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19 de Abril: por que é importante discutir e analisar o tema com base literária efetiva?

"(...) é lamentável a enxurrada de ‘bla,bla,bla’ na internet ou em meios de comunicação oficiais acerca do tema. Isso porque, raríssimos tem realmente embasamento que foge da linguagem ideológica ou partidária.". MHL

Mhario Lincoln
Por: Mhario Lincoln Fonte: Mhario Lincoln/Índios.
20/04/2024 às 04h29 Atualizada em 20/04/2024 às 19h44
19 de Abril: por que é importante discutir e analisar o tema com base literária efetiva?
Capa de publicação maranhense

 

*Mhario Lincoln

Claro e óbvio que este 19 de abril, muita gente celebra o "Dia dos Povos Indígenas no Brasil", uma data emblemática que busca honrar e reconhecer a pluralidade cultural e histórica das nações originárias que compõem o tecido social do país. Esta celebração não apenas rememora as contribuições indígenas à sociedade brasileira, mas também enfatiza a necessidade imperiosa de se desenvolverem políticas públicas eficazes que assegurem a dignidade e os direitos fundamentais desses povos. Tal iniciativa é um convite à reflexão e ao compromisso com a justiça social e o respeito às diversas identidades culturais que permeiam o Brasil.

Porém, é lamentável a enxurrada de ‘bla,bla,bla’ na internet ou em meios de comunicação oficiais acerca do tema. Isso porque, raríssimos tem realmente embasamento que foge da linguagem ideológica ou partidária. Por exemplo, que tal estudarmos a problemática indígena através dos livros, na maioria das vezes, a fonte real do saber?

Capa.

Quem leu "A Queda do Céu", um dos maiores lançamentos literários com esse tema (Índios) dos últimos anos, organizado pelo antropólogo francês Bruce Albert a partir das falas gravadas do xamã yanomami Davi Kopenawa, terá cabedal suficiente para discutir sobre os problemas indígenas brasileiros. Até onde li - são quase 800, páginas - 'Cia das Letras' - pulsa a realidade e muitas verdades sobre o assunto pertinente.

Por isso, antes de falar sobre a problemática indígena brasileira, a pessoa precisa de maiores informações, inclusive, sem viés ideológico, partidário ou quaisquer que sejam as outras alternativas que influenciem (e atrapalhem) a solução dos problemas; até mesmo, a correção de alguns deles.

Como gosto muito de pesquisar assuntos de diversos naipes, encontrei uma lista de alguns livros, inclusive citada por indianistas brasileiros famosos que mostram (de forma apartidária ou partidária, também, fica ao livro arbítrio do leitor, a questão indígena brasileira.

Placa sobre xenofobia.

Aliás, Uimar Jr, há alguns anos, publicou no (https://www.facetubes.com.br/noticia/528/uimar) matéria relativa ao primeiro crime bárbaro contra índios que viviam em terras do Maranhão. Por ser gay, esse Índio foi amarrado na boca de um canhão e violentamente explodido. Você sabia dessa história? (Vide foto, capa do livro ("Maranhão de Outros Tempos").

 

O DIA DO ÍNDIO

A literatura sobre a temática indígena, como destacado no livro "A Queda do Céu", pode ser uma ferramenta valiosa para aprofundar o entendimento sobre os desafios enfrentados por essas comunidades. Neste contexto, obras que abordam as vivências e perspectivas indígenas são essenciais para que possamos discutir, com propriedade e profundidade, as questões que afetam esses povos. É fundamental que o diálogo sobre estas questões seja pautado por uma compreensão rica e detalhada, livre de preconceitos ou ideologias partidárias que possam distorcer a realidade.

Portanto, faz-se necessário que cada indivíduo, motivado pelo conhecimento e pela compreensão, engaje-se no debate sobre os direitos indígenas com uma postura informada e respeitosa. A literatura, tanto acadêmica, quanto não acadêmica, são fontes inestimáveis de aprendizado e empatia, capaz de transformar perspectivas e incentivar a adoção de medidas concretas em prol da valorização e proteção dos povos indígenas no Brasil.

