Prof. Dr. Claudio Pavão Santana, professor universitário, analista jurídico, advogado e premiado escritor, com várias livros de Direito publicados.
EM QUE NATAL?
Em que Natal eu perdi meu papai Noel?
Em que momento meu sonho infantil foi interrompido e partiu meu coração?
Quando meu imaginário foi destroçado?
Quando deixei de escrever cartinhas?
Ah! Se eu soubesse que minha despedida seria mais dolorida ao ver meus pais partirem, talvez eu não tivesse reclamado do adeus ao papai Noel.
Se eu soubesse das angústias e dificuldades para me verem sorrir; se acaso supusesse a aflição dos meus pais em não me decepcionar talvez eu tivesse me comportado.
Mas, como? Não poderia. Era a criança que vivia as ilusões com que alguns não ousam sonhar. Não poderia, porque “todo menino é um rei” e eu tinha todo um reino a explorar.
Mas cresci, fui papai Noel, fiz esforços para não decepcionar e, hoje, constato que perdemos o papai Noel que partiu com a meninice, mas aos poucos a dor passou.
Hoje, já na velhice irremediável, assisto os netos e vejo crianças me trazerem o tempo de volta para relembrar Natais, reviver ansiedades embora o despertar seja sem embrulhos ao lado da cama.
A vida adulta me deu presentes, levou meu papai Noel, mas me recompensou ao me deixar memórias, filhos, netos, amigos e glórias.
Já não lembro o Natal exato em que perdi papai Noel. Talvez eu, órfão de mim mesmo, tenha sido a ilusão perdida.
Hoje daria qualquer brinquedo da minha vida para ter um instante que fosse com meu papai Noel e dizer-lhe, certamente aos prantos, que sou grato por tudo. Lembraria meu trem amarelo, meu soldadinho de chumbo, minha bola, enfim, lembraria de muita coisa. Mas o presente maior seria reencontrar meus pais para dizer-lhes com gratidão eterna: vocês foram meu maior presente porque até a eternidade eu terei motivos para me orgulhar dos pais que tive no Natal eterno de nossas vidas.
Em que Natal eu perdi papai Noel já não lembro, mas descobri com a vida que ao ler cada texto no Natal, como era missão de filho, eu encontrava no Evangelho a razão única do Natal.
Desbotado pelo tempo já não consigo lembrar quando perdi meu papai Noel, mas minha recompensa permanece viva porque pode haver até Natal sem papai Noel, mas jamais haverá Natal sem Jesus Cristo, nosso Salvador.
Que seja um Natal de paz e bênçãos a todos.