Francisco Baia
eu me rendo,
ponho as mãos
pra algemas dos
teus afãs.
Posto-me diante de ti, e
elevo os olhos
em direção aos continentes
e alcanço contente toda
a trajetória da inglória,
glória que passastes.
Mulher guerreira,
decidida, forte na
chegada, altiva na
partida.
Mulher das armas,
das flores, do grito
abafado, dos açoites
das noites escuras das
casas das dores.
Mulher de mãos mágicas,
de palavras dóceis, de toques
milagrosos, sensíveis aos que
postos estão às margens
da vida, párias.
Mulher de fé,
do canto requebrado,
do bailado, da magia,
da beleza guardada dentro
de si, verdadeira poesia.
Mulher flor, ora
rosa, ora cravo, uma
simbiose do ódio
e do amor.
Mulher de muitos,
de um só, que leva
consigo toda a maledicência,
da essência da teia construída
do nada.
Oh! Divina mulher
osculo os teus pés, e,
posto-me entre teu
segredo e sem medo
me declaro teu escravo
por inteiro, e sabes que
nessa reverência minha,
são: minh'alma, meu coração,
minha intenção de amar-te,
meu sentimento verdadeiro.
Abraço-te mulher:
musa, ninfa, liberta,
aprisionada, frágil,
forte, vestida, desnuda,
portentosa, formosa,
esquelética, desabrigada,
rica, pobre, amada, mal amada ...
és assim, saída de mim,
desencontrada de nós,
mas, serás sempre a sós,
a minha mulher querida,
sobre ou sob nossos lençóis.
Aceite meu abraço,
sem cansaço, nem
embaraço, apertar
com respeito e ardor,
fortemente teu peito, de mãe,
companheira, amante, amiga, amor!
Venha sim, seja de onde
for, de onde vier,
pois serás sempre por toda eternidade,
princesa, rainha, mulher,
símbolo maior do amor!