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Sobre a 17ª Feira do Livro de São Luís: “VOCÊ PODE LER MAIS”, de Linda Barros.

“(...) já são dezessete anos trazendo para as praças a cultura dos livros e angústia ainda é a mesma: Escrever para quem?

10/11/2024 às 10h40 Atualizada em 10/11/2024 às 10h49
Por: Mhario Lincoln Fonte: LINDA BARROS
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Original do texto.
Original do texto.

 

Linda Barros, escritora e atriz. Membro da Academia Poética Brasileira.

 

“Escrever não é fácil. Mas, difícil mesmo é encontrar alguém que queira ler o que escrevemos”

José Neres

              

          Estamos vivendo o fervor da 17ª Feira do Livro de São Luís e nossa “Cidade dos Azulejos” se transformou na “Cidade dos Livros”, título muito apropriado já que o grande homenageado da vez é Viriato Corrêa, autor de tantas obras, entre elas a mais conhecida pelo grande público: “Cazuza”, não, não é o cantor Cazuza (acreditem, ainda tem muita gente que faz essa confusão), é o personagem menino que usava vestidos quando criança e que seu grande sonho era crescer um pouco mais para usar calcinhas. Temos também outros homenageados como é o caso de Coelho Neto e Justu Jansen, onde foram celebrados com rodas de conversas e palestras. Outro nome lembrado na Feira (apesar de não ser o homenageado principal), José Chagas, que este vive a efervescência de seu centenário de nascimento (1924 – 2014). Ao poeta de “Os canhões do silêncio” rendemos as merecidas homenagens. Outra autora também muito festejada e homenageada nestas Felis, é Laura Rosa (1884 – 1967), a primeira mulher a entrar na secular e egrégia Academia Maranhense de Letras (como não ter orgulho!).

       

Linda Barros.

Bem, já são dezessete anos trazendo para as praças a cultura dos livros e angústia ainda é a mesma: “Escrever para quem”? Nós maranhenses estamos tão acostumados a ouvi expressões do tipo “São Luís, cidade dos azulejos”, “São Luís, a Jamaica brasileira” e a principal e mais importante delas “São Luís, a Atenas brasileira”, mas algo nos perturba no meio desse turbilhão de adjetivos criados (não se sabe por quem), para nos identificar no planeta: Por que ainda há tanto descaso com nossos autores? Principalmente autores mais contemporâneos? É certo que nossa literatura é vasta, mas ela não parou nas páginas de Ferreira Gullar, de Aluísio Azevedo, de Nauro Machado, de José Chagas, de José Sarney, de Maria Firmina dos Reis (opsss temos uma mulher), aliás alguém ainda ler esses autores? Ou só servem para carregar a alcunha de grandes autores da literatura maranhense?

Já se passaram 17 edições, das festividades da Feira do Livro de São Luís – a FELIS – e, será que todos os problemas sumiram. E têm problemas? Muitos. Mas o principal deles, é escassez de leitores. Como foi dito lá no início desse texto, na epígrafe do Acadêmico José Neres, “Escrever não é fácil. Mas, difícil mesmo é encontrar alguém que queira ler o que escrevemos”.

        Em meio a tantas atrações da FELIS, acontecem as conferências (palestras ou conversas), grandes ou pequenas (não pela importância de quem as conduz, mas pelo espaço físico onde são colocadas). E dentre essas atrações, ouvimos Afonso Cruz, escritor e diretor de cinema português. O autor de “Vamos comprar um poeta” que nos brindou com uma leve roda de conversa mediada pelos acadêmicos Daniel Blume e Félix Alberto (ambos da AML), onde ele disse em uma de suas várias frases de efeito que “A força dos livros representa uma nação”, foi enfático ainda em “Ninguém precisa de mim, como escritor, precisamos é de leitores”.

Palestras importantes.

