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Cidades Artigo Científico

De Pedro Uchoa: "Uma Análise Crítica da Poesia de João Batista do Lago"

Este artigo foi elaborado com base na leitura crítica dos poemas supracitados, considerando as tradições literárias e históricas que influenciam a obra do poeta João Batista do Lago.

25/06/2024 às 17h02
Por: Mhario Lincoln Fonte: Pedro Uchôa
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Pedro Uchoa, o autor.
Pedro Uchoa, o autor.

O AUTOR: Pedro Uchoa do Lago Neto, é formado em Teologia e Filosofia. Atualmente desenvolve estudos e pesquisas no campo literatura.

 

Introdução

A poesia de João Batista do Lago oferece uma profunda imersão nas realidades políticas e sociais do Oriente Médio, especialmente nas questões envolvendo Israel e Palestina. Seus poemas são marcados por uma linguagem densa e uma estrutura que combina elementos líricos e épicos, evocando tanto a tradição bíblica quanto a contemporaneidade brutal dos conflitos. Este artigo analisa quatro de seus poemas: "Entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo", "Apocalipse", "Dos Sonhos Jacobinos" e "Da Paz Dilacerada", explorando como o poeta articula a dor, a resistência e a esperança em meio ao caos.


Entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo

Neste poema, João Batista do Lago constrói uma narrativa poderosa sobre a devastação da "terra prometida". A imagem da "bomba" que "explode em minha mente" estabelece um paralelismo entre a violência física e a psicológica. A referência a "corpos de anjos" plantados como sementes em "campos de refugiados" é uma metáfora agrária que inverte a promessa bíblica de fecundidade e paz.
A denúncia contra a "Sagrada Prostituta" que celebra a morte em "taças de sangue" é uma crítica incisiva à hipocrisia dos líderes religiosos e políticos. O poeta antevê um futuro onde os "anjos" vingadores emergem das sepulturas, sinalizando uma retribuição divina contra os opressores. Esta visão apocalíptica destaca a dualidade entre a promessa divina e a realidade brutal, evidenciando a ironia amarga da "terra prometida, mas nunca cumprida".


Apocalipse

Dividido em sete partes, "Apocalipse" é uma obra de forte inspiração bíblica, especialmente no livro de Apocalipse de João. A "velha Palestina – enclausurada!" serve como o epicentro do pranto e da desolação. O uso de imagens como "anjos de aço" e "cavalos de ferro" moderniza a linguagem apocalíptica, trazendo-a para o contexto contemporâneo de guerra e destruição.
A denúncia da "miserável conduta de Israel" e a personificação da nação como uma "prostituta" que celebra a destruição reforça a crítica ao estado de beligerância e à corrupção moral. A seção final, com o anjo proclamando a queda da grande cidade, ecoa a linguagem profética e apela à justiça divina, sugerindo uma redenção futura através do juízo divino.
Dos Sonhos Jacobinos
Neste poema, a reflexão se torna mais introspectiva, dialogando com a figura de Jacó, rebatizado como Israel. A indagação "Por que reclamas dos teus sonhos?" desafia o leitor a confrontar os horrores internalizados do conflito. A guerra é descrita como uma "insensata guerra" exibida na "parede da tua consciência", transformando a nação de Israel em um "miserável rei" que lidera a destruição.
O poema critica a identidade nacional construída sobre a violência, questionando a legitimidade de uma promessa divina que resulta em sofrimento. A metáfora do "deus semita" preso a contemplar a guerra eterna sugere um destino inexorável e a impossibilidade de paz duradoura.


Da Paz Dilacerada

O último poema do corpus analisado é uma meditação sobre a perda da paz. A substituição do sangue nas artérias pelo sangue derramado no campo de batalha simboliza a desumanização completa. A imagem de corações chorando "prantos de dores" revela a profundidade do sofrimento coletivo.
A crítica ao poder e ao fracasso do amor em "um mundo onde só o poder se deslumbra" é uma observação pungente sobre a natureza do conflito humano. A conclusão do poema, que afirma que "deixa o ser de ser caminho de paz e luz", sugere uma ruptura fundamental na essência da humanidade, corroída pela violência e pela falta de compaixão.


Conclusão

A poesia de João Batista do Lago é uma fusão de crítica social, denúncia política e reflexão espiritual. Seus poemas capturam a complexidade do conflito entre Israel e Palestina, revelando as profundas cicatrizes deixadas pela guerra. Através de uma linguagem rica em metáforas e símbolos bíblicos, Lago constrói uma narrativa que é tanto um lamento quanto um grito de resistência. Sua obra desafia os leitores a confrontar as realidades sombrias do mundo contemporâneo, enquanto mantém uma visão esperançosa de justiça e redenção.

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Referências
    • Lago, João Batista do. "Entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo."
    • Lago, João Batista do. "Apocalipse."
    • Lago, João Batista do. "Dos Sonhos Jacobinos."
    • Lago, João Batista do. "Da Paz Dilacerada."

 

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JOAO BATISTA GOMES DO LAGOHá 4 meses São LuísObrigado, Uchôa Neto, pelas suas reflexões críticas, que certamente ampliaram os poemas per se. Gratidão ao Mhario Lincoln pela publicação.
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