Terça, 03 de Dezembro de 2024
20°

Tempo nublado

Curitiba, PR

A História Conta Matéria Histórica

Mais uma peça histórica para o “Museu de Letras”, do Facetubes/APB, escrita por Benedito Buzar

(A reprodução 'ipisis litteris' desse texto não tem fins lucrativos, mas histórico e informativo).

14/11/2024 às 05h22 Atualizada em 14/11/2024 às 15h55
Por: Mhario Lincoln Fonte: Facetubes/Benedito Buzar
Compartilhe:
Obra histórica assinada por Benedito Buzar
Obra histórica assinada por Benedito Buzar

MUSEU DE LETRAS

Redação do Facetubes


Mais uma peça histórica está incluída no acervo do "Museu de Letras", do Facetubes, órgão ligado a Academia Poética Brasileira. Um livrinho (mas tão grande) que conta a história de uma das figuras mais icônicas do Maranhão: Eurípedes Bernardino Bezerra, sem dúvida, uma obra grandiosa que, agora, está no acervo desta instituição cultural.


O livro tem o nome de "Eurípedes - Uma Vida, uma História" e foi escrito pelo imortal AML Benedito Buzar, sem dúvida, outro ícone da imprensa e da cultura do Maranhão. Assim, nossa equipe reuniu importantes trechos da obra para publicar aqui, com o intúito de ampliar a leitura importante desses eventos acontecidos em terras do Maranhão e que, sem dúvida, são células históricas não só para maranhenses que moram fora do Estado, mas para muitos estudiosos das coisas do nordeste, pela abundância de informações verídicas que constam nesse trabalho de Buzar.
A equipe escolheu começar pela passagem de Eurípedes pela Polícia Militar do Estado e talvez, poucos conheçam a verdadeira história do começo da Gloriosa PM. 

 

"EURÍPEDES-Uma vida, uma História"


Benedito Buzar, membro da Academia Maranhense de Letras.

Como presidente da Província do Maranhão, foi Antônio Pedro que sancionou a Lei N° 21, de 17 de junho de 1836, que instituí o Corpo da Polícia do Maranhão, embrião da atual Polícia Militar do Estado. Contando ela hoje com 169 anos de existência (Ne: na época da publicação da obra, possivelmente entre 1998/99), cabe uma pergunta: será que de 1836 até os dias correntes há, na corporação algum registro que sinalize a presença de alguém que tenha ali ingressado como recruta e chegado ao posto máximo de coronel? A resposta é afirmativa. Nome desse militar: Eurípedes Bernardino Bezerra. Quando ele sentou praça na Polícia Militar, em agosto de 1936, o Governador Paulo Ramos havia assumido o Executivo estadual e nomeando o Tenente-coronel do Exército, Oswaldo Ferreira de Carvalho, para comandá-la.

 

A situação encontrada por ele era de tal modo calamitosa que encaminhou ao governador um relatório no qual dizia que "a Polícia vivia num abandono completo. Um punhado de praças desfardados no quartel, outro tanto deles fardados as custas próprias, para atender aos diversos serviços nessa capital; o restante da tropa permanecia no interior do Estado em localidades diversas. A respeito de muitos praças, ignoravam-se os municípios onde se encontravam. Os animais magros, sem alimentação regular alojados em toscas divisões de madeira, expostos ao sol e chuva. Os alojamentos no quartel desprovidos de material; poucas mesas, pouca louça, poucas toalhas. A enfermaria sem a higiene necessária, sem conforto, sem instalações sanitárias, sem remédios".


Mas, quem era e de onde veio aquele jovem rapaz que, no viço dos seus 21 anos, chegava ao quartel da Polícia Militar para durante muitos anos dedicar-se de corpo e alma aquela instituição?

 

Lugar de honra na sala do Facetubes.

Na Polícia


A convivência diuturna com integrantes do quartel não poderia ter outro desfecho, até porque tudo que passou a ocorrer na corporação incorporou-se ao seu dia-a-dia. Quando menos esperava, estava atravessando os umbrais do quartel para ingressar nos seus quadros. Mas, para materializar essa vontade, deparou-se com um terrível obstáculo: não possuía nenhum documento que o habilitasse a engajar-se na Polícia Militar. Não desvaneceu, caiu em campo e conseguiu, depois de percorrer os caminhos perversos da burocracia, que exigia, para fornecimento da documentação, um atestado de pobreza. Documentado afinal, em agosto de 1936, depois de submeter-se a inspeção de saúde, viu-se incluído na Polícia Militar, como soldado da Primeira Companhia, número 665, solteiro, cor branca, um metro e sessenta e dois centímetros de altura, cabelos amarelos e lisos, olhos castanhos claros, nariz afilado, boca regular, rosto oval, tipógrafo, vacinado, alfabetizado e com uma cicatriz no nariz.


