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“ChatGPT, GPS, IA e seu modo de uso”, de RENATA BARCELLOS (BarcellArtes)

Renata Barcellos é convidada da Plataforma do Facetubes.

Mhario Lincoln
Por: Mhario Lincoln Fonte: Renata Barcellos
06/02/2025 às 16h12
“ChatGPT, GPS, IA e seu modo de uso”, de RENATA BARCELLOS (BarcellArtes)
arte: MHL/GINAi

POR RENATA BARCELLOS (BarcellArtes)

Há algum tempo, refleto sobre o uso do ChatGPT, da IA e do GPS (sigla em inglês para Sistema de Posicionamento Global), no caso deste último devido ao uso do Taxi Rio e do Uber. Trata-se de um sistema de localização que se utiliza de uma rede de 24 satélites artificiais para captar dados e fornecer informações a respeito da posição de qualquer ponto na superfície terrestre por meio da latitude e da longitude. Isto é, das coordenadas geográficas. Nesse período, sempre soube de exemplos de mau uso (da minha parte ou de (des)conhecidos). Em novembro de 2024, em São João Del Rey, solicitei um Uber, à noite, no endereço do destino, ainda quando entrei, informei ser a rua mais antiga da cidade e... cheguei a outro lado da cidade, considerado perigoso. Já, esta semana, solicitei uma corrida de Copacabana à rodoviária. Se estava indo com dois idosos e bagagem só poderia ser o setor de embarque. Quando chegando lá ele se dirigiu ao desembarque e... Fora esses e outros casos pessoais, lamentavelmente, existem os noticiados pelos telejornais e ou redes sociais sobre o mau uso do GPS por motoristas como o acesso à “toca do lobo” e o fim trágico nas comunidades.                                                                                                           

 Diante desse cenário e enquanto pesquisadora, a pergunta que me faço: em tempos de proibição de celular em sala de aula, quais são as consequências do GPS, CHAGPT, IA...? Essas ferramentas foram criadas pelo HOMEM para auxiliá-lo e JAMAIS para substitui-lo!!! Precisa dominá-las e não ser submisso a elas. Como um motorista não sabe o básico sobre um itinerário? No caso do Rio de Janeiro, uma corrida de Copacabana à rodoviária Novo Rio. Elas devem ser ferramentas de suporte, apoio. São ponto de partida jamais de chegada. Que tal usar a sua inteligência, sua memória? Ainda não pagamos imposto sob isso.         

GPS passou a ser a “cabeça do condutor” e não um mero recurso de consulta quando necessário. Assim mesmo, deve-se pesquisar, verificar se o resultado está correto. Antes se dizia “quem tem boca vai a Roma”, hoje, utiliza-se este sistema. E, por consequência, cada vez menos, as pessoas recorrem à memória. Por exemplo: guardar trajeto, número de celular... Isso não existe mais? De acordo com estatísticas, no Brasil, o número de incidentes por causa de motorista ter entrado por engano em comunidades só aumenta. Triste realidade!                                                                                                                

Para onde a humanidade está se encaminhando? Já estamos na era da “idiotização” ou da “embecialização” do homem como muitos vêm alertando? Ao longo dos tempos, diversos autores já refletiram sobre a temática. No campo da música, na década de 80, o grupo de Rock Titãs já proferia “A televisão me deixou burro, muito burro demais Agora todas coisas que eu penso me parecem iguais […]”. Em 2010, o escritor norte-americano Nicholas Carr esteve no Brasil e discorreu sobre “Os superficiais, o que a internet tem feito com nossos cérebros”. Já, na atualidade, dentre outras obras, “Algoritmia do Caos”~, de E. E-KAN, aborda as profundas transformações e crises enfrentadas pela sociedade contemporânea em meio ao avanço tecnológico, com ênfase na idiotização em massa promovida pelas redes sociais e o impacto da inteligência artificial (IA) na vida humana. O autor discute a desumanização progressiva ocorrida através do uso manipulador de algoritmos. Estes têm o poder de intensificar comportamentos negativos e fomentar uma sociedade cada vez mais violenta, controlada e alienada. Trata-se de um alerta sobre a criação de uma “Humanidade Zero”, um conceito que descreve o esvaziamento moral, espiritual e mental das pessoas, resultando em uma sociedade dominada pelo consumismo desenfreado e pela busca incessante por poder e controle..                                                                                                   

