Joizecawpy Costa, colunista do Facetubes e membro da Academia Poética Brasileira.
O Coletivo de Escritores Maranhenses promoveu seu primeiro Concurso de Poesia em uma noite esplendorosa na Galeria Trapiche, premiando seus finalistas. Numa atmosfera regada a poesia falada e poesia cantada os integrantes do C.E.M deram um baile de literatura e cultura. O Coletivo tem apenas dois anos de fundação, mas desponta com uma força tremenda no cenário literário maranhense arrebanhado de poetas dos mais diversos estilos e perfis. Honrando seu propósito de fomentar e valorizar a literatura, esta confraria deu vida a seu primeiro concurso.
Quero destacar a atuação da presidente Ray Brandão que tem conduzido o grupo de forma muito harmônica primando pela democracia nesse espaço de construção cultural, juntamente a ela uma diretoria sempre disposta a auxiliar em todas as empreitadas e o Coletivo como um todo numa simetria fraternal, construindo juntos uma história de muito valor.
Na abertura, disse a presidente Ray Brandão: "O Coletivo de Escritores Maranhenses tem um imenso prazer em realizar esta cerimônia de premiação do seu primeiro Concurso de Poesia, com o tema “Cem maneiras de falar de amor”, que tem como objetivo principal dar visibilidade e reconhecimento a seus escritores e suas escritoras. Um concurso literário naturalmente nos estimula à criatividade e à imaginação, fomenta reflexões, análises e debates, além disso, promove a literatura e fortalece a comunidade literária, que sabemos bem o quanto é desmerecida diante de outras expressões artísticas. E como todos somos cientes que o objetivo maior do CEM é evidenciar e reconhecer seus escritores, então, não tem nada mais acertado que promover um concurso literário. E este é apenas o primeiro de inúmeros que virão. A diretoria do Coletivo decidiu que nossos concursos serão realizados de 2 em 2 anos, portanto preparem-se para 2027". (Ray Brandão, presidente do C.E.M)
Foram finalistas a poeta Alaíde Elory, Anderson Júnior e Maura Luza Frazão, o primeiro lugar foi para a poeta Maura Luza Frazão com o poema “O Despertar da Africanidade”, ela explodiu de emoção ao receber o resultado, Maura cativou os jurados ao expressar em versos uma história que é sua, e como bem disse em suas palavras uma história sendo reconstruída tendo uma grande atenção a sua ancestralidade, a qual a mesma vem redescobrindo a cada dia e percebendo em todas as suas nuances a importância de sua história e de tantos outros iguais a si, eu diria que no poema ela evoca sua ancestralidade de modo a dar voz a todo seu povo descendente de raízes afro.
O DESPERTAR DA AFRICANIDADE
A melanina em mim pulsa Grita!
Despertada ao badalar das horas tardias
Nasci novamente
Em realidade supostamente desconhecida
Na verdade, renasci!
Agora meus versos carregam
Reminiscências, lamentos, dores
Resquícios da escravidão
Histórias de luta, resistência
São meus ancestrais
Sacudindo meus alicerces tão bem camuflados.
Sinto na pele as dores, sofrimentos
Dos meus irmãos e irmãs
Aprisionados, açoitados, marginalizados
Despojados das suas crenças, dignidades
Agonizando à margem das decisões
Que lhe roubaram suas verdades.
Ouço o som dos tambores
Reverberando em minhas veias
Me contando histórias
De um passado ancestral
Delineando as mazelas sofridas
Desde a pátria mãe
Até o destino incerto, cabal.
Urge o momento de me apropriar
Da minha história
Legados dos meus antepassados
Relegados ao apagamento de suas memórias
Guerreira da resistência, empoderada sou
Minha missão literária
É o meu legado de amor.
Maura Luza Frazão. São Luís – MA/Brasil.
VÍDEO-BÔNUS
MAURA FRAZÃO, A VENCEDORA DO PREMIO CEM/2025