Renata Barcellos (BarcellArtes)
Elaborar texto é uma tarefa árdua, mesmo para quem tem prática. Dependendo da tipologia e do gênero é mais ainda. No atual contexto, com o avanço tecnológico, o uso da norma culta está “entrando em extinção” seja na linguagem oral seja na escrita. Em qualquer situação que requeira a formalidade, percebemos o quanto as pessoas estão violando o seu uso nos textos acadêmicos e também observarmos os “modismos” em jornalísticos e publicitários. Por exemplo, “por conta de” no lugar de por causa de; as incoerências... Basta acompanhar as postagens nas redes sociais de gramáticos e linguistas sobre exemplos publicados na atualidade. Uma loucura!!!
Caro leitor, isso se deve ao fato de: o povo brasileiro tender a ser informal, a se expressar de forma mais natural ou a gramática lusitana não mais nos representar? Diante dessas questões, como conscientizar o aluno a entender que, em cada situação comunicativa, cabe um uso adequado da linguagem? A discussão sobre o entendimento de texto é recorrente entre os linguistas. Nesta breve reflexão, seguimos a de Ingedore Grunfeld Villaça Koch: “Um texto se constitui enquanto tal no momento em que os parceiros de uma atividade comunicativa global, diante de uma complexa rede de fatores de ordem situacional, cognitiva, sociocultural e interacional, são capazes de construir, para ela, determinado sentido” (KOCH, 2005, p. 30).
Todo bom escritor relata a necessidade de ser um leitor voraz acima de tudo. Como nos diz Samuel Johnson: “A maior parte do tempo de um escritor é passado na leitura, para depois escrever. Uma pessoa revira metade de uma biblioteca para fazer um só livro”. E, para compreender estilos, gêneros literários..., Julien Green nos revela: “São necessários anos de leitura atenta e inteligente para se apreciar a prosa e a poesia que fizeram a glória das nossas civilizações. A cultura não se improvisa”. E, assim, ter seu próprio estilo. Vejamos Machado de Assis com o enigma Capitu, Saramago com frases extensas, neologismos em Guimarães Rosa...
E como está a qualidade do texto tão temido Enem (exame realizado anualmente pelo MEC sob organização do INEP. Foi criado em 1998 com o objetivo central de avaliar o desempenho escolar dos estudantes ao término da educação básica. Porém, em 2009, passou a usá-lo como instrumento de avaliação para ingresso dos estudantes na educação superior) diante da atual realidade? Segundo estatísticas, no Enem 2023, apenas 60 estudantes tiraram a nota máxima: 1.000. Desses, apenas 4 eram da rede pública. 25 foram de estados nordestinos. O Norte teve cinco estudantes. Piauí, seis. E Rio de Janeiro e São Paulo tiveram sete estudantes cada um. Como explicar esse resultado? Uso excessivo de tecnologia pelos jovens? Despreparo do professor? Falta Falta de perspectiva? Falta de hábito de leitura? Referente a isso, segundo Negócios SC – Livros no Brasil, se você leu 1 livro este ano, já superou 84% dos brasileiros acima de 18 anos. Se leu 5 livros, faz parte de um seleto grupo de leitores regulares no Brasil e se leu 10 livros, está oficialmente no TOP 1% de leitores do país. Diante dessa estatística, como redigir bem um texto? É preciso ler, ler, ler, escrever, escrever, escrever... Só a prática da leitura unida a de escrita será possível produzir um bom texto.
E, na semana da primeira etapa do Enem, qual será o tema deste ano? O que apostam? Redijam nos comentários!!! Tenho sugerido aos meus alunos os seguintes: guerra cibernética, crise energética, meio ambiente, celular e transtornos, abandono e extinção de animais, pedocracia, segurança de dados, escravidão moderna, banalização do mal, sexualização da criança, acessibilidade, autismo, meio de transporte, relacionamento com chatbots, geração z "sem foco", epidemia de Burnout, geração z e lidar com mercado de trabalho, alfabetização, etarismo, diversidade cultural, saúde (culto à juventude, vacinação, Bullying...) ... dentre outros. Aposto em algum tema relacionado ao meio ambiente ou à tecnologia.
Quanto à estrutura do texto argumentativo, vale lembrar: INTRODUÇÃO (deve conter 3 partes: contextualização; tema e tese), DESENVOLVIMENTO (argumentos de tipos diferenciados: exemplos, dados estatísticos, citações, comparações... distribuídos em parágrafos) e CONCLUSÃO (as intervenções – as soluções para o tema proposto). A nota será atribuída a partir das 5 competências: C1: norma culta, C2: nível de informações; C3: tipos de argumentos, C4: coerência e coesão e C5: propostas de intervenção. Cada uma vale até 200 pontos. Totalizando em 1000. Redação nota 1000 para quem atinge a nota máxima nas 5. E quais são as causas do ZERO? fugir do tema e não seguir a estrutura argumentativa.
Ao elaborar o texto, atenção: NÃO a frases extensas, ao uso de linguagem informal, a abreviações, à coerência e coesão, ao uso indevido das conjunções adversativas e conclusivas... Em caso de dúvidas de ortografia e ou acentuação, utilize a paráfrase (reelabore, escreva com outras palavras)!!! Não esqueça o título. Tudo tem nome. Seu texto também merece ser nomeado. Valorize-o!!! Está sem ideia para nomeá-lo? Opte pelo tema!!! Se for possível, empregue o recurso estilístico da intertextualidade. Demonstre que tem conhecimento de áreas diversas!!!
Esteja confiante, deixe as ideias aflorarem, redija-as e depois organize-as!!! Acredite no seu potencial, calma, atenção, porque você é capaz de tirar nota 1000!!!
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