Um mês após sentar praça, abre-se concurso para cabo. Mete a cara e consegue aprovação. Em seguida, parte para a cidade de Pedreiras, em companhia do tenente Antônio Vitorino, com o fito de cumprir uma arriscada missão: impedir que uma eleição para a prefeitura, disputada entre Benu Lago e Homero Braúna, derivasse para o tumulto. A Polícia, que foi para tranqüilizar o pleito, terminou envolvendo-se na luta política municipal e dessa luta resultaram mortos e feridos. Eurípedes recebeu uma profunda facada, que o obrigou a ser transferido para São Luís, onde internou-se na enfermaria. Depois do tratamento, gostou tanto da enfermaria que fez um curso de enfermeiro e, como tal, foi promovido a 3º sargento, em janeiro de 1940. Um ano depois, autorizado pelo Governador Paulo Ramos, seguiu para o Rio de Janeiro para participar do curso de Educação Física. Dos 18 candidatos da Polícia do Maranhão, apenas 6 foram aprovados. Na volta para São Luís, tornou-se professor de educação fisica dos Maristas e do Colégio de São Luís e foi designado para prestar serviços de vigilância e segurança no litoral brasileiro, haja vista que o Brasil estava em guerra com as potências do Eixo.

 

Acabada a guerra, projetaram-se perspectivas de ascender ao oficialato. Submete-se ao curso de aspirante e, por ato do interventor Eleazar Campos, foi nomeado em 1946 Aspirante a Oficial. Nesse posto, a partir de 1947 começa a viver sua via crucis pelo interior do Estado. Por causa de sua bravura e eficiência, sempre que afloravam conflitos políticos ou perturbações de ordem pública nos municípios, via de regra era designado para as diligências ou nomeado delegado especial, com a incumbência de apurar fatos e de restaurar a tranqüilidade social. Na maioria das vezes conseguiu impor sua autoridade, restabelecendo a paz pública. Em outras oportunidades, deu-se mal, inclusive correndo perigo de morte no enfrentamento de pistoleiros a serviço de políticos.

 

Como delegado especial, exerceu essa função nos municípios de Brejo, onde foi enforcado como Judas, num Sábado de Aleluia. Foi delegado também em Presidente Dutra, Rosário, Chapadinha, Barão de Grajaú, Bacabal, etc., no período de 1947 a 1951, sempre com a determinação de colocar a segurança pública como prioridade.

--------------------------

Nota do Editor: é uma honra transcrever seu texto, amigo Benedito Buzar. Com certeza os textos a serem divulgados, a partir desse, abrirão dezenas de oportunidades para os jovens conhecerem figuras extraordinárias que povoaram o Maranhão e servirão de subsídios importantes para uma gama de pesquisa, desde o ensino básico ao Mestrado ou Doutorado, caso alguém venha a estudar essas significativas informações. Portanto, Benedito Buzar, meu mais profundo agradecimento por você ter escrito e distribuído esse trabalho, que muito veio contribuir para a verdadeira saga maranhense.

Abraços e respeitos,

Jornalista profissional (MTB-1015/SJPSLZ), Mhario Lincoln, editor-sênior da Plataforma do Facetubes (www.facetubes.com.br).

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
JaimeHá 8 meses Brasília/DFPublicação SHOW!!!
Marcio da Silva LimaHá 8 meses Brasília DF Mhario Lincoln. Vou enviar um livro q achei nas coisas de m avô. De 1908. Poesias REUNIDAS. O endereço ainda é o mesmo, em Curitiba?
Amalry Bezerra Há 8 meses São Luís Maranhão De uma relevância imensa.
EDOMIR MARTINS DE OLIVEIRAHá 8 meses São LuísÉ muito bom saber-se algum coisa relacionada com a história do andamento da Polícia militar do Maranhao. Muita diferença de como era outrora e como é agora. Obrigado imortal Buzar e parabéns sr. Editor pela matéria que nos foi oferecida .
Joizacawpy Há 8 meses São luís Que relevante texto, resgatar nomes da nossa história e seus respectivos feitos é de fundamental importância para que nosso sentimento de pertencimento e de identidade social seja construído e reconstruidos tomando como base as histórias daqueles que desbravaram os primeiros caminhos, para que assim as novas e presentes gerações conheçam um pouco mais da história que compõe nosso espaço social. Parabéns pela relevante matéria.
Mostrar mais comentários
Mostrar mais comentários
Ele1 - Criar site de notícias