Ensaio da equipe de estudos do FACETUBES/PR
A busca pelo sentido da vida e a superação das adversidades têm sido temas centrais na reflexão humana ao longo da história. Grandes pensadores como Viktor Frankl e Mahatma Gandhi ofereceram perspectivas profundas sobre como a riqueza espiritual pode transcender as limitações materiais, proporcionando uma existência plena mesmo nas ciências mais desafiadoras. Este ensaio explora a essência dos ensinamentos desses líderes, destacando como suas filosofias podem inspirar resiliência e transformação pessoal e social.
Viktor Frankl, psiquiatra austríaco e sobrevivente do Holocausto, desenvolveu a Logoterapia, uma abordagem terapêutica que enfatiza a busca de sentido como a motivação primária do ser humano (Frankl, 2008). Em seu livro seminal Em Busca de Sentido , Frankl relata suas experiências nos campos de concentração nazistas, onde testemunhou a manipulação extrema da condição humana. Apesar disso, ele relatou que aqueles que encontraram um propósito ou significado pessoal tinham maiores chances de sobreviver às atrocidades.
Frankl afirmou: “Tudo pode ser tirado de uma pessoa, exceto uma coisa: a última das liberdades humanas — escolher sua atitude em qualquer conjunto de situações” (Frankl, 2008, p. 86). Esta reflexão evidencia que, mesmo diante de sofrimentos inimagináveis, a autonomia interior permanece inviolável, permitindo ao indivíduo definir a sua resposta ao mundo externo.
A perspectiva de Frankl destaca a capacidade humana de encontrar sentido no sofrimento, desenvolvendo experiências dolorosas em oportunidades de crescimento e autodescoberta. Essa abordagem não minimiza a realidade do sofrimento ou da pobreza, mas oferece um caminho para transcender suas limitações por meio da escolha consciente de atitudes e valores que promovem a dignidade e a esperança.
Mahatma Gandhi, líder do movimento de independência da Índia e ícone da não-violência, também defendeu a primazia da riqueza espiritual sobre a posse de materiais. Optando por uma vida de simplicidade voluntária, Gandhi acreditava que a verdadeira felicidade derivava da paz interior e do serviço desinteressado ao próximo (Gandhi, 1999).
Ele declarou: “A pobreza é a pior forma de violência” (Gandhi, sd), reconhecendo o impacto devastador que a privação material pode ter sobre os indivíduos e as comunidades. No entanto, Gandhi também sustentou que uma transformação social poderia ser alcançada por meio da não-violência (ahimsa), da verdade (satya) e do amor altruísta (Gandhi, 2007).
A filosofia Gandhiana sugere que, ao cultivar valores éticos e espirituais, as pessoas podem superar não apenas as limitações impostas pela pobreza, mas também promover mudanças estruturais na sociedade. Ao enfatizar a interconexão entre o desenvolvimento interior e a justiça social, Gandhi propôs que a riqueza espiritual é um acontecimento para uma ação transformadora, capaz de desafiar sistemas opressivos e construir um mundo mais equitativo.
Outros pensadores também exploraram a relação entre atitude interior e superação de adversidades. O filósofo estoico Epicteto ensinou que a verdadeira liberdade reside na capacidade de controlar nossas respostas e julgamentos, mesmo quando não podemos controlar as situações externas (Epicteto, 2014). Essa visão complementa os insights de Frankl e Gandhi, reforçando a ideia de que a resiliência emocional e espiritual é fundamental para enfrentar os desafios da vida.
A superação, portanto, não se manifesta apenas em feitos grandiosos, mas também em atos simples e cotidianos. Uma criança que transforma um chinelo velho num telefone celular subjetivo, (como na foto que ilustra esse ensaio), demonstra criatividade e alegria, apesar da falta de recursos materiais.
Assim, mesmo crianças que unem sorrisos em meio a dificuldades evidenciam a força dos laços afetivos e a capacidade humana de encontrar esperança nesse convívio. Essas experiências ilustram que a verdadeira riqueza não se limita aos bens tangíveis, mas reside no que carregamos no coração e na mente: a resiliência, a capacidade de encontrar beleza no ordinário, de transformar dor em força e de manter o sorriso mesmo quando o mundo parece adverso.
A grande verdade (e difícil verdade, no entretanto, num mundo onde cada vez se 'vale quanto pesa') é que devemos continuar tentando cultivar a riqueza interior (a trancos e barrancos), pois isso dá, sim, um sentido prático aos nossos valores éticos e ao serviço ao próximo, podemos transcender as limitações materiais e contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e compassiva.
Vale citar, da Bíblia: “Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e em qualquer situação” (Filipenses 4:11). Ou mesmo, “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem, e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu” (Mateus 6:19-20). São verdades absolutas!
Então, a superação da pobreza, nesse contexto, não é apenas uma questão de melhorar as condições econômicas, mas também de promover um desenvolvimento humano integral que valorize a dignidade e o potencial de cada indivíduo.
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Referências
Epicteto. (2014). Manual de Epicteto . Tradução de Mário da Gama Kury. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
Frankl, VE (2008). Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração . Tradução de José Angelo Gaiarsa. Petrópolis: Vozes.
Gandhi, MK (1999). Minha vida e minhas experiências com a verdade . São Paulo: Palas Athena.
Gandhi, MK (2007). A não-violência em paz e guerra . São Paulo: Martín Claret.
A Bíblia Sagrada. (Sociedade Bíblica do Brasil).