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Brasil Viriato Corrêa

Viriato Corrêa foi contemporâneo de Monteiro Lobato. Mas Corrêa também deixou grandes obras

Viriato Corrêa, embora não tão celebrado quanto Monteiro Lobato, seu contemporâneo, ele se destacou pela capacidade de abordar temas sociais relevantes através de uma linguagem acessível e cativante para o público infantil. 

08/04/2024 às 08h43 Atualizada em 08/04/2024 às 09h05
Por: Mhario Lincoln Fonte: Redação do Facetubes (Curitiba-PR)
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(Divulgação)
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Redação do Facetubes (Curitiba-PR)


Um comentário à matéria do professor "José Neres Neres e Ziraldo" (https://www.facetubes.com.br/noticia/5080/jose-neres-relembra-episodio-complexo-envolvendo-ziraldo-quando-visitou-sao-luis-ma), sugere que o Facetubes publique algo sobre o maranhense Viriato Corrêa*. Óbvio que em todas as pesquisas que o Facetubes fez, aparece com destaque o livro "Cazuza: Memórias de um Menino de Escola", escrito por ele e publicado em 1938.

Muitos críticos sugerem que é essa "uma obra fundamental na literatura infantojuvenil brasileira". Com ilustrações de Renato Silva, o livro apresenta uma narrativa profundamente enraizada na cultura brasileira, retratando com sensibilidade e autenticidade as experiências de um menino em seu processo de amadurecimento e aprendizado. Mas, "Cazuza" vai além do simples relato de aventuras escolares. 


Viriato Corrêa, embora não tão celebrado quanto Monteiro Lobato, seu contemporâneo, ele se destacou pela capacidade de abordar temas sociais relevantes através de uma linguagem acessível e cativante para o público infantil. 


Detalhe interessantíssimo: o interessante nessa obra é o fato do autor valorizar a educação como meio de ascensão social e pessoal, algo revolucionário para a época marcada por altas taxas de analfabetismo e desigualdades sociais.


Desta forma, "Cazuza" transcende o gênero infantil ao tecer críticas sociais sutis, como pano de fundo para discutir questões como a importância da escola e o direito à educação. A história de Luiz Gama, por exemplo, é usada para ilustrar a transformação que o conhecimento pode trazer à vida de uma pessoa.

 

Página histórica da 1a. edição do livro "Cazuza"

Segundo o crítico literário Antonio Candido, "Cazuza" é uma obra que "combina com maestria a simplicidade narrativa com a profundidade temática, fazendo de Viriato Corrêa um dos nomes imprescindíveis da literatura infantojuvenil brasileira". Essa afirmação ressalta a importância do livro não apenas como entretenimento, mas como um instrumento de reflexão e formação para jovens leitores.
Portanto, ao citar "Cazuza: Memórias de um Menino de Escola", a leitora de José Neres, mostra que tal tema - a educação básica - já vem sendo discutido e rediscutido em várias formas dentro da própria produção literária brasileira, onde Ziraldo está incluído. 


Fica aqui uma dica para quem não leu ainda obras de Viriato Corrêa: essa uma obra, específica,  merece ser redescoberta e apreciada por novas gerações. Ela nos lembra da capacidade da literatura de moldar mentes e corações, além de evidenciar a riqueza e a diversidade da cultura brasileira, tão mal aproveitada hoje em dia nas salas de aula, com raras exceções.


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Aliás, à título de ilustração, vale aqui, resgatar um dos trechos mais hilários de seu discurso de posse na Cadeira de número 32, da Academia Brasileira de Letras:

