Nova lei repensa uso do celular em sala de aula e estimula novas abordagens pedagógicas
A recente Lei nº 4.932/2024, que limita o uso de celulares em escolas públicas e particulares no Brasil, tem provocado debates intensos sobre a integração de tecnologia e aprendizagem. De um lado, os educadores defendem que a medida pode aumentar a concentração dos alunos; do outro, há quem questione se a proibição vai inibir métodos de ensino mais inovadores.
Para o professor Renato Brito, pesquisador-chefe do projeto Escolas Inovadoras no Distrito Federal, a nova norma tem potencial para reposicionar a maneira como a tecnologia é usada no ambiente escolar. Ele ressalta a possibilidade de utilizar aplicativos, plataformas digitais e recursos audiovisuais de forma planejada, estimulando a curiosidade e o pensamento crítico dos alunos. “A chave é orientar os estudantes a usar a tecnologia como um meio, não como um fim. Com foco, o aprendizado ativo pode ser enriquecido, evitando a distração”, argumenta.
Críticos, contudo, alertam para possíveis prejuízos na inclusão digital. De acordo com um relatório da Unesco publicado em 2023, a separação pura e simples do celular em sala de aula pode desestimular práticas pedagógicas híbridas, que combinam o presencial com plataformas online. O documento aponta a necessidade de equilibrar proibições e liberdades para não deixar alunos sem contato com ferramentas tecnológicas cada vez mais presentes no cotidiano profissional.
Apesar das divergências, o professor Brito vê na lei uma oportunidade de fortalecer metodologias que fogem do uso passivo dos aparelhos. “Estratégias como a aprendizagem baseada em projetos, laboratórios criativos e ensino por investigação devem conquistar ainda mais espaço. Em vez de buscar respostas prontas no celular, os estudantes podem ser estimulados a criar maquetes, desenvolver experimentos científicos e buscar soluções para problemas reais da comunidade”, sugere o pesquisador.
Ele acredita também que a restrição pode gerar um salto qualitativo no processo educacional, desde que seja acompanhado de práticas criativas e colaborativas. “Ao priorizar métodos ativos e participativos, formamos uma geração de estudantes mais engajada e alinhada com os desafios do mundo real. Essa lei não é apenas uma proibição, mas um ponto de partida para compensar o uso da tecnologia no aprendizado”, afirma Brito.
Os especialistas concordam que as escolas devem assumir papel fundamental na implementação das novas regras, incentivando a inovação pedagógica e ampliando o diálogo com famílias e estudantes. A expectativa é de que esse modelo incentive uma educação mais conectada às demandas da sociedade contemporânea, ao mesmo tempo em que promova habilidades essenciais para o século XXI, como trabalho em equipe e criatividade.