Renata Barcellos (BarcellArtes)
Estamos em 2024, em pleno século XXI, muitas vezes, levando uma vida corrida e estressante. Com a sensação de que 24 horas são pouco para tantos afazeres domésticos, acadêmicos, pessoais e profissionais. Loucura!!! Sempre foram poucas horas ou a dinâmica da vida contemporânea mudou drasticamente? Passamos horas navegando em redes sociais, sites ou consultando e respondendo a emails seja por entretenimento seja por questões acadêmicas e/ou profissional como no meu caso. Escrevo para esta plataforma, Jornal Terra da Gente, LiterarArte SP, apresento o programa Pauta Nossa, da Mundial News RJ, sou fundadora do BarcellArtes, além de membro de diversas academias de letras. Preciso fazer contato com profissionais de áreas diversas para entrevistar. E, no meio disso tudo, como fica a alimentação? Estamos atentos ao que ingerimos? Vamos ficar verificar o que dirá a nutricionista Camila Costa Silva (- CRN4 0510100-5 - especialista em Psoríase - @camilacostasilva).
No seu caso, pare e pense: você se alimenta de forma saudável, equilibrada? Faz as refeições sugeridas e nos horários adequados? Se tem filhos, como está construindo a saúde alimentar de seus descendentes? Bebem suco natural e comem alimentos frescos?
Como responsável, você oferece suco natural ou industrializado? Legumes são cozidos ou grelhados? Incentiva o consumo de frutas? Afinal, de acordo com Paulo Eduardo Dubiel: “somos aquilo que nos alimentamos... nosso corpo é o que comemos e inspiramos; nossa alma é o que vemos; e o nosso espírito é o que ouvimos”.
De acordo com a nutricionista Camila Costa Silva , relação alimentação e saúde é: “O corpo humano é uma máquina maravilhosa. Ele nos permite viver e experimentar a vida, correr, brincar, trabalhar, estudar, trocar experiências, mas tem um problema. Ele precisa de combustível para funcionar. E não é qualquer combustível. Não! O combustível responsável pelo bom funcionamento do corpo humano é o alimento nutritivo. Os grupos alimentares são necessários para manter os hormônios, neurotransmissores, cabelo, pele, unhas, cérebro, células do sangue, entre muitos outros órgãos e tecidos funcionando bem, o que consideramos saudáveis. Na ausência de uma alimentação nutritiva o corpo não funciona bem. Ele apenas sobrevive e, com o tempo, vai falhando. Quando consideramos a doença. Por isso, o consumo de carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas e minerais são essenciais para um corpo saudável. E principalmente as vitaminas e minerais que são responsáveis pela defesa do organismo, precisam ser prioridade na rotina alimentar de todo ser humano. A conclusão é que o corpo precisa do que chamamos comida de verdade”.
Dessa forma, é preciso controlar desde cedo a ingestão de açúcar, de gordura... Segundo pesquisa realizada em 2020, 1,1 milhão de crianças e adolescentes com menos de 20 anos apresentam diabetes tipo 1. O Brasil é o 5º país em incidência de diabetes no mundo, com 16,8 milhões de doentes adultos (20 a 79 anos), perdendo apenas para China, Índia, Estados Unidos e Paquistão. Quanto mais saudável e natural for o alimento, mais saudável seremos fisicamente e psicologicamente.
Quanto à gordura no fígado tecnicamente chamado de doença de esteato-hepatite não alcoólica (NASH, na sigla em inglês), afeta 1 em cada 10 crianças. De acordo com a American Liver Foundation, o número de crianças está aumentando – mais do que dobrou nos últimos 20 anos! Os afetados pela obesidade têm 38% de chance de desenvolver doença hepática gordurosa. A doença hepática gordurosa também pode ter fatores genéticos e ser herdada dos pais. Em 2023, segundo uma pesquisa, afeta aproximadamente 8 milhões de crianças e adolescentes. Fatores de risco podem desencadeá-lo: obesidade, colesterol alto, resistência à insulina e níveis elevados de açúcar no sangue. Conforme a Dra. Lizaola-Mayo, outros fatores também estão relacionados como “Acreditamos que isso esteja relacionado à falta de exercícios e atividades físicas”. Isso porque “Estamos vendo mais crianças assistindo televisão, jogando videogame, em vez de estarem brincando fora de casa. E a alimentação é outro fator extremamente relevante”. É preciso cuidar da saúde alimentar, física e psicológica da criança e do adolescente.
Outro fator é a fim de controlar a obesidade infantil, evitar a diabetes e a gordura no fígado, a cantina nas escolas do Rio de Janeiro é proibida. A Câmara do Rio aprovou de forma unânime um projeto de lei para combater a obesidade infantil. Trata-se do Substitutivo ao Projeto de Lei 1662/2019, que proíbe a venda e a oferta de bebidas e alimentos ultraprocessados nas escolas públicas e privadas da cidade. A famosa cantina nos moldes de antes não existe mais nas escolas públicas. Nada mais de refrigerante, salgados, biscoitos... Até a merenda oferecida pelas instituições públicas passou por ajustes da nutricionista. Já as da rede privada deveria oferecer alimentos saudáveis, mas sabemos que, muitas vezes, a realidade é outra: ainda há venda de refrigerante...