"Posso até gabar-me de ser o mais velho namorado da Academia. Porque, o que eu tive, senhores, através de tantos e tantos anos pela ilustre Companhia, outra coisa não foi senão um verdadeiro namoro. Foi Briand, o célebre político francês, quem afirmou: aos vinte anos somos incendiários, aos quarenta – bombeiros. No Brasil, a gana maior dos moços é contra a Academia. Pois mesmo na flama da minha juventude, quando eu andava de facho aceso incendiando céus e terras, mesmo naquela fase, nunca, senhores acadêmicos, pretendi torrá-los numa fogueira. A fascinação da imortalidade era em mim mais forte que os meus frenesis de petroleiro.
Meu namoro com a Academia era de tal maneira escandaloso que se tornou até um dos pratos mais ricos da zombaria nacional. De norte a sul do País o humorismo jornalístico punha-o de quando em quando à mesa, para o agrado dos leitores. Diziam-se de mim coisas bem ridículas. Certo humorista, aludindo aos constantes insucessos das minhas eleições acadêmicas, chamou-me Romeu sem escada, Romeu que não conseguia chegar aos braços de Julieta por não ter degraus de seda para subir ao balcão do amor. Um outro chamou-me “tia” da Academia. “Tia” na acepção de solteirona. Realmente não foi senão de solteirona o papel que representei com o meu namoro".

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VCorrêa.

*Manuel Viriato Correia Baima do Lago Filho, mais conhecido como Viriato Corrêa, nasceu em Pirapemas, Maranhão, em 23 de janeiro de 1884 e faleceu no Rio de Janeiro em 10 de abril de 1967. Ele foi um jornalista, escritor, dramaturgo, teatrólogo e político brasileiro. Viriato começou a escrever aos 16 anos, com poesias e contos. Ele se mudou para Recife para cursar Direito, mas acabou se juntando à boêmia carioca. Em 1903, publicou seu primeiro livro, uma coletânea chamada Minaretes. Ele completou o curso de Direito no Rio de Janeiro em 1907, mas trabalhou pouco como advogado. Viriato Correia se destacou na literatura, no jornalismo e na carreira política. Ele contribuiu, ao longo dos anos, com vários jornais, como o Jornal do Brasil, Correio da Manhã, além de revistas como a "A Noite Ilustrada" e a "Tico-Tico". Ele também foi fundador de dois jornais, o "Fafazinho" e "A Rua". Na política, ele foi eleito deputado estadual no Maranhão em 1911 e deputado federal em 1927 e 19301. Ele se afastou da política em 1930 ao ser preso pela Revolução de 1930 e seguiu para a literatura, onde escreveu romances, peças teatrais, livros para crianças e crônicas históricas. Viriato Correia foi membro da Academia Brasileira de Letras, sendo o terceiro ocupante da cadeira 32. Ele foi eleito em 14 de julho de 1938, na sucessão de Ramiz Galvão, tendo sido recebido por Múcio Leão em 29 de outubro de 193812. (Com wikipédia e outras páginas).

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JaimeHá 6 meses Brasília/DFUma preciosidade de publicação!!! Deveria ser trabalhado nas escolas. Aplausos de pé!!!
Raimundo FonteneleHá 6 meses Barra do Corda Maranhão Há livros que caem no imaginário popular porque suas raízes são tão fortes quanto as raízes da realidade daquele povo. São muito os exemplos entre nós. Exaltando o trabalho maravilhoso do Facetubes (leia-se Mhario Lincoln) na divulgação da nossa literatura, lembro que seria oportuno alguma coisa a respeito do romance de Raul Pompéia, o Ateneu. E viva o Cazuza do Viriato Correa.
EDOMIR MARTINS DE OLIVEIRAHá 6 meses São LuísO interessante nessa obra é o fato do a educação como meio de ascensão social e pessoal, algo revolucionário para a época marcada por altas taxas de analfabetismo e desigualdades sociais. O sr. Editor foi muito feliz no registro que faz VC sobre o destaque a educação. A preparação do adolescente para alcançar o gosto pelos livros e pela literatura tem que começar cedo. Eles são destaques para nossas vidas.
Joizacawpy Há 6 meses São luís Viriato é sem dúvida um dos grandes nomes da literatura maranhense, sendo assim sinto falta de uma obra tão essencial como Cazuza está em sala de aula nas nossas escolas maranhenses. Eu como professora decidi levar Cazuza pra sala de aula e foi um sucesso, eu pedia para os alunos escolherem um livro e eles já iam direto no Cazuza. Professor Neres esse resgate é essencial para as novas gerações.
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