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Sobre o livro “Ina A Violação do Sagrado”, de Mhario LIncoln

Resenha de Joizacawpy Costa, da Academia Poética Brasileira.

Mhario Lincoln
Por: Mhario Lincoln Fonte: Joizacawpy Costa
05/01/2025 às 10h11 Atualizada em 05/01/2025 às 11h18
Sobre o livro “Ina A Violação do Sagrado”, de Mhario LIncoln
Joizacawpy Costa, resenha do livro INA A VIOLAÇÃO DO SAGRADO

"Não consigo comparar Mhario Lincoln nesta obra com nenhum outro escritor que conheço, ele trouxe para nós sua própria essência misturada com a competência de anos de estudos e pesquisas. Com certeza este é um nome que o Maranhão deve guardar como grande representante de nossa literatura".

 

Joizacawpy Costa

 

O que dizer de Ina a Violação do Sagrado, de Mhario Lincoln? Difícil será explicitar a magnitude dessa obra, um trabalho de pesquisa e investigação minuciosa para captar todos os detalhes ocorrido no naufrágio do navio coreano ‘Hyundai New World’, em mares maranhenses.

 

A narrativa traz em seu bojo todo o acontecimento daquele fatídico naufrágio, sem deixar de lado, nem com menos valor, o Sagrado, que nesse contexto, se propaga na religiosidade ligada às figuras de cunho religioso. Vale ressaltar que esse detalhe vem de crença de matriz africana, porém para alguns apenas lenda, mas o fato é que muitas coisas aconteceram na tentativa de resgate do HNW e muitas delas a ciência, a engenharia e a técnica não conseguiram explicações.

 

O livro traz um pouco da história de São Luís e seus aspectos sociais, como por exemplo, a visão de empresários e ativistas ambientais em favor da natureza, destaque para Nascimento Morais Filho, um incessante nome em favor da natureza e sua preservação. Traz ainda aspectos da política econômica e a importância de nossa localização para a importação e exportação de produtos que atingiriam diretamente o setor econômico trazendo perspectiva de progresso econômico e social.

 

Mhario narra os fatos não só com clareza, mas também nos envolve no ar mágico das crenças pois o navio havia afundado segundo histórias, bem em cima do castelo de Ina, princesa das águas filha de Dom Sebastião. E, segundo relatos históricos, uma festa deveria ser feita para homenagear a princesa das águas de nove em nove anos, esse prazo havia esgotado.

 

É nesse entrelaçar de fatos concretos, estudos técnicos e o desconhecido Sagrado que se dá o diferencial desta obra, tornando a leitura prazerosa mesmo diante de um fato que envolve muitas questões técnicas, políticas e sociais, é como se o autor extraísse do cerne de um assunto tão sério a magia que envolve a boa escrita.

 

Ilustração original do livro (INA).

Apesar de encontramos ao longo dessa narrativa termos técnicos, entrevistas objetivas e todo o aparato que exige uma missão de resgate de um navio desse porte, principalmente considerando as condições adversas da natureza, o autor nos prende a leitura de um jeito sutil típico do seu Modo de escrever. Mhario Lincoln garimpa ideias que vão mexer com o leitor, principalmente com a curiosidade.

 

Nas considerações finais Mhario traz de forma surpreendente, mais uma pincelada de sua magnífica pena, a literatura maranhense ao citar um trecho de Cais da Sagração de Josué Montello.

 

"... Mesmo agora, ainda arquejante da crise que se desfaz, mestre Severino não pode sofrer dentro de si, vendo o barco avançar como um cavalo na campina livre, a vaga nostalgia de seus combates no mar/-Bons tempos – reconhece o velho./ e ei-lo que começa a ver a sua direita o navio encantado de D. Sebastião com sua inconfundível luz e muitas cores. Por trás do navio a praia se espreguiça toda branca de luar – a faixa de areia rente às águas, a rocha escarpada que as vagas vagam com seu banho de espuma, as dunas alcantiladas fechando o horizonte(...) Ele ver realmente D. Sebastião no seu cavalo branco. Antes que o espanto do velho se atenue o ginete salta do convés para a praia num único impulso, e agora lá vai , lept, lept, no mesmo galope garboso , pela faixa de areia limpa que parece não ter fim...

 

Então o que há de incomum em Cais da Sagração e Ina a Violação do Sagrado? “ficção” X “realidade”? O mesmo mar? A mesma lenda?

 

Não consigo comparar Mhario Lincoln nesta obra com nenhum outro escritor que conheço, ele trouxe para nós sua própria essência misturada com a competência de anos de estudos e pesquisas. Com certeza este é um nome que o Maranhão deve guardar como grande representante de nossa literatura.

 

Eu diria que esse é um livro que vale a pena ser lido e relido para o engrandecimento de nossos conhecimentos e fortalecimento de nossa identidade e lugar de pertencimento.  

 

Joizacawpy

 

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Keila MartaHá 2 semanas São LuísÉ lindo de ver, uma bela obra sendo apresentada por quem sabe dizer o necessário para provocar e despertar o interesse dos leitores para o livro do Mhario. E a expertise do Mhario com a expressão escrita em geral e não sendo diferente com Joizacawpy nasce um belo artigo. Show! Parabéns!
Élle Marques Há 2 semanas Santa Inês MA Mhario Lincoln é único! A visão objetiva do jornalismo investigativo,.a experiência da escrita e a beleza da linguagem são bagagens que se harmonizam exemplarmente. Parabéns pelo texto que o e indicação. A obra deverá ser um clássico da literatura brasileira e em especial maranhense.
Jeanderson MafraHá 2 semanas São LuísTema muito oportuno por trazer à memória um pouco das narrações de nossa terra. Lembrei da minha avó, que descende de Cururupu, próximo à Ilha dos Lençóis e que, claro, sempre nos contava sobre Dom Sebastião e como a esperança de seu retorno é uma promessa de esperança para o catolicismo brasileiro e português. Hoje esta aura mística (e por que não dizer sagrada?) se desvaneceu um pouco devido à morte das narrativas da terra, mas a podemos resgatar, pois é a nossa identidade. Parabéns, Joiza!
L.P.MRosaHá 2 semanas São Luis MaO mnhario lincoln é multifacetado. escreve, compõe, é poeta. Guardo uma frase que mudou a minha vida, após uma separação dolorida me senti muito humilhada, a ponto de pensar muita besteira. ai um dia li uma frase dele que dizia: "nada aprisiona a essência...' e aí uma força me invadiu a alma e hoje estou muito bem e com a certeza de que fizesse aquele ato de rebeldia não saberia dizer o futuro que eu vivo hoje. agradeço a ml tudo isso.
Amanda AmorimHá 2 semanas São Luís/MA Que interessante. Adorei ler a matéria e lembrar das histórias nascidas em nosso Maranhão.
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