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editor-sênior, jornalista Mhario Lincoln
Cidades HOMENGEADOS

Guimarães em festa literária homenageou estudiosos com Comenda "Maria Firmina dos Reis"

Dois ilustres membros da Academia Poética Brasileira estavam presentes à festa e um deles, o professor José Neres, foi o homenageado com a Medalha comemorativa.

18/08/2024 20h00 Atualizada há 3 semanas
Por: Mhario Lincoln Fonte: Mhario Lincoln/José Neres
Divulgação
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Foto (Divulgação): Anita Gomes, Agenor Gomes, escritor e juiz de Direito, escritora e imortal APN, LInda Barros, escritor e membro da APB, José neres, (homenageado com a Medalha Maria Firmina), jornalista e escritor Heberth de Jesus Santos, Ewerton Neto, Dilercy Adler e Luis Tadeu Nunes, Secretário de Turismo do Estado.

*Mhario Lincoln

 

Confesso que fico bastante feliz quando leio algo de José Neres. O fato sempre me leva a refletir e a aprender um pouco mais sobre algo ou alguma coisa. Neste caso específico, ao ler o poema "Firmina", veio-me imediatamente a ideia de escrever este laudo introdutório, a fim de reforçar a minha admiração e o meu agradecimento ao meu confrade, imortal da APB. E claro, que Maria Firmina dos Reis é o centro do que vou escrever. Principalmente porque ela é reconhecidamente a primeira romancista negra do Brasil a ocupar um lugar crucial na literatura maranhense e nacional. 


Sua obra mais notável, Úrsula (1859), é pioneira tanto na representação da experiência afro-brasileira - e aqui, ideia principal - quanto na coragem da crítica ao sistema escravocrata da época, o que faz dela, uma bandeira de liberdade, de dignidade humana e de resistência à opressão. Mas foi no município de Guimarães, no estado do Maranhão, que Maria Firmina dos Reis passou a infância, mesmo tendo nascido em São Luís. Foi lá que ela cresceu e desenvolveu seu interesse pela leitura e pela educação, o que mais tarde influenciaria sua carreira literária e seu papel na educação maranhense. 


Por esta razão as entidades literárias guimarenses, junto com a Prefeitura do município de Guimarães, organizaram uma efusiva festa cultural, onde, no final de semana (16/17/18 de 08/2024), ofereceram a estudiosos firminenses a Comenda "Maria Firmina dos Reis". Como se vê, há imortalidade na memória dessa escritora, e um reconhecimento perene de sua importância, fato que vai além de sua posição como escritora, por também, romper barreiras em uma sociedade dominada por uma elite branca patriarcal, usando sua voz para trazer à tona as narrativas dos marginalizados. 


Assim, todos aqueles que receberam essa Comenda, igualmente estão ligados a essa causa o que faz deles, cúmplices positivos e continuadores (de certa forma) desse trabalho e dessa luta pela visibilidade e representação dos negros na literatura brasileira. 
Por outro lado, de tão interessenta e cheio de nuances envoltórias, tentou-me analisar o poema ‘Firmina’ de José Neres, um dos homenageados com a Comenda, recém publiucado em suas redes sociais. Acredito que ele, de forma liricamente exemplar, expressou seu agradecimento e reconhecimento pela honraria recebida.


O poema utiliza imagens de uma flor triste e de um solitário livro para simbolizar a melancolia e a luta contidas em sua obra. Firmina, na visão de Neres, é uma figura monumental, cujas obras são comparadas ao tempo, imortalizando suas histórias de dor, morte e paixão.
A menção a Úrsula e Tancredo, personagens centrais da obra de Firmina, destaca o impacto duradouro de sua narrativa, eternizando a dor da escravidão e a busca pela liberdade na memória literária. A referência a Gupeva e ao canto das aves que louvam Firmina, serve como uma metáfora poderosa para a continuidade de seu legado, com, até hoje, ressoa neste e ressoará nas gerações futuras, a fim de manter viva a luta da escritora maranhense pelo clamor de justiça.


à propósito, outro dia mesmo esta lendo a crítica literária Lélia Gonzalez, em um texto sobre Maria Firmina. ela é explícita ao confirmar o pioneirismo da maranhense 'na resistência negra na literatura’. Gonzalez ressalta como Firmina usou sua narrativa para expor as contradições de uma sociedade escravocrata e questionar a desumanização dos negros: "Ela usou seu texto como resistência, muito antes de cunharem o termo: ‘literatura de resistência’”, enfatizou.


Portanto, Maria Firmina dos Reis não é apenas uma romancista; ela é um símbolo de resistência, de luta pela emancipação dos negros e de defesa da dignidade humana. 


O POEMA

 

Monumento a Firmina dos Reis, em Guimarães. 

FIRMINA

(José Neres)


Em uma das mãos, triste flor suspensa;

Na outra suspende solitário livro;

A seus pés, toda uma obra imensa

Lembra o tempo usando um eterno crivo.

 

A praça guarda história intensa:

Dor, olvido, gritos de compaixão…

Uma negra que todo dia pensa 

Em perder seus filhos pra escravidão.


Úrsula e Tancredo bem  ali estão 

Eternizados em suave história 

De dor, morte, desespero e paixão.


Gupeva ali vive em cada memória,

E aves lá cantam todas as manhãs 

Louvando a Firmina de Guimarães.

 

 

1 comentário
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Laurindo CorrêaHá 3 semanas Teresina PIMuito bom se ler isso. Bravo Firmina! Bravo Zé Neres!.
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