A questão não é banir o uso dessas ferramentas. E, sim, de se fazer o seu bom uso para pesquisa, consulta mas, sempre, verificando as informações recebidas. Esses dias, no seu perfil no Facebook, Aldo Bizzocchi (linguista, semioticista, autor de livros, professor da USP...) declarou que um leitor pediu ao ChatGPT para escrever uma matéria crítica sobre a sua obra. E o resultado foi... No dia seguinte, Aldo postou “Ontem postei um artigo sobre uma biografia maluca que o ChatGPT produziu sobre mim como artista plástico que nunca fui”. Dessa forma, o que se constata é a não confiabilidade e, por consequência, a necessidade de verificação da autenticidade das informações. Para IA, seria um linguista um artista plástico?                                                                                                                           

Esses fatos nos remetem à obra “Tecnologias da Inteligência”, de Pierre Lévy. Para o pesquisador, não importa quantos dispositivos tecnológicos são disponibilizados, o importante é educar as pessoas para o seu uso. A partir dessa perspectiva, é preciso que a tecnologia esteja a serviço de projetos educacionais e pedagógicos qualificados, ampliando as possibilidades de construção de conhecimento para todos. Mas quando até o professor utiliza o ChatGPT (como produto pronto) para elaboração de atividades, avaliações...?                                                                                                                                

E continuo me perguntando: a pessoa tira a carteira de habilitação e não sabe percorrer um trajeto? Se não tiver conexão, ele não fará nem o “básico”? Se passarem dias sem internet, como será? Não vai trabalhar?  Segundo o professor e pesquisador Peter Becker (da Universidade George Mason, em Virgínia, nos USA) pode haver um “apocalipse da internet” entre 2024 a 2028. De acordo com o Centro de Previsão do Clima Espacial da NOAA, o Ciclo Solar 25 prevê tempestade solar em meados de 2025. A última vez que ocorreu com a mesma intensidade prevista atingiu a Terra em 1859. O episódio ficou conhecido como “Evento Carrington”. Esse derrubou o sistema de telégrafos, operadores foram eletrocutados... Uma tragédia!                                                                                                                   

Caro condutor, ao tirar a carteira de habilitação, estude o mapa da região onde percorrerá. Ao menos as rotas básicas, memorize! E devido à extrema violência, na atualidade, informe-se onde há os “locais de conflito”. Estude caminhos mais seguros! Não seja um dependente das ferramentas tecnológicas. “Se for dirigir, procure saber o trajeto!”. O passageiro agradece. E não podemos esquecer: há as pessoas com deficiência. E se for um visual e estiver sozinho? Utilizamos o serviço por necessidade, contamos com a segurança! Por um bom uso do ChatGPT, do GPS, da IA e do celular em sala de aula! Abaixo à proibição!!! Diga sim ao uso consciente das diversas ferramentas!!!                                                      

 

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Luiz Otávio OlianiHá 1 mês Rio de JaneiroExcelente texto da professora e pesquisadora RENATA BARCELLOS no qual a lucidez e a inteligência caminham, lado a lado, com o olhar crítico sobre como devemos lidar com a tecnologia. É uma verdadeira aula!
JaimeHá 1 mês BSB/DFUm tema muito apropriado para o momento.
Sidnei Manoel FerreiraHá 1 mês São José/SCÓtimo e necessário texto da Renata.
Ray Brandão Há 1 mês São Luís Maranhão Considero essa discussão de extrema necessidade. Os usuários de Uber agradecem!
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