Linda Barros, escritora e atriz. Membro da Academia Poética Brasileira
“Todos os dias quando acordo
Não tenho mais
O tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo”
Legião Urbana
Todos nós temos um Tempo só nosso. Todos os dias acordamos, damos graças pela oportunidade de por mais um dia estarmos de pé, com saúde e lucidez. Mas, o que fazemos com isso? O Tempo é um furacão que engole tudo e todos (nós), sem dó nem piedade. Anteontem foi setembro, ontem foi outubro, hoje é novembro e amanhã já será dezembro e o que fizemos ou o que ainda vamos fazer? Ninguém sabe, porque não temos tempo.
Nos versos “Tempo, tempo, tempo, tempo/És um dos deuses mais lindos” e todos o idolatram e o admiram, mas o que fazem como ele? Às vezes (mentalmente) pedimos para o Tempo parar, pois há muitas coisas a fazer e ele escorre pelos nossos dedos na velocidade da luz. Em contrapartida a humanidade caminha a passos lentos, escrava de seu próprio tempo.
- “Vamos à praia?”
- “Não posso, não tenho tempo”.
- “Bem que podíamos ir ao cinema esse fim de semana”.
- “Eu também, mas não. Não tenho tempo”.
- “Vamos visitar fulano de tal”?
- “Não vai dar, tô sem tempo”.
“Não tenho tempo”; Tô sem tempo”; “Acabou meu tempo”. “Tempo, tempo, tempo”. E o tempo gasta a sola de nossos sapatos, sem se preocupar com “o tempo”, pois ele é dono de si e de todos. Nossa preocupação fica à míngua, solitária, triste, escondida em um ínfimo lugar, sem nada poder fazer, porque o tempo nos consome como um rastro de pólvora.
Caro leitor, faça o que quiser com seu tempo, sem preocupação e sem pudor. Chega de se vitimizar, usando o tempo como desculpa! Chega de se lamentar, na esperança de que o tempo vá parar para socorrê-lo! Levante desse martírio chamado marasmo, não culpe os outros (ou tempo) pelo seu próprio inconformismo!
Na crônica O TEMPO, do magnífico Rubem Alves, há uma passagem que diz “O tempo aparece como um fruto que vai sendo comido: é belo, é colorido, é perfumado. E, à medida que vai sendo comido, vai acabando. Vem a tristeza. O tempo da vida se marca por alegrias e tristezas. Há inícios e há fins.” O que fazer? Não nos acomodar, nem esperar nada do outro, faça você mesmo seus próprios caminhos, seus próprios sonhos. O Tempo só nos acompanha, semeando oportunidades, para que aproveitemos da melhor manheira possível, alinhada ao tempo da vida, que a vida nos dar.
E é no “tic-tac” do relógio que paro meus devaneios por aqui, agradecendo ao Tempo que me deu a oportunidade para esta conversa, que teve como objetivo, fazer com todos possam ter seu próprio tempo para realizar todos os seus afazeres, e, “Sempre em frente” pois ”Não temos tempo a perder’ (Legião Urbana).