Nota do Editor: É com muita satisfação que agradeço a atenção e o reconhecimento do semeador de cultura mineira, Carlo Montanari, por incluir-me na histórica edição do resgate (em PDF) de uma das mais revolucionárias publicações literárias de Minas Gerais, a "Revista Ardeia", com uma costura de elementos, ideias e publicações dentro da mais autêntica maneira de se fazer arte neste País e tendo as mesmas dificuldades editoriais de todos aqueles que se aventuram nessa áres da sabedoria humana. Mas como um lutador por uma causa justa, Montanari conseguiu reeditar a revista; um verdadeiro sucesso na década de 70. A essa vitória meu abraço; e, pela inclusão de meu artigo nessa edição histórica, meu apreço e meu agradecimento dos mais sinceros. (Mhario LIncoln).
A RESENHA
Mhario Lincoln
Li e reli a edição nº 14 da ‘Revista Ardeia’, como se saboreasse uma obra de arte. Isso porque, apresenta uma rica confluência de temas culturais e literários, destacando-se pela profundidade e diversidade de seus conteúdos.
A entrevista com Adailton Almeida, um jovem poeta de Passos, MG, revela sua explosão no mundo das letras, marcada por uma liberdade artística que desafia definições rígidas. Seus relatos oferecem um vislumbre de como a literatura se mistura a sua vida cotidiana e torna-se algo quase vitalício em seus trabalhos.
No campo da crítica literária, a análise de Isabela Lapa sobre o conto distópico "2035", de Veronica Stigger, é de se aplaudir. A narrativa é dissecada com um olhar atento para a forma como essas questões se manifestam em um futuro imaginado, mas perturbadoramente próximo da realidade de todos nós, leitores de Stigger ou não.
Aliás, vale um parêntese para falar de Verônica Stigger. Sim, ela é brasileira, nascida em Porto Alegre em 1973. E aqui, faço referência a duas obras que me fizeram colocar Stigger na prateleira mais alta de minha biblioteca pessoal: Opisanie swiata (2013), romance, cujo título significa “Descrição do mundo” em polonês, recebeu o "Prêmio Machado de Assis", da Biblioteca Nacional e o "Prêmio São Paulo de Literatura". Aliás, sobre uma segunda obra que li, "Sombrio ermo turvo (2019)", só às primeiras páginas fiquei sabendo que esse título (pensei em algo filosófico ou kantiano ou freudiano), nada mais era do que "Sombrio, Ermo e Turvo", nome de três munícipios da região sul de Santa Catarina, situados praticamente na divisa com o Rio Grande do Sul, onde nasceu Veronica Stigger. E o melhor de tudo é que, a partir desses nomes casuais, Stigger costura algo ensurdecedor. Cheguei até ela através de uma crítica que li de José Castello (José Guimarães Castello Branco, escritor, jornalista e crítico literário brasileiro).
Diz ele, “Veronica não facilita as coisas para si. Ao contrário: sua escrita gosta de levantar obstáculos, de promover confusões, aprecia a opacidade e a imprecisão. [...] O relato é quebradiço e caótico, sem rumo, reproduzindo a estrutura desorganizada e aleatória da vida. Retratar a vida não é amordaçá-la, ao contrário, é emparelhar com sua desordem”.
Na sequência, nº 14 da Revista Ardeia, traz Izabelle Valladares. Ela contribui com uma reflexão profunda sobre os desafios da escrita como profissão, enfatizando a necessidade de persistência frente às dificuldades inerentes à carreira de escritor. Ela aborda a escrita não apenas como uma expressão artística, mas como um legado que transcende o tempo, tocando vidas e moldando consciências. Achei, pessoalmente, genial.
Sobre o filme "Ramas Serranas e Contos da Terra", na sequência, dirigido por Sabrina Moura, é outro destaque da revista, simbolizando o florescimento cultural nas regiões interiores do Brasil, impulsionado pela Lei Paulo Gustavo. Essa produção não apenas celebra as tradições locais, mas também reafirma a importância do apoio governamental para a difusão da cultura.
Enfim, a revista se torna um palco de expressões literárias e poéticas, além de oportunizar o humor, resgatando o melhor, com contribuições de diversos autores que exploram temas que variam da espiritualidade e reflexões sobre o cotidiano, até críticas sociais mais incisivas.
Essa pluralidade de vozes enriquece a edição, reafirmando o papel da "Revista Ardeia", cujo mentor e um dos idealizadores é Carlo Montanari um autêntico feitor de cultura e movimentos literário, inclusive, um semeador, com seu legado - Semeando Livros Mundo afora... - onde faz desta revista, um veículo essencial para a promoção e valorização da cultura e literatura, especialmente no contexto de Passos, MG, e regiões circunvizinhas. Aliás, vale citar: "Ardeia" é uma publicação histórica desde os anos 70, (de 1973 a 1976), renascendo com a mesma disposição de quando foi criada para divulgar a cultura.
*Mhario Lincoln é presidente e fundador da Academia Poética Brasileira
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