 

          O poeta e dramaturgo espanhol, García Lorca,  membro da famosa Geração de 27 e que nos deixou em 1936, fuzilado durante a Guerra Civil Espanhola, pelo simples fato de ser homossexual, (dados verídicos e comprovados em livros), nos deixou uma grande herança com sua vasta obra, entre elas Romancero gitano (1928), Poeta em Nueva York (1940) e Llanto por Ignacio Sánchez Mejía (1935). Entre tantas riquezas literárias, Lorca nos deixou um legado, e, ainda um conselho: “Não só de pão vive o homem. Eu se tivesse fome e estivesse à míngua na rua não pediria um pão; pediria meio pão e um livro.” É aqui que queremos chegar.

          Como mencionado antes, a 17ª Felis tem como slogan “A cidade dos Livros” e para tal, foi criado vários espaços onde o leitor pudesse debruçar-se sobre os livros (talvez) adquiridos na Feira.  No entanto, um desses espaços nos chamou a atenção; “Você pode ler mais”, assim é a frase (linda né?) no referido espaço. Pois bem, em meio a passeio por ali, paramos nesse local e ficamos observando: o “cantinho da leitura” é bonito, ventilado, confortável e iluminado, propício para a finalidade: “ler mais”, mas, o que presenciamos foi catastrófico: vários leitores (não de livros claro, mas de celulares). Então tivemos uma ideia: por que não lhes dar o que queriam ou pedia aquele lindo espaço? Feito. Patrocinado pela AML, deixamos alguns livros espalhados pelo chão, pelos puffs (ah, os puffs são charme do local), pelos bancos e, pasmem, nada aconteceu. Uma criança recolheu um deles, folheou admirada e logo deixou no mesmo lugar, os “donos” daquele lugar nem isso. Alguns sentavam à beira do banco para não machucar o livro, os demais seres viventes nem isso. Por fim, não sabemos que fim levaram os livros ali deixados.

          Então senhoras e senhoras, não é falta de livros que fazem um bom ou mal leitor, mas sim, a falta de interesse dos (muitos) leitores que passaram pela semana inteira da 17ª Feira do Livro de São Luís.

José Neres, participou da 17a.Felis

 

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Tonho LinsHá 3 semanas BHLinda. As limitações para leitura é grande porque a distribuição livros também é incipiente até nas áreas rurais e periféricas, limitando o acesso físico; e altos índices de analfabetismo funcional fazem com que mesmo aqueles que sabem ler tenham dificuldades em compreender textos complexos, desestimulando a leitura continuada.
Florêncio Duarte. Diretor de Escola Pública e enojado com tudo isso.Há 3 semanas ParaíbaSó a sua coragem para que a gente possa discurtir um assunto tão sério como esse. Valeu professora Lida.
João de DeusHá 3 semanas MossoróAmanhã todos nós, professores, alunos e cidadãos vamos pagar o preço alto por esse descaso.
Juciléia Azevêdo de SouzaHá 3 semanas Araraquara, Município em São PauloCaríssima mestra e amiga. sei das dificuldades que o país todo enfrenta. Não é só São Luís. O descaso pela leitura é tão evidente que a banquinha de revistas que tinha aqui em frente a minha casa fechou. Nela, só se vende agora cigarros, balas, salgadinhos e cachaça. Veja a que ponto chegamos. Ninguém não lê mais nem revistinha da Mônica.
Professora Maria da Santíssima LimaHá 3 semanas Teresópolis RJProfessora Linda. eu sou sua colega aqui em Teresópolis. A situação é a mesma. Parece que o Mundo virou de cabeça para baixo após a pandamia e os rumos políticos que o País tomou após 1 de janeiro daquele fatídido ano. Mas isso não interessa. O que importa é a sua luta para que seus alunos leiam mais. Isso é que importa. Parabéns por essa luta e por seu texto. Só agora li porque não tenho dinheiro para pagar uma internet em casa. Só quando estou na escola.
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