POESIA EM TRÊS TEMPOS
(Natércia Moraes Garrido)
Doutora Natércia Moraes Garrido nos traz a leveza e a força, principalmente feminina ao mesmo tempo sem ser um paradoxo, mas obedecendo a princípios vitais, escrita em três tempos, que constitui um só poema, e começa assim, "para meu vô Zé Morais.
Ela começa pelo fim? A menina de olhos verdes começa seus versos do título "Poesia em três tempos" pelo passado, pois muito do que vislumbrou teve orientação de um guia da maior confiança e que dizia não ter resposta pronta, que ela visse a cota do passado e que a vida esperava mais dela. Num jogo lindo de palavras que parecem ter sido escritas como quem pinta delicadamente uma tela com um pincel mágico, ela mergulha em versos breves e extremamente profundos, é preciso ler e reler, pois há um ar filosófico forte permeando a essa escrita, além de uma subjetividade precisa, às vezes a luz é tão forte que nos cega, “os olhos viram o que a luz escondeu.” Aqui a escritora me remeteu “A Caverna de Platão”
Era o nada.
Era o tudo que queria.
Que acreditava.
Era tanta dor...
Eram tantas cores...
Refletiu a luz, fugiu, mas o
pensamento restou.
A razão encontrou sua dona.
Os olhos viram o que a luz
escondeu.
(Natércia Moraes Garrido)
Segundo tempo, os primeiros encontros consigo com o tempo presente que agora era seu, hora de perceber e sentir em si o mundo e suas nuances, desvelar a si, entender o que antes parecia de um jeito e depois se transformara, fácil? não foi, mas havia um guia que nesse momento mostrou o mundo que devia ser o dela e não o seu.
É essa a vida que pediras disse o
avô.
Envolveu-a em luz
Nos lençóis azuis que
Transbordam energia!
A vida é Alegria.
Energia é luz.
O mundo que vias não era o teu.
A menina fechou os olhos
Chorou o tudo e o nada.
Não era medo.
Era a vida que rasgava.
O mundo não a recebeu
Mas ela disse:
Esse mundo é meu.
(Natércia Moraes Garrido)
No terceiro tempo que se refere "Tempos que virão” numa força coerente ciente do que faria chamar a vida pra si sem preocupação com o que antes lhe assustava, segura de não definhar em meio a medos do sonho, do vão e do nada. Certa do que escolher pra ser seu em meio ao abastecimento de suas forças e de sua inspiração, agora desafia o mundo, não, ele não manda mais nela, seus olhos refletem todo seu percurso de aprendizagem, de entendimento de saber quem é, e clareza do que enxerga nitidamente depois de beber nas fontes que lhe foram necessárias, agora é ela consigo e com o mundo dona de si, de seus conhecimentos e sentimentos processados na alquimia que a vida oferece em cada passo e em cada fase da vida.
Suavemente fecha a porta
Pois que adentra aquele que
escolhi pra ser meu.
Não não é o vento que toma.
Não é a nuvem, nem o ar
Mas me abasteço de sua força
Inspirei a vida que há
É o elo
É a fome
É o instante.
O mundo não me manda
Pois que a certeza abranda
a minha dor.
É o verde dos meus olhos que
reluz a fonte de tudo que bebi.
(Natércia Moraes Garrido)
1 (a menina de olhos verdes teve razão em me contar)
2 (eu vi o que o mundo escondeu de mim prendo-o assim)
3 (é a vida que se entrega a mim)
Todos nós precisamos de um farol na vida uma referência, mas chega um momento que precisamos assumir nossa luz própria. Obrigada Natércia por tão belo trabalho.
Natércia Moraes Garrido e a obra
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