Contudo, há de se lembrar que muitos só se alimentam com o que a escola oferta, no casa da escola pública. Não há outra opção. Se ingerir só guloseimas cheia de açúcar e gordura.... Segundo a nutricionista Camila Costa Silva, os prejuízos da ingestão de refrigerantes e frituras para crianças e jovens são: “Diferente dos alimentos fornecidos pela natureza, como os legumes, verduras, frutas, cereais integrais, carnes, azeite, entre outros, existem os produtos alimentícios que são produzidos pela indústria de alimentos. Este grupo de “alimentos” chamados de ultraprocessados, ao contrário da comida de verdade, tem uma composição nutricional muito empobrecida, sendo produzidos à base de gorduras de má qualidade, excesso de açúcares, com muitos corantes, estabilizantes, adoçantes e pobre em vitaminas, minerais e fibras. Os prejuízos causados ao organismo pelo são graves, quando pensamos que as crianças já estão há alguns anos comendo esses alimentos em grande quantidade no dia a dia. Déficit de atenção, baixa estatura, déficit cognitivo, dificuldade de aprendizagem, são alguns dos problemas relacionados com o consumo dos alimentos ultraprocessados como refrigerantes e salgadinhos de pacote. Mas ainda vamos além. As doenças crônicas que tanto prejuízo causam aos seus portadores e aos cofres públicos, que precisam fornecer cada vez mais medicamentos, têm sido diagnosticadas cada vez mais cedo. Crianças com obesidade, hipertensão, pré-diabetes têm sido a cada ano uma crescente. Além do impacto emocional que essas doenças causam as crianças e jovens que perdem a infância pela dificuldade de correr e brincar com os colegas”.
Quem se dispõe a ser responsável, precisa ter consciência de que a educação é um processo árduo. Envolve não só a ética, moral... mas também a alimentação, a atividade física... Hoje, com as redes sociais, o uso do celular e o monitoramento dos sites navegados pela criança e adolescente. São muitas as tentações: na alimentação, nas redes sociais.... é preciso controle. Urge educar. Como bem disse Pitágoras: “Educai as crianças para que não seja necessário punir os adultos”.
Com a implementação do Novo Ensino Médio, disciplinas como educação financeira e alimentar deveriam ter sido incluídas de forma obrigatória. Desde os anos iniciais, é preciso orientar as crianças para saberem a importância de uma alimentação saudável. E também do saber lidar com as finanças, com a renda mensal. Quanto a isso, em 2022, a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) realizou uma pesquisa que mostra a liderança dos jovens na lista de inadimplentes no comércio de São Paulo. Estes com menos de 35 anos são 67% dos devedores. O maior número de devedores está na faixa etária de 26 a 30 anos. Já os jovens entre 20 e 25 anos representam 17% dos devedores e os com menos de 20 anos, 3%. Para Reinaldo Domingos, educador financeiro e autor do livro Ter Dinheiro Não tem Segredo, a falta de educação financeira é a causa deste problema: "É importante estabelecer uma relação saudável com as finanças desde cedo, porque, afinal, vivemos em uma sociedade capitalista, na qual o dinheiro é um meio para a realização pessoal. Com orientação, os jovens podem curtir o presente e, já nos primeiros ganhos, começar a planejar e construir o futuro com segurança para ter a certeza de uma vida melhor".
Finalizamos com uma mensagem da nutricionista Camila Costa Silva para os responsáveis: “Entendo que para algumas famílias a situação financeira determina as escolhas alimentares, mas se pararmos para pensar e fazer conta, quanto vale ter uma criança doente que vive em médicos? Quanto vale ter uma criança que não consegue aprender? Quanto vale uma criança que está obesa, não consegue se relacionar de forma saudável com os colegas e cresce com vários problemas de saúde, de articulação e de relacionamento? O custo certamente é bem elevado. Tempo, energia e dinheiro que poderiam ser usados brincando ou estudando. Os jovens são nosso futuro e sem uma alimentação nutritiva hoje, chances são que este mesmo jovem não consiga bons empregos no futuro, não consiga se desenvolver e ajudar a construir uma sociedade mais saudável. Algumas trocas simples já podem começar a ajudar a melhorar a saúde destes jovens e da própria família. Troque os biscoitos por pão francês, inhame cozido, batata doce cozida, pipoca feita em casa. Troque o macarrão instantâneo por macarrão comum que vai alimentar toda a família. Troque o suco de caixinha ou refrigerantes por refresco de laranja, por exemplo. Pode diluir com água que ainda assim garante uma boa quantidade de vitaminas. Troque a salsicha por ovos cozidos ou mexido. Adicione legumes como cenoura, repolho, abobrinha no arroz ou em alguma preparação com carne ou no feijão. Enfim, é possível, minimamente, promover algumas modificações que podem ajudar na qualidade de vida de crianças e jovens. O incentivo à saúde, como o promovido pelas Clínicas da Família do Município do Rio de Janeiro, pode ser um caminho para encontrar formas de fazer essas mudanças no dia a dia”.
Cuidemos da nossa saúde alimentar enquanto há tempo!!!!
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