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Cultura Antologias

As Antologias não devem ser um livro de uma página só. Mas é um fato!

"(...) se 99% dos participantes entendem uma antologia como um livro individual de uma ou duas páginas, essa rica troca de ideias é perdida, repito!". MHL

14/06/2024 às 14h57 Atualizada em 14/06/2024 às 15h42
Por: Mhario Lincoln Fonte: Mhario Lincoln
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República do Texto
República do Texto

Por que quase ninguém lê os partícipes, em uma Antologia?

*Mhario Lincoln

 

Tenho pensado muito sobre essa questão das Antologias, muitas vezes de uma página só, para cada participante, como apresentada. E isso é um paradoxo intrigante. A beleza de uma Antologia reside na diversidade de vozes e perspectivas que ela reúne. No entanto, uma pesquisa da “Winstownd” revela uma realidade preocupante: a maioria dos poetas lê apenas suas próprias contribuições. Isso sugere uma desconexão entre a intenção dos organizadores de Antologias e a maneira como elas são realmente consumidas.

A Antologia, em sua essência, é um esforço de união e troca de ideias. Como o pensador Carlos Ruiz Zafón disse: “Cada livro, cada volume que você vê, tem alma. A alma de quem o escreveu e a alma dos que o leram, viveram e sonharam com ele”. No entanto, se os poetas se limitam a ler apenas suas próprias palavras, essa troca de ideias é interrompida. A Antologia se torna uma série de monólogos isolados, em vez de um diálogo coletivo.

Isso porque, quando as Antologias são discutidas coletivamente, elas se tornam verdadeiramente coletivas. A discussão e o debate sobre as ideias apresentadas em uma Antologia podem enriquecer a experiência de todos os envolvidos. No entanto, se 99% dos participantes entendem uma antologia como um livro individual de uma ou duas páginas, essa rica troca de ideias é perdida, repito!

Contudo, ainda acredito em mudança de mentalidade, a fim de levar a uma conscientização sobre a importância da leitura e do engajamento - sem a velha mania de olhar para seu umbigo. Afinal, como disse Sócrates, que trago para a mesa de discussões, neste instante, ensinou, “(...) a única verdadeira sabedoria está em saber que você não sabe nada”. 

Destarte, ao ler e refletir sobre a produção intelectual do outro, poderemos aprender, crescer e, finalmente, nos tornar melhores escritores e leitores. Porque eu também cometi vários erros nesse sentido. Mas a partir da "Parnaso", coordenada por Silvana Cordeiro (1o. lugar do Concurso de Poesias da APB) e Osmarosman Aedo, premiado no mesmo concurso, ratificando esse pensamento logo em seguida, através da grandiosa Antologia da Academia Poética Brasileira, passando também pela "Celebrando a Natureza", as duas últimas coordenadas pela confreira Nauza Luiza Martins, notei como era importante " o ser coletivo". A última que li, foi da AMCLAM. Muita maturidade e talento. Aprendi bastante.

A partir daí,  tenho vibrado com poesias novas, tão expressivas, exultantes, intensas, mas, que dantes, passaram sem a devida atenção, haja vista minha velha mania de ver, apenas o meu umbigo. Bom, vou aproveitar a carona  para publicar um soneto (quase clássico), dos poucos que faço, e que Nauza Luza - a quem agradeço de público - usou para integrar-me à Antologia "Celebrando a Natureza". 

 

Luar nosso do Sertão

Mhario Lincoln

 

No sertão a lua dança, brilhante e bela,

Com o céu por pano e estrelas aplaudem.

Ao meu lado, tu, a mais encantada donzela.

E na dança de amor, nossos corpos despem.

 

Cercados pela flora, com cheiro de Patchouli

Os pássaros entoam hinos de paixão.

A natureza inteira parece nos ver sorrir

Sob o apaixonante luar do nosso sertão.

 

E o rio límpido, fluindo sem cessar,

Espelha a lua de prata, em nosso refúgio divino,

Neste palco do sertão, nosso eterno aconchego.

 

Borboletas azuis, no céu da noite a flutuar,

Somos nós, amantes, sob o fugaz destino,

Que sempre nos fez ter esperança e sossego.

 

 

*Mhario Lincoln é presidente da Academia Poética Brasileira.

 

 

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Linda BarrosHá 6 meses São Luís -MaranhãoQuase ninguém lê nada, na verdade. Vivemos um país da futilidade, simples assim.
ELISA LAGOHá 6 meses São LuísTriste realidade. Contudo, entendo por salutar a organização de Saraus, mesmo que online, como uma boa estratégia de provocação para que participantes das Antologias façam leitura de textos de outros autores. Esse mecanismo as organizadoras do Projeto Enluaradas vêm adotando, quando do lançamento de suas Antologias. É bem bacana essa conexão.
carmen regina diasHá 6 meses CascavelUma reflexâo importante. Ao ler as criações literãrias de outros autores a mente se enriquece, absorve novas metáforas, novos conteúdos, percebe sentimentos até então ocultos e inexplicáveis, descobre-se singelezas encantadoras, o poeta se reconhece nos versos de outro poeta. E leva isso para sua vida. E alivia as dores da alma, como no escrito de Guimarães Rosa: A gente nâo morre, fica encantada. Quantas x um poema, um verso de nossos Confrades chegou a mim como um bálsamo...Gratidâo????♥️
MARIA NAUZA LUZA MARTINSHá 6 meses Brasília...sobre assuntos já tratados e repetidos à exaustão nos grupos e especificados nos Editais. Concluo (com base na minha experiência como Organizadora de Antologias) que a maioria dos autores se interessa apenas pelo seus próprios textos. Recebo muitos elogios sobre a qualidade das obras que organizo, sobre meu trabalho como organizadora (que considero missão) porém, nenhum especificamente, sobre os textos dos parceiros das obras. Lamentável. Esse e muitos outros motivos, me fizeram desistir.
MARIA NAUZA LUZA MARTINSHá 6 meses BrasíliaDurante o processo, que é meticuloso e exige atenção tanto do organizador quanto dos autores, afinal se trata de uma obra literária que será perpetuada numa publicação, sempre me chamou a atenção o descuido de uma grande maioria dos autores com seus próprios textos (formatação, revisão ortográfica e gramatical exigidos nos Editais), desinteresse na leitura das orientações do organizador sobre cada processo da publicação, bem como, as reiteradas reclamações nos grupos e no privado...(continua)
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