Joizacawpy Costa, colunista do Facetubes
Ariano Suassuna é sem dúvida um dos maiores patrimônios literários do Brasil. Dono de um fazer escrito e falado Genuinamente seu que transpõe a separação do que se considera literatura apurada e literatura popular, sim o grande Ariano dono de uma inteligência única e de uma criatividade inigualável agradava a todos do doutor letrado e estudado ao homem simples do campo.
Eu diria que o auto da Compadecida 2 deve ter sido desafiador para aqueles que produziram, uma responsabilidade sem tamanho manter os traços de Suassuna numa obra tão importante. Então, deram conta do recado, lá estava o bom humor de Ariano sua maestria em brincar com as palavras em contextos significativos como questões políticas tendo base na velha política de uma época remota, mas que ainda respinga nos dias atuais.
A crítica social de um poder que algumas vezes brinca com a necessidade do povo, o analfabetismo que é um atraso social, e tantas outras questões que estão impregnadas em cada cena e em cada trecho de fala.
Bom, mas o que de fato importa é a qualidade da obra, o riscado do grande escritor, dono de uma espontaneidade que transbordava em seus trabalhos, as obras desse inigualável autor se misturavam a seu diálogo cotidiano natural o que acredito eu torná-lo além de autêntico um exímio artesão das palavras.
No auto da Compadecida dois coube a Chicó e João Grilo sustentarem a continuidade da história, tendo como João o centro da narrativa uma vez que este volta dos mortos.
Outro aspecto importantíssimo são as cenas do julgamento divino que não perderam a essência primeira as falas de João Grilo e os argumentos incontestáveis de Maria.
Genialmente o filme finda exaltando a literatura de cordel um patrimônio literário brasileiro nascido do cerne popular, e acessível a mão do povo para se alimentar de literatura que não é monopólio somente dos letrados.
É válido refletir que as produções audiovisuais também são recursos de leitura, embora se tenha um aparato de recursos que eu diria facilitar a leitura, mas é preciso mergulhar no que se vê e no que se ouve afim de entender o enredo e suas mensagens. Assim como a leitura de um livro exige do leitor uma interpretação, os filmes, as fotografias as pinturas, as músicas também fazem essa exigência, um exercício de visão de mundo que não se encerra em algo pronto e acabado, tanto leitor quanto expectador são participes no ato de interpretar, e a leitura só é leitura quando há entendimento, seja ela escrita, ou produzida com outros recursos artísticos.
O Auto da Compadecida 2 é baseado em obras de Ariano Suassuna roteiro e produção assinado por Guel Arraes, João Falcão, Adriana Falcão e Jorge Furtado.