 

A LISTA DE LIVROS INDICADOS POR VÁRIOS INDIGENISTAS

Alguns dos livros indicados:

 

MATOS, Maria do Socorro Pacó de. O olhar das mulheres Sateré-Mawé sobre o lixo. Manaus: EdUA, 2016.

AZANHA, Gilberto. VALADAO, Virginia Marcos. Senhores destas terras: os povos indígenas no Brasil: da colônia aos nossos dias. 10 ed. São Paulo: Atual, 1991.

GRUPIONI, Denise Fajardo; ANDRADE, Lúcia M. M. de Comissão Pró-Índio (SP) Instituto de Pesquisa e Formação em Educação Indígena. Entre águas bravas e mansas: índios & quilombolas em Oriximiná. São Paulo: Comissão Pró-Índio: lepé, 2015.

BERGAMASCHI, Maria Aparecida. Povos indígenas & educação. Porto Alegre: Mediação, 2008.

BOFF, Leonardo. O casamento entre o céu e a terra: contos dos povos indígenas do Brasil. 2 ed. Rio de Janeiro: Salamandra, 2005.

COIMBRA JUNIOR, Carlos E. A. Santos, Ricardo V. Escobar, Ana Lucia. Associação Brasileira de Pós-graduação em Saúde Coletiva. Epidemiologia e saúde dos povos indígenas no Brasil / Carlos E. A. Coimbra Jr., Ricardo Ventura Santos, Ana Lucia Escobar organizadores. Rio de Janeiro: Ed. FIOCRUZ: ABRASCO, 2003.

MOURA, Carlos Eugenio Marcondes de. Estou aqui, sempre estive, sempre estarei: indígenas no Brasil: suas imagens, 1505-1955. São Paulo: EDUSP, 2012.

NACOES UNIDAS. Associação Cultural Oficina de Criação Teatral. Nemombe'uguasu Tetanguera pegua/ONU ojapova Ava Kuerape Ohep va Rehegua: Declaração das Nações Unidas/ONU sobre os direitos dos povos indígenas = Declaracion de las Naciones Unidas/ONU sobre los derechos de los pueblos indigenas. Campo Grande: Associação Cultural Oficina de Criação Teatral, 2010.

PAULI, Alcione; SILVA, Cleber Fabiano da; CAGNETI, Sueli de Souza. A literatura indígena. Santa Catarina: Ed. UNIVILLE, 2014.

PORRO, Antônio. As crônicas do Rio Amazonas: tradução, introdução e notas etno-históricas sobre as antigas populações indigenas da Amazônia. 2. ed. rev. e atual.

TEIXEIRA, Carla Costa, GARNELO, Luiza. Saúde indígena em perspectiva: explorando suas matrizes históricas e ideológicas. Rio de Janeiro: Ed. FIOCRUZ, 2014.

Quem ler pelo menos 3 dessas obras terá conhecimento suficiente para discutir de "A a Z" a problemática indígena brasileira. Só teoria e "ouvir falar", não alimenta e nunca alimentará a verdade.

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*Mhario LIncoln é Presidente da Academia Poética Brasileira.

 

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Raimundo FonteneleHá 1 ano Barra do Corda Maranhão O amigo Mhario Lincoln põe, com todo embasamento cultural, o dedo nessa ferida exposta que é, por conta da internet e do seu fácil acesso, qualquer um e/todos se acharem preparados para professarem de forma doutrinária, aquilo que acham ser suas convicções e saberes. Ledo e ivo engano. Vão ler livros. Livros e mais livro. No mínimo tudo o que escreveram dois grandes mestres sobre o tema em pauta: Darcy Ribeiro e Nunes Pereira. Leram? Então podem descer a lenha. Se não, deixem pra quem os leu l.
Raimunda Pinheiro de Souza FrazãoHá 1 ano São José de Ribamar Já li alguns dos livros citados.Preciso Ler A queda do Céu de Bruce Albert.
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