a necessidade de contribuir para essa vanguarda cultural na minha terra natal. Desta forma, iniciei esse movimento em terras maranhenses, em 1948, com a publicação do livro de poesia 'Alguma Existência’, além de, ao lado do ex-presidente José Sarney, José Bento e outros escritores, fundarmos a revista modernista ‘A Ilha’.
Facetubes: Em sua visão, qual é o papel da poesia na expressão da alma humana?
TRIBUZI: Acredito que é a cidade e, por extensão, o mundo em que vivemos. É daí que captamos os principais reflexos da alma humana, onde a poesia atua como um cimento, unindo e dando forma à nossa experiência, às palavras ditas e não ditas. A poesia é a manifestação mais pura da alma, capaz de transcender a morte.
Facetubes: Quais foram suas principais influências literárias ao moldar sua voz poética?
TRIBUZI: Minha obra é resultado de uma vasta leitura e experiências de vida, incluindo os anos em Portugal, onde estudei e absorvi as nuances da literatura europeia, sem esquecer a riqueza do modernismo brasileiro e a poesia de Manuel Bandeira, que foi especialmente significativa para mim.
Facetubes: Como sua militância política influenciou sua obra poética?
TRIBUZI: Minha experiência com a militância não apenas influenciou minha escrita, mas reafirmou meu compromisso com a verdade e a justiça social. A poesia foi meu veículo para expressar descontentamento, esperança e a luta por um mundo mais justo, refletindo a complexidade da condição humana.
Facetubes: Como você vê a relação entre sua poesia e a música?
TRIBUZI: A música e a poesia são inseparáveis na minha criação artística. Elas se complementam, com a música ampliando o alcance emocional e expressivo dos poemas. Trabalhos como "Louvação a São Luís" demonstram essa sinergia, onde cada palavra é potencializada pela melodia.
Facetubes: Qual foi sua inspiração para compor o hino "Louvação a São Luís"?
TRIBUZI: Foi pelo profundo amor e conexão com minha cidade. O maestro que leu a letra me disse que, tornada música, seria um hino para capturar a essência e a beleza de São Luís, celebrando sua história, sua gente e seu patrimônio cultural.
Facetubes: De que maneira suas experiências no exílio português e depois em diferentes cidades brasileiras enriqueceram sua escrita?
TRIBUZI: Essas experiências me deram uma perspectiva global e ao mesmo tempo um profundo apreço pelas minhas raízes. A diversidade cultural e as injustiças que testemunhei moldaram minha sensibilidade poética, impulsionando-me a explorar temas de identidade com as coisas que me cercam. Aprendi muito com a nova linguagem poética de Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro e José Régio.
Facetubes: Como você conciliou seu interesse pela economia com sua paixão pela poesia?
TRIBUZI: Vejo a economia e a poesia como duas faces da mesma moeda: ambas buscam entender e dar forma ao mundo. Meus estudos e trabalhos em economia me permitiram explorar a estrutura material da sociedade, enquanto a poesia me deu chances de expressar dimensões mais intangíveis e emocionais.
Facetubes: Qual legado você espera deixar com sua obra?
TRIBUZI: Espero que minha obra continue a inspirar questionamentos, como fizemos na época do modernismo. E promovam impactos geradores de ideias e discussões poéticas, de maneira a produzir uma poesia coesa com a realidade em que vivemos.
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Alguma Existência
Bandeira Tribuzi
A alegria do teu olhar
esquece tudo quando fere
A cor morena da tua face
esquece a concreta amargura
O lírio tímido que tens na mão
castiga a vida estúpida
Teus seios ásperos fendem o ar
de uma carícia incrédula
As pernas ágeis
bailam
Depois gostam
da terra e descem.
O vento estagna
O tempo pára
para te olhar
ó virgem fértil.
(Conforme o original).
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Principais obras do autor:
Alguma existência (1947)
Rosa da Esperança (1950)
Safra (1960)
Sonetos (1962)
Pele & Osso (1970)
Poesias Completas (1979)
Poesia Reunida Antologia poética póstuma] São Luís: SECMA; Rio de Janeiro: Alhambra,1986
Referências
«Bandeira Tribuzi» (em francês). data.bnf.fr. Consultado em 6 de janeiro de 2020
BANDEIRA TRIBUZI - Poesia Reunida. São Luís: Alhamba. 1986. 262 páginas
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Vídeo-Bônus
Rossini Corrêa declama Francisco Tribuzi
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