(Riba Um)
À medida que o tempo passa, a população mundial aumenta, cresce a renda das classes médias e as embarcações se modernizam, o impacto é direto na quantidade de peixes recolhidos pelos pescadores de qualquer parte do planeta terra. O fenômeno conhecido como sobrepesca, que é a captura excessiva de determinadas espécies de peixes, vem assustando os pioneiros - homens que com suas mulheres rendeiras, pelos idos de 1940, fundaram o hoje município de Raposa.
Em todos os países a prática é comum, com exceção da Nova Zelândia e Estados Unidos, onde medidas são tomadas sistematicamente para combater a "sobrepesca". Piorando a situação por aqui, tem o lixo jogado no mar, o aquecimento do oceano Atlântico e a falta de informacao, que é um agravante. A pesca de sardinha é cação, por exemplo, tem implicações no ecossistema e as consequências são os barcos voltarem praticamente vazios.
Para se ter uma ideia do desequilíbrio entre a demanda e a procura por alimentos vindos dos mares, em 2008 foram pescados 79 milhões de toneladas e a demanda foi de mais de 130 milhões. A tendência é que em 2030 (daqui a seis anos) a população mundial precise de 154 milhões de pescados, com a falta deles só aumentando.
Nesse oceano de dúvidas, uma boa notícia é que o bilionário americano Michael Bloomger, ex-prefeito de Nova Iorque, profundo amante e conhecedor da vida nos mares, fez uma doacao de 53 milhões de dólares para combater a "sobrepesca" e parte dessa montanha de dinheiro (mais de meio bilhão de reais, sem a correcão) foi destinada a ações da ONG Rare, que atua no litoral brasileiro, Maranhão incluído. Mas aonde estão os tais "lideres" e dirigentes da colônia de Pescadores da Zona 53, que nunca correram atrás?
Oceanos Vibrantes, o nome do programa, tem por objetivos promover mudança de postura dos pescadores - profissionais ou amadores - de modo a aumentar a população de Peixes nas Filipinas, no Chile e aqui no Brasil. Nosso país foi escolhido por viver mergulhado numa incoerência: apesar da extensa costa, com 8.500 quilômetros, os mares brasileiros são pobres em peixes. Para ficar mais compreensível, enquanto aqui a produção anual de pescados fica próxima de 1 milhão de toneladas, no Peru, que tem população quase oito vezes menor que a brasileira, a safra passa dos 8 milhões de toneladas. E aqui no Brasil, a economia pesqueira envolve e sustente mais de 6 milhões de pessoas.
Na Raposa, a vida pulsa de acordo com as mares e os raposenses tem que rumar para Santa Catarina em busca de um futuro melhor.
No Brasil, e aqui na Raposa, as famílias que sobrevivem da pesca, precisam recorrer a outras fontes de renda. Sabem, por experiência diária, que hoje há menos peixes no mar que na época de seus avós. Este é um dos grandes desafios para transformar o município de Raposa num celeiro de fartura: educar, organizar e fomentar a atividade pesqueira.
À PROPÓSITO: 30 anos de descaso
Desde ontem (09.11.2024) foram iniciadas as comemorações das três décadas de emancipação da Raposa. Seria momento de refletir sobre o atraso que faz deste "municipio" um com os mais baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do país e do planeta. Embora localizada no território da Ilha de São Luís, ficando a poucos quilômetros da capital, a Raposa anda para trás.
Um dos sintomas do descaso é a fuga sistemática de raposenses para o estado de Santa Catarina, a procura de um lugar ao sol. Tendo como tripé econômico a pesca, o turismo e o artesanato feito em renda de bilros, o povo padece com a ambição de uns poucos, que usam a política como trampolim vergonhoso de enriquecimento ilícito.
O turismo se mantém graças à força do empreendedorismo, fomentado pelos operadores de São Luis. A pesca não possui nenhum programa de incentivo e preservacao ambiental e a renda (marca maior dos cearenses que aqui aportaram na década de 1940) está desaparecendo gradativamente.
A infraestrutura - saneamento básico, saúde, educação, segurança e demais equipamentos urbanos são maquiados periodicamente e, principalmente, às vésperas dos pleitos que "renovam" os quadros de gestores e legisladores. Na espiritualidade, o número 30 significa evolução, busca de equilíbrio e a necessidade de aprender com as experiências vividas (e sofridas).
No Tarot, 30 representa a Lua, que tem a ver com os sonhos e a intuição. Já na Bíblia Sagrada, 30 é a idade em que Jesus Cristo deu início a sua jornada, o que se traduz em maturidade e prontidão para o cumprimento de qualquer missão.
Que tudo isso se junte e faça nascer na coletividade raposense a certeza de que o futuro pode chegar por aqui, farto e prospero.
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